O asma é uma condição respiratória crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizando-se por episódios de falta de ar, chiado no peito e sensação de aperto no tórax. Segundo dados recentes, aproximadamente 339 milhões de indivíduos convivem com a doença globalmente, sendo que, nos Estados Unidos, a média diária de mortes relacionadas ao asma permanece significativa. Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento e agravamento desse quadro, incluindo predisposição genética, exposição a alérgenos e, mais recentemente, fatores ligados ao ambiente de trabalho.
Estudos realizados ao longo dos últimos anos têm buscado compreender como diferentes condições laborais podem influenciar a saúde respiratória. Uma das descobertas mais recentes aponta para uma possível relação entre o trabalho em turnos noturnos e o aumento do risco de asma, especialmente entre mulheres. Essa associação levanta questões importantes sobre a necessidade de políticas de saúde ocupacional mais eficazes e direcionadas.
Como o trabalho em turnos noturnos pode impactar o risco de asma?
O trabalho em turnos, especialmente durante a noite, pode causar alterações significativas no ritmo biológico do corpo, conhecido como relógio circadiano. Essa desregulação pode afetar o funcionamento de diversos sistemas, incluindo o imunológico e o respiratório. Pesquisas recentes analisaram dados de mais de 270 mil trabalhadores no Reino Unido, observando que mulheres que atuam em turnos noturnos apresentam uma probabilidade maior de desenvolver asma moderada ou grave em comparação com aquelas que trabalham apenas durante o dia.
Os dados sugerem que a exposição prolongada a horários irregulares e a frequência de turnos noturnos podem aumentar ainda mais esse risco. Entre as mulheres, o risco de desenvolver formas mais graves da doença pode ser até 50% maior em comparação com trabalhadoras diurnas. Essa tendência, no entanto, não foi observada entre os homens, indicando possíveis diferenças biológicas ou de exposição ocupacional entre os sexos.
Por que o risco de asma é maior em mulheres que trabalham à noite?
Os motivos para a maior prevalência de asma entre mulheres que trabalham em turnos noturnos ainda não estão totalmente esclarecidos. Uma das hipóteses levantadas pelos pesquisadores envolve a influência dos hormônios sexuais femininos, como o estrogênio e a progesterona, que podem ser afetados pela alteração do ciclo circadiano. Além disso, níveis mais baixos de testosterona, que é considerada protetora contra o asma, podem contribuir para o aumento do risco entre as mulheres.
Outro fator relevante é o tipo de atividade desempenhada durante o turno noturno, que pode variar entre homens e mulheres, influenciando a exposição a agentes irritantes ou alérgenos. Também foi observado que mulheres na pós-menopausa que não utilizam terapia de reposição hormonal apresentam risco ainda mais elevado, sugerindo que o tratamento hormonal pode ter um papel protetor.

Quais são as recomendações para mulheres que trabalham em turnos noturnos?
Considerando os achados das pesquisas, é importante que empregadores e profissionais de saúde estejam atentos ao risco aumentado de asma entre mulheres que trabalham à noite. Algumas recomendações podem ser úteis para reduzir esse risco:
- Monitoramento regular da saúde respiratória para detecção precoce de sintomas.
- Adoção de medidas para minimizar a exposição a alérgenos e irritantes no ambiente de trabalho.
- Avaliação do uso de terapia hormonal em mulheres na pós-menopausa, sempre sob orientação médica.
- Promoção de pausas e ambientes adequados para descanso durante o turno noturno.
Além dessas medidas, novas pesquisas são necessárias para entender melhor a relação entre turnos noturnos e o desenvolvimento de doenças respiratórias, buscando estratégias que possam proteger a saúde das trabalhadoras.
O que os estudos indicam sobre prevenção e próximos passos?
Os dados disponíveis até 2025 indicam que o trabalho em turnos noturnos pode ser considerado um fator de risco para o desenvolvimento de asma em mulheres, especialmente naquelas que permanecem por longos períodos nessa rotina. O acompanhamento médico regular e a adoção de políticas de saúde ocupacional específicas podem ajudar a mitigar esse risco.
À medida que mais mulheres ingressam em profissões que exigem trabalho noturno, torna-se fundamental aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos biológicos envolvidos e desenvolver orientações personalizadas. O entendimento dessas relações pode contribuir não apenas para a prevenção do asma, mas também para a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros para todos.









