Durante muitos anos, Vênus foi considerada uma vizinha planetária estática e inóspita, com sua superfície coberta por nuvens densas e temperaturas extremas. No entanto, estudos recentes têm mostrado que o planeta ainda apresenta sinais de atividade geológica, contrariando a antiga ideia de que seria um mundo completamente “morto” do ponto de vista geológico. Essas descobertas estão mudando a forma como a ciência compreende a evolução dos planetas rochosos do Sistema Solar.
Dados obtidos por missões espaciais, especialmente pela sonda Magellan da NASA, têm sido fundamentais para revelar detalhes sobre a superfície venusiana. O uso de radar permitiu mapear quase toda a crosta do planeta, identificando formações circulares gigantes e estruturas que sugerem processos internos em andamento. O interesse pela geologia de Vênus aumentou ainda mais com a preparação de novas missões, como a VERITAS, prevista para a próxima década.
O que revela a atividade geológica em Vênus?
A principal palavra-chave deste tema é atividade geológica em Vênus. Pesquisadores identificaram mais de 70 grandes estruturas circulares, conhecidas como coronae, que são resultado de movimentos intensos no interior do planeta. Essas formações indicam que o calor interno de Vênus ainda é capaz de deformar sua crosta, mesmo sem a presença de placas tectônicas como ocorre na Terra.
Além das coronae, foram observados sinais de vulcanismo recente. Um exemplo marcante foi a detecção de mudanças em um respiradouro vulcânico próximo ao monte Maat, cuja abertura aumentou significativamente em poucos meses. Isso sugere que o magma ainda sobe à superfície, provocando alterações visíveis em curto período de tempo.
Como os dados da missão Magellan mudaram a visão sobre Vênus?
Entre 1990 e 1994, a missão Magellan utilizou radar para mapear 98% da superfície venusiana, fornecendo imagens detalhadas que permitiram identificar padrões de deformação e possíveis áreas de atividade vulcânica. Análises recentes desses dados, com técnicas mais avançadas, mostraram que várias regiões do planeta continuam a sofrer mudanças.
- Coronae: Estruturas circulares associadas a plumas do manto.
- Vulcões ativos: Indícios de erupções recentes em diferentes pontos do planeta.
- Deformações crustais: Áreas onde a crosta se flexiona devido ao calor interno.
Essas descobertas desafiam a ideia de que Vênus seria um planeta sem qualquer atividade interna, mostrando que processos geológicos continuam a moldar sua superfície até hoje.

Quais são as perspectivas para futuras explorações de Vênus?
Com o lançamento previsto da missão VERITAS em 2031, espera-se obter mapas de gravidade e imagens de radar com resolução muito superior às disponíveis atualmente. Essa missão tem como objetivo principal analisar com mais precisão as variações na crosta e identificar áreas de vulcanismo ativo, além de investigar como o calor do interior do planeta influencia sua superfície.
- Mapeamento detalhado da superfície usando radar de abertura sintética.
- Análise de variações gravitacionais para detectar movimentos internos.
- Monitoramento de possíveis mudanças em vulcões e coronae.
Essas informações serão essenciais para entender como Vênus evoluiu ao longo do tempo e como sua atividade geológica pode ter influenciado seu clima e atmosfera.
O que a atividade geológica de Vênus pode ensinar sobre a Terra?
Estudar a atividade geológica em Vênus oferece uma oportunidade única para comparar processos que também ocorreram na Terra primitiva. Como ambos os planetas têm tamanhos e composições semelhantes, compreender as diferenças em suas evoluções pode ajudar a explicar por que a Terra se tornou habitável enquanto Vênus se transformou em um ambiente extremo.
Além disso, a análise das plumas do manto e do vulcanismo venusiano pode fornecer pistas sobre a formação de atmosferas e a dinâmica interna de planetas rochosos, inclusive aqueles fora do Sistema Solar. Isso amplia o conhecimento sobre a habitabilidade planetária e os fatores que tornam um planeta propício ou não ao desenvolvimento de vida.
À medida que novas missões e tecnologias avançam, o entendimento sobre a atividade geológica em Vênus tende a se aprofundar, trazendo respostas para antigas perguntas e levantando novos desafios para a ciência planetária.










