A Lua acompanha a humanidade desde as primeiras observações do céu, mas sua estrutura interna permaneceu durante décadas como um enigma científico. O interesse pelo satélite natural cresceu ainda mais com as missões tripuladas e robóticas, que permitiram medir sua gravidade, registrar abalos sísmicos e comparar sua composição com a da Terra.
O que é conhecido hoje sobre o núcleo da Lua
Pesquisas recentes, publicados na revista Nature, apontam que o núcleo lunar é formado por duas partes principais: uma camada externa líquida e uma região mais interna sólida, com densidade próxima à do ferro. Esse modelo lembra, em escala menor, a estrutura do núcleo da Terra, sugerindo uma origem comum em um grande impacto ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos.
Estima-se que o núcleo fluido tenha algumas centenas de quilômetros de raio, enquanto a porção sólida ocupa a região mais central, respondendo juntas por uma fração significativa do raio total do satélite. Novos estudos também sugerem a presença de elementos leves, como enxofre, misturados ao ferro, o que influencia a condutividade e o resfriamento do interior lunar.
Para aprofundarmos o tema, trouxemos o vídeo do perfil @banheiradeconhecimento:
@banheiradeconhecimento A lua tem um NÚCLEO assim como na terra?
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Como foi possível descobrir o interior da Lua
Para traçar o perfil do interior lunar, as equipes científicas recorreram a técnicas semelhantes às usadas para estudar o interior da Terra, adaptadas às limitações de dados disponíveis. Uma das principais fontes foram os sismômetros instalados pelos astronautas das missões Apolo, que registraram “lua-tremores” e impactos de meteoros, revelando mudanças de densidade entre as camadas.
Além disso, medições do campo gravitacional feitas por missões como GRAIL permitiram mapear pequenas variações de massa sob a superfície. Ao combinar gravidade, sismologia e mudanças sutis na órbita da Lua ao longo de décadas, pesquisadores alimentaram modelos numéricos capazes de testar diferentes estruturas internas e validar a existência de um núcleo sólido envolto por metal líquido.
Para organizar melhor os métodos usados pelos cientistas, é possível resumir as principais fontes de informação sobre o interior da Lua da seguinte forma:
- Dados sísmicos: mostram como as ondas se propagam pelas camadas internas.
- Medições gravitacionais: indicam como a massa está distribuída.
- Rastreamento orbital: revela pequenas deformações e oscilações do satélite.
Por que o núcleo da Lua e seu campo magnético são tão importantes
A existência de um núcleo lunar semelhante ao da Terra ajuda a explicar evidências de que a Lua já teve um campo magnético intenso em seus primeiros bilhões de anos. Esse campo teria sido gerado por um “dínamo” interno, resultado do movimento de materiais condutores no núcleo líquido ao redor da parte sólida, capaz de proteger temporariamente a superfície lunar de parte da radiação cósmica.
Entender quando e como esse campo surgiu e se extinguiu oferece pistas sobre a evolução térmica do satélite e sobre o ambiente em que se formaram as primeiras rochas lunares. Esses registros magnéticos preservados em minerais ajudam a reconstruir condições do sistema solar primitivo, e a comparação entre o núcleo terrestre e o lunar apoia o estudo de campos magnéticos de outros planetas e luas.
- Investigar o núcleo da Lua auxilia a entender sua formação após o impacto com um objeto do tamanho de Marte.
- O antigo campo magnético lunar fornece indícios das condições do sistema solar jovem.
- A comparação entre núcleo terrestre e lunar ajuda a estudar campos magnéticos de outros planetas e luas.

Qual é o papel do núcleo lunar no futuro da exploração espacial
O interesse pelo núcleo da Lua está ligado também aos planos de longo prazo de exploração. Conhecer com precisão a estrutura interna é fundamental para planejar bases de superfície, avaliar riscos sísmicos, entender como o satélite responde a marés geradas pela Terra e prever possíveis zonas mais estáveis para a instalação de infraestruturas permanentes.
Com o avanço de programas como Artemis e de missões de outros países, a expectativa é que novos instrumentos sejam colocados na superfície lunar. Redes modernas de sismômetros, sondas de perfuração e orbitadores com sensores mais sensíveis tendem a refinar ainda mais o modelo atual do interior da Lua, apoiando desde a pesquisa de recursos minerais e isótopos raros até o planejamento de viagens mais profundas pelo espaço.










