Durante voos comerciais, é comum observar comportamentos específicos por parte dos comissários de bordo, que muitas vezes passam despercebidos aos passageiros menos atentos. Um desses gestos peculiares ocorre antes da decolagem: os comissários se posicionam de forma peculiar em seus assentos, mantendo as costas eretas, as pernas juntas e as mãos colocadas sob as coxas. Este ato não é uma simples questão de conforto ou um hábito trivial; trata-se de uma posição de segurança meticulosamente desenvolvida para protegê-los e permitir ação rápida em situações de emergência. A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), no caso do Brasil, recomenda rigidamente tais posturas baseando-se nas práticas globais recomendadas pela International Civil Aviation Organization (ICAO).
Por que os comissários adotam essa postura peculiar?
A prática de colocar as mãos sob as coxas tem uma finalidade clara e essencial: minimizar o risco de lesões em caso de choque ou turbulência. Com as mãos firmemente sob as coxas e os cotovelos próximos ao corpo, os comissários limitam o movimento brusco dos braços, promovendo maior estabilidade. Assim, conseguem se manter preparados para se levantar e agir rapidamente, caso necessário. Esse procedimento está detalhado nos manuais de segurança de companhias aéreas como a LATAM Airlines e a Air France, entre outras, refletindo práticas adotadas em diferentes partes do mundo.
Qual a importância da revisão silenciosa?
Além da postura física, os comissários participam do que é conhecido como “silent review”, ou revisão silenciosa, durante momentos críticos do voo, como decolagem, pouso e turbulências severas. Esse procedimento consiste em revisar mentalmente protocolos de segurança, localização de equipamentos de emergência e as ações a serem tomadas em diversos cenários de risco. Essa prática é crucial para assegurar que estejam com o foco total na segurança dos passageiros. A revisão silenciosa também é citada em manuais da European Union Aviation Safety Agency (EASA) e da Federal Aviation Administration (FAA), reforçando a importância global deste hábito.

Como essa rotina pode variar entre companhias aéreas?
É interessante notar que, embora o procedimento básico seja padronizado, há variações conforme a companhia aérea e o modelo da aeronave. Em aviões com assentos orientados para trás, o ângulo ideal para posicionamento do corpo e dos pés pode mudar ligeiramente, mas o objetivo principal permanece: maximizar a proteção física enquanto mantêm a capacidade de resposta. Algumas empresas, como a Qatar Airways, incluem adaptações específicas para aeronaves como o Boeing 787 Dreamliner em seus treinamentos, sempre buscando o aprimoramento dessas rotinas.
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Quais são as implicações dessa prática na formação dos comissários?
A formação dos comissários de bordo envolve intensa preparação para situações de emergência, destacando o aspecto de segurança como prioridade máxima. Este treinamento não é apenas sobre servir aos passageiros; envolve um comprometimento profundo com o bem-estar de todos a bordo. Apesar de muitas vezes subestimados pelos passageiros, esses profissionais são treinados para lidar com uma ampla gama de emergências, refletindo um alto grau de responsabilidade e profissionalismo. Países como o Estados Unidos e o Reino Unido possuem centros de treinamento avançado, incluindo simulações em companhias renomadas como a Emirates e a Delta Air Lines.
Com o avanço constante em protocolos de segurança e designs de aeronaves, o papel dos comissários de bordo continua a evoluir. Contudo, a essência de seu treinamento — focada na segurança — permanece um componente vital de suas funções, garantindo que todos os passageiros se sintam seguras durante suas viagens. Esta postura, que pode passar despercebida, reflete a complexidade e a importância do papel dos comissários de bordo, combinando preparação técnica e atenção plena em todos os momentos cruciais do voo.










