Será que bebês conseguem lembrar do momento do nascimento? Essa é uma questão que há muito tempo intriga pais, psicólogos e cientistas. Embora a maioria de nós não tenha nenhuma lembrança dos primeiros anos de vida, algumas pessoas afirmam ter memórias muito precoces — até mesmo do parto. Neste artigo, vamos explorar o que diz a ciência sobre memórias infantis, porque não lembramos do nascimento e o que há de verdadeiro nas alegações de quem garante ter vivido essa experiência conscientemente.
A memória dos primeiros anos de vida dos bebês
A maioria das pessoas não consegue lembrar de eventos que ocorreram antes dos 3 anos de idade. Esse fenômeno é conhecido como amnésia infantil e está ligado ao desenvolvimento neurológico. O cérebro de um bebê ainda está em formação, e regiões fundamentais para a memória de longo prazo, como o hipocampo, não estão completamente desenvolvidas. Por isso, as memórias registradas nos primeiros meses dificilmente se consolidam.

Por que algumas pessoas afirmam lembrar do parto?
Há relatos de adultos que dizem se lembrar do momento do nascimento com detalhes visuais, sonoros ou sensações físicas. Porém, esses relatos são controversos. Muitos especialistas acreditam que essas memórias são, na verdade, reconstruções criadas com base em informações fornecidas por familiares ou influenciadas por sonhos e suposições. O cérebro pode preencher lacunas com elementos imaginativos, o que dá a impressão de que a lembrança é real.
O que diz a neurociência?
Estudos em neurociência indicam que memórias explícitas — aquelas que conseguimos verbalizar — só começam a se formar de maneira consistente por volta dos 3 a 5 anos de idade. Antes disso, predominam memórias implícitas, ligadas a sensações e emoções, que não são armazenadas de forma consciente. Ou seja, um bebê pode associar uma emoção ao toque da mãe, mas não lembrar do evento em si.
A influência emocional e sensorial
Apesar de não termos lembranças claras, os primeiros momentos de vida influenciam profundamente nosso desenvolvimento emocional. Experiências precoces ficam registradas de maneira não verbal e moldam nossas reações ao mundo. Cheiros, vozes e ritmos, por exemplo, podem evocar sensações de conforto ou medo, mesmo que não saibamos a origem dessas emoções.
Terapias que exploram essas memórias
Algumas abordagens terapêuticas, como a regressão ou certas vertentes da psicologia transpessoal, tentam acessar memórias pré-verbais. Embora esses métodos não sejam reconhecidos pela ciência tradicional, há quem relate efeitos positivos ao explorar esses conteúdos emocionais profundos. Ainda assim, é importante manter o senso crítico e entender que essas técnicas podem atuar mais no campo simbólico do que no factual.
A ideia de lembrar do nascimento pode parecer encantadora e até reveladora, mas a ciência mostra que memórias tão precoces provavelmente não são reais no sentido tradicional. Ainda assim, a influência dos primeiros dias — e até das primeiras horas — de vida é poderosa e duradoura. Explorar essa fase com carinho e consciência pode ser tão importante quanto qualquer lembrança. Afinal, o que nos molda nem sempre é o que conseguimos recordar.







