Os padrões geométricos formados por pequenos furos ou relevos, tão comuns em elementos simples como esponjas, favos de mel ou sementes, podem desencadear reações intensas em quem convive com a tripofobia. Essa condição ainda é pouco compreendida, mas já desperta interesse da comunidade científica, principalmente por envolver manifestações que vão além do medo tradicional — incluindo asco, desconforto e até náuseas em certos casos.
Apesar de não estar oficialmente reconhecida como um transtorno específico nos principais manuais de psiquiatria, como o DSM-5, a tripofobia tem atraído atenção significativa desde meados da década passada. Estudos recentes buscam compreender não apenas os sintomas, mas também as possíveis origens desse fenômeno, que pode afetar o comportamento diário e limitar a exposição do indivíduo a situações corriqueiras.
Como se manifesta a tripofobia?
O termo tripofobia descreve uma aversão intensa a agrupamentos de pequenos buracos ou padrões repetitivos, observados em objetos ou superfícies naturais e artificiais. A resposta mais comum entre os afetados é o desconforto imediato ao visualizar imagens desse tipo, seguido por sensações físicas variadas. Tais reações podem incluir aceleração dos batimentos cardíacos, coceira, tremores, suores e, em situações mais graves, episódios de pânico ou náusea.
É comum que o mal-estar apareça mesmo diante de imagens, o que evidencia que a resposta não depende da interação direta com o objeto real. Essa particularidade amplia o impacto do transtorno, principalmente com a circulação rápida de fotos e vídeos em redes sociais, que pode surpreender pessoas sensíveis sem aviso prévio. Alguns relatos apontam mudanças no cotidiano, como evitar determinados alimentos — morangos, queijos com furos ou chocolates aerados — ou até lugares decorados com padrões repetitivos.
O que a ciência já sabe sobre as causas da tripofobia?
A investigação sobre as causas da tripofobia ainda está em estágio inicial, mas algumas hipóteses evolutivas têm ganhado força. Pesquisadores sugerem que a aversão a padrões de buracos possa ser uma herança ancestral relacionada à autoproteção. Animais venenosos ou doenças infecciosas costumam apresentar padrões irregulares e perfurações, o que teria exigido dos nossos antepassados uma habilidade para identificar e evitar perigos.
- Padrões de coloração em animais peçonhentos
- Feridas ou inflamações cutâneas em humanos ou outros seres
- Plantas e fungos com áreas pontilhadas ou perfuradas
Essa associação inconsciente com risco potencial pode explicar por que muitas pessoas sentem repulsa instantânea ao ver imagens aparentemente inofensivas, mas que se assemelham visualmente ao perigo. Além disso, estudos recentes, como os conduzidos por especialistas da Universidade de Essex e publicados em 2013, demonstraram aumento da atividade cerebral na região responsável pelo processamento visual diante desses estímulos, acompanhada de aceleramento do ritmo cardíaco.

Tripofobia é realmente uma fobia?
Embora o termo traga o sufixo “fobia”, a tripofobia não corresponde aos critérios clássicos das fobias específicas, segundo os parâmetros psiquiátricos definidos até 2025. O principal motivo é que, enquanto as fobias reconhecidas se caracterizam por um medo persistente e paralisante, a tripofobia tende a envolver mais sensações de aversão e repugnância do que medo propriamente dito. Além disso, o comportamento de evitação é mais associado ao desconforto do que ao medo de uma ameaça real.
Atualmente, a tripofobia é entendida mais como uma reação exacerbada de ansiedade diante de padrões visuais específicos. Apesar da inexistência de consenso sobre sua classificação, o impacto sobre o bem-estar de quem sofre desse transtorno é reconhecido pela comunidade médica, justificando a busca por métodos de alívio e tratamentos adequados.
Como lidar com os sintomas da tripofobia?
Diante da ausência de tratamento padronizado, técnicas de manejo de ansiedade costumam ser sugeridas pelos especialistas. Estratégias como exercícios de respiração, mindfulness e relaxamento progressivo têm se mostrado úteis para amenizar os sintomas imediatos após a exposição a imagens ou objetos desencadeantes. Em casos graves, é possível recorrer a acompanhamento psicológico, com orientações baseadas em terapias de exposição controlada, que visam reduzir gradualmente a sensibilidade aos padrões incômodos.
- Identificar os principais gatilhos visuais
- Evitar exposições desnecessárias em redes sociais
- Buscar técnicas de relaxamento quando exposto
- Procurar orientação profissional, se necessário
Embora cada caso demande uma abordagem individualizada, informar-se sobre o tema e compreender que se trata de uma reação conhecida pode trazer alívio e encorajamento para buscar auxílio. Ainda que pesquisa e discussão sobre a tripofobia estejam em andamento, entender seus contornos já representa um importante passo para melhorar a qualidade de vida de quem convive com esse tipo singular de aversão visual.







