Ao longo da história, a expressão em latim “Divide et impera”, que significa “dividir para governar”, tem sido associada a uma das estratégias mais antigas de manutenção de poder. A ideia central é simples: manter grupos separados, em conflito ou desorganizados, facilita o controle por parte de quem ocupa a posição de comando, seja em contextos políticos, militares, econômicos ou mesmo no ambiente de trabalho, especialmente em sociedades marcadas por alta complexidade social e informacional.
O que significa “Divide et impera” e como essa estratégia funciona na prática
A expressão “Divide et impera” descreve uma política em que quem detém o poder promove ou aproveita rivalidades, desconfianças e fragmentações entre aqueles que poderiam, em conjunto, questionar sua autoridade. Na prática, isso pode ocorrer por meio de privilégios seletivos, disseminação de boatos, criação de barreiras entre grupos ou incentivo à competição constante.
Em termos gerais, a lógica é impedir que um grupo se reconheça como unido. Ao dificultar a cooperação, reduz-se a capacidade de organização coletiva e, consequentemente, de contestação. Assim, a expressão também se tornou sinônimo de estratégia de enfraquecimento interno, muito utilizada em negociações de poder, disputas territoriais e na administração de grandes instituições públicas e privadas.
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Como “dividir para governar” foi usado em Roma e em outros impérios
Na Roma Antiga, a política de divisão para governar aparecia na forma de alianças diferenciadas com povos conquistados, concessão de direitos a alguns grupos e restrições a outros. Esse método criava uma hierarquia entre aliados, cidades e províncias, reduzindo a possibilidade de uma rebelião unificada contra o centro do Império e mantendo Roma como árbitro e autoridade máxima.
Outros impérios também recorreram a táticas semelhantes, sobretudo em processos de colonização. Era comum favorecer determinados grupos étnicos, religiosos ou regionais em detrimento de outros, escolhendo aliados internos para facilitar o controle do território. Abaixo estão algumas formas clássicas de aplicar esse método de forma sistemática:
- Favorecimento seletivo: concessão de cargos, benefícios ou autonomia a grupos específicos.
- Fragmentação administrativa: divisão de territórios em unidades menores, com líderes locais dependentes do poder central.
- Controle da informação: manipulação de narrativas para reforçar desconfianças entre comunidades.
De que formas “Divide et impera” ainda aparece na política contemporânea
No cenário político atual, a ideia de dividir para governar continua presente, embora de forma mais sutil e adaptada aos meios de comunicação de massa e digitais. Em muitos casos, a fragmentação aparece no uso de discursos que reforçam polarizações ideológicas, disputas regionais ou diferenças de classe, raça e religião, consolidando bases fiéis e enfraquecendo adversários.
Ferramentas digitais e redes sociais abriram espaço para novas formas de aplicar essa estratégia, como a segmentação de mensagens e a circulação de desinformação. O incentivo a conflitos em ambientes on-line pode criar um clima de antagonismo permanente, em que a cooperação entre grupos se torna mais difícil, favorecendo quem controla os canais de comunicação e as narrativas públicas.
- Identificação de divisões pré-existentes na sociedade.
- Exploração dessas divisões em discursos e campanhas.
- Reforço de identidades de grupo em oposição a “inimigos” comuns.
- Uso de crises e conflitos para justificar maior centralização de poder.

Como a lógica de “dividir para governar” se manifesta no dia a dia
A estratégia associada a “Divide et impera” não se limita a grandes impérios ou governos nacionais. Em empresas, por exemplo, a competição excessiva entre equipes ou departamentos pode funcionar como um mecanismo de controle. Quando grupos internos disputam reconhecimento, orçamento ou metas de maneira intensa, a direção central encontra menos resistência organizada a suas decisões.
No ambiente social, essa lógica pode surgir em associações, partidos, sindicatos e até em comunidades locais. A criação de facções internas, a rotulagem de certos membros como “rivais” e o incentivo à desconfiança entre segmentos da mesma organização dificultam a construção de projetos coletivos, reforçando a posição de quem atua como mediador ou dirigente e controla regras e recursos.
- Ambiente corporativo: metas que colocam equipes em constante confronto podem impedir ações conjuntas.
- Organizações sociais: divergências acentuadas sem espaço para diálogo favorecem lideranças que controlam as regras do jogo.
- Esfera midiática: cobertura focada em conflitos permanentes contribui para percepções de divisão contínua.
Como reconhecer e lidar com estratégias de divisão na sociedade
O reconhecimento da lógica de dividir para governar costuma começar pela observação de padrões de conflito recorrente entre grupos que, em teoria, teriam interesses próximos. Quando a desconfiança é alimentada de forma constante e parece impedir qualquer tentativa de cooperação, é sinal de que há benefício para alguém em manter esse cenário fragmentado e pouco transparente.
Algumas medidas podem ajudar a reduzir o impacto desse tipo de estratégia, como transparência informacional, incentivo ao diálogo entre grupos diferentes e criação de espaços de participação coletiva. A educação para o pensamento crítico também é essencial para que indivíduos e comunidades identifiquem quando divisões estão sendo estimuladas de forma intencional e passem a buscar soluções cooperativas.
- Mapear interesses comuns entre grupos aparentemente opostos.
- Verificar a origem de informações que estimulam conflito.
- Priorizar canais de comunicação diretos, evitando intermediários interessados na discórdia.
- Fortalecer práticas de cooperação e projetos conjuntos.
Ao entender o significado histórico e contemporâneo de “Divide et impera”, torna-se mais fácil perceber como essa estratégia atravessou séculos e continua presente em diferentes estruturas de poder. A análise cuidadosa de conflitos, alianças e narrativas públicas ajuda a identificar quando a divisão é consequência de divergências reais e quando se trata de um método calculado de governo e controle social.








