Falar sozinho é um comportamento frequentemente observado em pessoas de diferentes faixas etárias, especialmente entre idosos após os 65 anos. Essa prática costuma despertar dúvidas e preocupações entre familiares, que muitas vezes se perguntam se ela está relacionada a sinais de declínio mental. No entanto, conversar consigo mesmo pode ter diversas motivações e, na maioria das situações, não é indicativo de problemas psicológicos graves.
Entre os mais velhos, é comum ver manifestações desse tipo tanto no ambiente doméstico quanto em espaços públicos. Muitos idosos verbalizam pensamentos enquanto realizam tarefas do cotidiano ou até mesmo ao interagir com animais de estimação. Esse hábito pode estar ligado à necessidade de auto-organização, ao enfrentamento da solidão ou à simples manutenção de uma rotina diária estruturada. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o fenômeno é observado em parques, praças e lares de idosos, onde a interação social pode ser reduzida.
Por que pessoas idosas falam sozinhas?
A psicologia aponta diferentes razões para a tendência de conversar consigo mesmo na terceira idade. Uma das explicações mais frequentes está associada ao isolamento, já que muitos idosos vivenciam uma diminuição das interações sociais. Nesses casos, a fala pode servir como uma estratégia para lidar com a ausência de diálogo.
Além disso, falar sozinho contribui para a memorização de tarefas, organização dos pensamentos e até expressão das emoções. O ato de pronunciar ideias em voz alta facilita a recordação de compromissos, como tomar medicamentos ou lembrar detalhes do cotidiano. Em experiências acompanhadas por profissionais como o psicólogo José Fernandes, observa-se que, para alguns, é também uma forma de encontrar segurança nas decisões e expressar sentimentos reprimidos.
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Falar sozinho aos 65 anos é sinal de doença?
Muitos se perguntam se o ato de conversar consigo mesmo em voz alta pode ser um indicativo de doenças cognitivas ou transtornos mentais. Contudo, especialistas destacam que essa conduta, por si só, não representa um sinal inequívoco de demência ou Alzheimer. O que deve ser observado é a presença de outros sintomas associados, como conversas com interlocutores inexistentes, respostas a vozes imaginárias ou alteração repentina de comportamento.
- Conversas profundas com figuras imaginárias
- Respostas a vozes que não estão presentes
- Discursos incoerentes ou mudanças bruscas de personalidade
- Aumento de ansiedade ou queixas constantes
Esses sinais, especialmente se surgirem acompanhados do hábito de falar sozinho, podem indicar a necessidade de avaliação profissional para descartar eventuais distúrbios neurológicos. A observação do contexto e da frequência é fundamental para compreender se o comportamento está dentro da normalidade ou se exige atenção. Segundo a neurologista Maria Helena Prado, o acompanhamento precoce pode ajudar a identificar possíveis transtornos e assegurar um envelhecimento mais saudável em regiões como Belo Horizonte ou Curitiba.

Quais os possíveis benefícios dessa prática segundo a psicologia?
A psicologia reconhece que, em muitos casos, falar sozinho pode trazer vantagens para o bem-estar dos idosos. Trata-se de um recurso útil para estimular funções cognitivas, organizar pensamentos e construir uma rotina mais autônoma. Em situações de ansiedade ou indecisão, verbalizar ideias pode facilitar o autocontrole emocional, servindo como método de autorregulação.
- Auxílio na memorização de tarefas diárias
- Organização de pensamentos e tomada de decisão
- Redução do impacto da solidão e fortalecimento da identidade
- Promoção do equilíbrio emocional ao expressar sentimentos
Vale destacar que, para a maioria dos idosos, conversar consigo mesmo não implica nenhum risco, desde que não esteja associado a alterações comportamentais graves. Ao contrário, pode ser visto como uma estratégia saudável para lidar com os desafios e transformações que acompanham o envelhecimento. De acordo com estudos realizados pela Universidade de Brasília, esse hábito pode inclusive melhorar a autoestima e a clareza nas decisões cotidianas.
Caso o hábito de falar sozinho venha acompanhado de sintomas preocupantes, como mudanças de humor ou perdas abruptas de memória, recomenda-se procurar orientação de um profissional da saúde. Nessas situações, uma abordagem interdisciplinar pode contribuir para garantir a qualidade de vida e o apoio necessários ao idoso, segundo recomendações da geriatra Clara Souza.








