A recente pesquisa publicada na Geophysical Research Letters propõe novas perspectivas sobre uma intrigante anomalia terrestre: um enorme “buraco de gravidade” sob o Oceano Índico. Essa ocorrência, conhecida como “Baixa Geoidal do Oceano Índico” (IOGL, na sigla em inglês), tem desafiado a compreensão científica por muitos anos. Essa anomalia provoca um mergulho de 106 metros na superfície oceânica, sendo um local onde a gravidade se manifesta com menor intensidade. Próximos passos na exploração do tema indicam que processos de convecção mantélica, que vêm ocorrendo há cerca de 140 milhões de anos, poderiam elucidar esse mistério gravitacional.
A superfície do nosso planeta, embora pareça lisa vista do espaço, esconde uma intrincada estrutura. As variações gravitacionais terrestres, exemplificadas pela IOGL, expõem essa heterogeneidade massiva abaixo da superfície. Conhecidas como anomalias geoides, essas variações são responsáveis por mudanças no nível do mar e na gravidade em diferentes regiões do planeta. A IOGL, tendo a menor anomalia gravitacional na Terra, apresenta um grande desafio para os cientistas, que têm buscado explicações convincentes para sua origem.
O Papel da Superpluma Africana na Anomalia IOGL
Um dos aspectos mais fascinantes dessa nova pesquisa é a influência da superpluma africana. Trata-se de uma vasta região de ascensão de material quente das profundezas do manto terrestre. Este estudo propõe que a IOGL está diretamente associada à superpluma, com materiais mais leves e quentes saindo das profundezas sob o Oceano Índico. Esses materiais, provenientes de distâncias que variam de 300 a 900 quilômetros abaixo do fundo do oceano, criam um déficit de massa no manto, resultando na enfraquecida gravidade superficial observada.

Como os Movimentos Tectônicos Moldearam a Anomalia?
A formação do IOGL está intimamente ligada à história tectônica do Oceano Índico. Cerca de 140 milhões de anos atrás, a Índia estava separada da Ásia por um vasto oceano. À medida que a Índia se deslocava para o norte ao longo de milhões de anos, as placas oceânicas sob ela começaram a afundar no manto. Este processo de subducção, aliado às plumas mantélicas ascendentes da superpluma africana, moldou gradualmente a paisagem geológica da região e levou à formação da IOGL.
Novo Entendimento sobre a Evolução do Manto Terrestre
Os achados do estudo sugerem que as mudanças tectônicas causadas pelo fechamento do antigo Oceano de Tétis, juntamente com as forças dinâmicas da superpluma africana, desempenharam um papel crucial na formação dessa anomalia gravitacional única. Simulações utilizadas na pesquisa monitoram a atividade mantélica ao longo de milhões de anos, revelando como os movimentos das placas e a convecção do manto influenciaram na formação do IOGL.
Conforme os cientistas continuam a investigar as forças atuantes sob o Oceano Índico, essa nova pesquisa aprimora o entendimento sobre como o manto terrestre evolui com o tempo. Compreender esses processos profundos ajuda a elucidar de que maneira essas dinâmicas afetam a gravidade e as características superficiais do planeta.
- A IOGL representa a menor anomalia gravitacional da Terra.
- A superpluma africana é vital para compreender essa anomalia.
- Subducção e convecção do manto são peças do quebra-cabeça IOGL.







