Em 2025, o pensamento do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han voltou a ganhar força ao discutir como o silêncio, o recolhimento e o “ficar em casa” se tornaram formas de resistência na era da hiperconexão. Para ele, em um mundo dominado pela produtividade contínua, exposição constante e excesso de estímulos, escolher o recolhimento é quase um gesto revolucionário, uma maneira de recuperar autenticidade, presença e profundidade.
Como funciona o recolhimento como forma de escapar da hiperconexão?
Han afirma que vivemos em uma sociedade marcada pelo desempenho, na qual tudo se transforma em conteúdo, meta ou comparação. Esse ritmo cria um estado permanente de exaustão psíquica, que ele chama de “fadiga da positividade”.
Nesse contexto, “ficar em casa” não é isolamento no sentido negativo, mas um movimento de proteção contra a dispersão contínua. Ao reduzir estímulos e se afastar do fluxo frenético das redes sociais, o indivíduo recupera a capacidade de atenção, algo cada vez mais raro.

Silêncio, tédio e pausa como práticas filosóficas
No pensamento de Byung-Chul Han, o silêncio e o tédio têm valor filosófico. Ele argumenta que ideias profundas não surgem no barulho, mas na pausa. A hiperatividade, segundo ele, impede o pensamento autêntico, que precisa de tempo, vazio e distância.
Ficar em casa, nesse sentido, possibilita recuperar o “espaço interior”, uma zona de reflexão que se perde quando tudo se torna urgente, visível e performático. É nessa pausa que o sujeito deixa de reagir automaticamente ao mundo e começa a agir com consciência, como aborda Marcus Bruzzo em seu TikTok:
A resistência está em não se deixar capturar pelo excesso
Para Han, a sociedade contemporânea explora não apenas o trabalho físico, mas também a atenção. Cada notificação, demanda ou feed compete por frações da nossa presença mental. Resistir significa recusar essa captura.
Ao ficar em casa, limitar estímulos e escolher o silêncio, o indivíduo se reapropria de si mesmo e se afasta da lógica da produtividade infinita. É um gesto político e existencial contra a pressão de estar sempre visível, conectado e útil.

Por que esse pensamento faz sentido em 2025?
Com a aceleração da vida digital, a busca por autenticidade se tornou urgente. Cada vez mais pessoas relatam ansiedade, fadiga e sensação de vazio, paradoxalmente acompanhadas de uma hiperexposição constante.
A visão de Han funciona como um alerta: o verdadeiro descanso e a verdadeira identidade não surgem do excesso, mas da escolha consciente de limitar o ruído. Ficar em casa, então, não é apenas isolamento, é um retorno ao essencial, um gesto de curadoria da própria vida.










