O jejum prolongado sempre despertou curiosidade e controvérsia. Enquanto algumas tradições o veem como prática espiritual, a ciência observa seus efeitos fisiológicos com cautela. Passar sete dias sem comer representa um desafio extremo ao organismo, que precisa rapidamente encontrar novas formas de obter energia, preservar funções vitais e evitar danos irreversíveis. A partir do terceiro dia, mudanças profundas começam a ocorrer — e entender esse processo é essencial para reconhecer os riscos.
O que acontece no corpo nas primeiras 48 horas?
Nas primeiras horas sem comida, o corpo utiliza a glicose presente no sangue. Quando esse estoque acaba, o organismo passa a consumir o glicogênio armazenado no fígado e nos músculos, mecanismo natural para garantir energia constante.
Entre o primeiro e o segundo dia, o glicogênio se esgota e o metabolismo começa a mudar. A sensação de fome se intensifica, mas o corpo inicia um ajuste para economizar energia, reduzindo levemente o gasto metabólico.

O que muda a partir do terceiro dia de jejum?
É a partir do terceiro dia que transformações mais profundas começam. Com o glicogênio esgotado, o corpo passa a quebrar gordura para produzir corpos cetônicos, substâncias que servem como combustível alternativo para o cérebro.
Essa mudança metabólica provoca efeitos como:
- redução do apetite pela ação dos corpos cetônicos;
- aumento da clareza mental em algumas pessoas;
- maior sensação de fadiga física;
- alteração no hálito, devido à presença de cetonas.
Embora o corpo se adapte, o jejum prolongado coloca sistemas vitais sob forte estresse.
Quais são os riscos entre o terceiro e o quinto dia?
Ao avançar para o quarto e quinto dia sem comer, o organismo depende quase exclusivamente da gordura como fonte de energia. Com a reserva de gordura diminuindo, o corpo começa a quebrar proteínas musculares, processo chamado de catabolismo.
Isso pode provocar:
- perda muscular acelerada;
- fraqueza generalizada;
- redução do desempenho cognitivo;
- queda da pressão arterial e tonturas;
- comprometimento do sistema imunológico.
O corpo tenta se preservar, mas a falta de nutrientes essenciais cria um ambiente propício para danos celulares.
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O que acontece entre o quinto e o sétimo dia?
À medida que a semana de jejum se aproxima do fim, os efeitos se intensificam. A quebra de proteínas aumenta e passa a afetar não só músculos, mas também tecidos vitais, já que o corpo busca manter órgãos fundamentais funcionando.
Nessa etapa podem surgir:
- dificuldade de concentração;
- irritabilidade e alterações de humor;
- arritmias cardíacas em casos extremos;
- maior risco de desidratação e desequilíbrio eletrolítico;
- queda brusca do metabolismo.
O cérebro continua utilizando corpos cetônicos, mas a falta de micronutrientes compromete processos neurológicos e hormonais importantes.

O jejum de sete dias é seguro?
Para a maioria das pessoas, não. O jejum total por longos períodos é considerado de alto risco, especialmente sem supervisão médica. A perda rápida de massa muscular, a queda nos níveis de eletrólitos e o estresse cardiovascular podem levar a complicações graves.
Especialistas alertam que jejum de múltiplos dias só deve ser realizado em ambientes clínicos controlados, com hidratação adequada, acompanhamento metabólico e monitoramento cardíaco.
O que essa transformação revela sobre o corpo humano?
O período de sete dias sem comer mostra a capacidade extraordinária do organismo de se adaptar. O corpo ativa mecanismos de sobrevivência complexos, alternando fontes de energia e ajustando processos metabólicos para preservar funções vitais.
Mas essa adaptação tem limites — e ultrapassá-los pode causar danos duradouros. Entender essas fases é essencial para diferenciar práticas seguras de restrição alimentar de situações que colocam a saúde em risco.
O corpo humano é resistente, mas não infalível. E quando o assunto é jejum extremo, informação e cautela são indispensáveis.










