O eritritol, um adoçante cada vez mais presente em alimentos industrializados e bebidas de baixa caloria, tem chamado a atenção da comunidade científica devido a possíveis impactos negativos sobre a saúde vascular cerebral. Utilizado amplamente por pessoas que buscam alternativas ao açúcar tradicional, o eritritol é valorizado por seu sabor adocicado e baixo valor calórico, além de não elevar significativamente a glicemia. No entanto, pesquisas recentes sugerem que seu consumo pode estar associado a alterações celulares preocupantes nos vasos sanguíneos do cérebro.
Estudos laboratoriais realizados em 2025 por pesquisadores da Universidade do Colorado Boulder investigaram como o eritritol afeta células endoteliais de microvasos cerebrais humanos. Os resultados apontaram para um aumento do estresse oxidativo e alterações em mecanismos essenciais para a saúde vascular, levantando questionamentos sobre a segurança do uso frequente desse adoçante, especialmente entre indivíduos com fatores de risco cardiovascular.
Como o eritritol age nas células dos vasos sanguíneos cerebrais?
O eritritol, além de ser ingerido por meio da alimentação, também é produzido naturalmente pelo organismo a partir de açúcares como glicose e frutose. Sua presença no sangue pode variar conforme a dieta e o metabolismo individual. No estudo citado, células endoteliais cerebrais foram expostas a concentrações de eritritol equivalentes às encontradas após o consumo de uma bebida adoçada com esse composto.
Os experimentos revelaram que a exposição ao eritritol elevou em cerca de 75% os níveis de espécies reativas de oxigênio, indicando aumento do estresse oxidativo. Além disso, houve elevação dos marcadores de defesa antioxidante, como a superóxido dismutase-1 (SOD-1) e a catalase, sugerindo uma resposta celular ao aumento do estresse.
Quais mecanismos celulares são afetados pelo eritritol?
Entre os efeitos observados, destaca-se a redução de aproximadamente 20% na produção de óxido nítrico, uma molécula fundamental para a dilatação dos vasos sanguíneos e a manutenção do fluxo cerebral adequado. Embora a quantidade total da enzima responsável pela síntese de óxido nítrico (eNOS) não tenha mudado, houve diminuição da sua forma ativa e aumento da forma inibida, prejudicando a função vasodilatadora.
Outro ponto relevante foi o aumento da produção de peptídeos vasoconstritores, como a endotelina-1, e a diminuição da capacidade de dissolver coágulos, evidenciada pela redução da liberação do ativador do plasminogênio tecidual (t-PA) após estímulo. Essas alterações podem contribuir para um ambiente mais propenso à formação de trombos e à restrição do fluxo sanguíneo cerebral.

O consumo de eritritol pode aumentar o risco de AVC?
Pesquisas epidemiológicas recentes encontraram associação entre níveis elevados de eritritol no sangue e maior incidência de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Esses achados foram observados em diferentes populações, mesmo após o ajuste para fatores de risco conhecidos, como hipertensão e diabetes.
Apesar das evidências laboratoriais e epidemiológicas, ainda não está estabelecido um vínculo causal direto entre o consumo de eritritol e o aumento do risco de AVC em humanos. Os estudos disponíveis até o momento foram realizados em condições controladas de laboratório e em análises populacionais, sendo necessários ensaios clínicos de longo prazo para esclarecer o impacto real do adoçante na saúde cerebral.
Quais cuidados devem ser considerados ao consumir eritritol?
Diante das descobertas recentes, especialistas recomendam cautela no uso frequente de adoçantes como o eritritol, especialmente por pessoas com histórico de doenças cardiovasculares ou fatores de risco para AVC. Embora o eritritol seja considerado seguro por órgãos reguladores, o surgimento de novos dados científicos reforça a importância de acompanhar as pesquisas e discutir o consumo desses produtos com profissionais de saúde.
- Evitar o consumo excessivo de produtos industrializados com adoçantes artificiais.
- Priorizar uma alimentação baseada em alimentos naturais e minimamente processados.
- Consultar um nutricionista ou médico antes de adotar dietas restritivas ou substituir o açúcar por adoçantes.
O tema segue em investigação, e a comunidade científica continua buscando respostas sobre os efeitos de longo prazo do eritritol na saúde vascular cerebral. Novos estudos clínicos poderão trazer mais clareza sobre os riscos e benefícios desse adoçante popular, contribuindo para escolhas alimentares mais informadas.







