Na efervescente Buenos Aires, capital da Argentina, a arte não está apenas nas ruas, museus e teatros — ela também serve como moeda de troca para viver. Em alguns bairros criativos da cidade, moradores participam de projetos culturais que permitem pagar parte (ou todo) o aluguel com arte, performances ou oficinas, transformando o cotidiano em um grande ateliê colaborativo.
É uma iniciativa que une acesso à moradia, incentivo à cultura e regeneração urbana criativa, especialmente em zonas antes degradadas.
Como funciona o pagamento de aluguel com arte?
Em bairros como La Boca e Barracas, com forte tradição artística, surgiram programas alternativos em que:
- Moradores podem ocupar ateliês, casas coletivas ou estúdios culturais em troca de produções artísticas.
- Os “pagamentos” podem ser feitos por meio de murais, exposições, shows, oficinas, aulas ou intervenções urbanas.
- As iniciativas são apoiadas por organizações culturais, ONGs, artistas locais e até pelo governo municipal.
- Os espaços são muitas vezes compartilhados por coletivos, onde a arte cria laços e sustenta o ambiente.
Essa proposta não só valoriza a arte como instrumento social e econômico, mas também promove a inclusão de artistas emergentes em áreas centrais da cidade.

Por que Buenos Aires adotou esse modelo?
A cidade enfrenta, como muitas metrópoles latino-americanas, desafios como:
- Aumento no custo de vida e da moradia
- Desvalorização de bairros históricos
- Desequilíbrio entre produção cultural e acesso a espaços urbanos
Transformar imóveis subutilizados em residências culturais ativas permitiu:
- Revitalizar regiões urbanas de forma sustentável
- Estimular o turismo criativo e a economia local
- Criar comunidades de troca e apoio artístico
- Democratizar o acesso à moradia para artistas independentes
Curiosidades sobre Buenos Aires e sua economia criativa
- A cidade é considerada a capital cultural da América Latina, com mais teatros que Nova York.
- O bairro de San Telmo tem feiras de arte onde parte do lucro vai para programas sociais.
- Murais pagos com hospedagem já viraram cartão-postal da cidade.
- Muitos edifícios antigos foram reabilitados por meio de arte urbana e habitação criativa.
- A prática inspirou projetos semelhantes em cidades como Valparaíso, Lisboa e Medellín.
Buenos Aires mostra que a arte pode ser muito mais do que expressão — pode ser moeda, moradia e ferramenta de transformação social, onde criar é, literalmente, viver.










