O filme Conclave, dirigido por Edward Berger, tem se tornado um dos longas mais comentados do cinema atual, especialmente após conquistar oito indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme. A produção estrelada por Ralph Fiennes e Stanley Tucci mergulha nos bastidores secretos da escolha de um novo Papa, criando uma atmosfera de suspense que mantém o público grudado na tela. O filme já arrecadou mais de 126 milhões de dólares mundialmente com um orçamento de apenas 20 milhões, provando que histórias bem contadas ainda encontram seu público.
Baseado no romance de Robert Harris de 2016, o filme ganhou ainda mais relevância após os eventos recentes na Igreja Católica. Edward Berger, conhecido pelo sucesso de Nada de Novo no Front, conseguiu transformar um processo aparentemente solene em um verdadeiro thriller político. A produção mostra como a busca pelo poder pode acontecer em qualquer lugar, seja no Vaticano ou em qualquer centro de decisão mundial.
Quem é Edward Berger e por que seu trabalho impressiona tanto?
Edward Berger é um diretor alemão que ganhou reconhecimento mundial após vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023 com Nada de Novo no Front. Nascido em 1970 na Baixa Saxônia, Berger estudou na NYU Tisch School of the Arts e construiu uma carreira sólida dirigindo tanto filmes quanto séries premiadas. O próprio diretor compara Conclave com Nada de Novo no Front, afirmando que “ambos são sobre uma guerra”, mostrando como diferentes conflitos podem ser retratados no cinema.
Berger explica que Conclave poderia se passar em qualquer lugar onde existe disputa pelo poder, seja em Washington D.C. ou Downing Street. Essa visão universal do filme é uma das razões pelas quais a produção tem conquistado audiências tão diversas ao redor do mundo. O diretor conseguiu criar uma obra que fala sobre ambição humana usando o Vaticano como cenário, mas com mensagens que transcendem qualquer instituição específica.
Como Ralph Fiennes e Stanley Tucci deram vida aos personagens?
Ralph Fiennes interpreta o Cardeal Thomas Lawrence, um líder do Colégio de Cardeais que precisa organizar todo o processo de escolha do novo Papa. A performance de Fiennes tem sido elogiada pela crítica como uma das melhores de sua carreira, e muitos o consideram forte candidato ao Oscar de Melhor Ator. O ator, que cresceu como católico mas hoje não pratica religião, trouxe uma complexidade única para o personagem.
Stanley Tucci brilha como Cardeal Aldo Bellini, um americano progressista que representa as mudanças que parte da Igreja deseja implementar. Curiosamente, o fracasso de Bellini em conquistar a eleição papal no filme foi inspirado nas experiências reais do Cardeal Carlo Maria Martini durante o conclave de 2005. Esse detalhe mostra como Berger e o roteirista Peter Straughan misturaram elementos históricos reais com a ficção de Harris.
O que torna Conclave diferente de outros filmes sobre religião?
Conclave se destaca pela sua abordagem cinematográfica inovadora, usando técnicas como zoom lento e enquadramentos em lentes de 27mm para criar intimidade sem perder o contexto. O compositor alemão Volker Bertelmann criou uma trilha sonora única usando instrumentos pouco convencionais como o Cristal Baschet, um cristalofone tocado com as mãos molhadas. Essa escolha musical adiciona uma camada de estranheza e tensão que diferencia o filme de outras produções sobre temas religiosos.
A produção foi filmada nos estúdios Cinecittà em Roma, onde foram construídas réplicas impressionantes da Capela Sistina e outros ambientes do Vaticano. Edward Berger optou por explorar contrastes visuais entre luz e escuridão, tradição e modernidade, criando uma estética que reflete os conflitos internos dos personagens. O filme consegue ser visualmente deslumbrante sem chamar atenção excessiva para os aspectos técnicos.
Por que Conclave gerou tanta polêmica e debates?
O filme tem enfrentado críticas de alguns setores da Igreja Católica por sua abordagem do processo papal e pelo final controverso que muitos consideram politicamente motivado. Críticos religiosos apontam que o filme apresenta visões rivais dentro da igreja de forma caricatural e que o baralho está inclinado a favor daqueles que defendem mudanças. Essa polêmica tem gerado discussões interessantes sobre como o cinema pode retratar instituições religiosas.
Por outro lado, especialistas em estudos católicos reconhecem que o filme captura bem a realidade política dos conclaves, que envolvem “construção cuidadosa de coalizões” entre os cardeais. Conclave levanta questões importantes sobre tradição versus modernidade, mostrando como até as instituições mais antigas enfrentam dilemas contemporâneos. Essa tensão entre diferentes perspectivas é exatamente o que torna o filme tão fascinante e relevante.
Qual o impacto de Conclave no cinema atual e nas premiações?
Conclave já conquistou importantes prêmios, incluindo quatro BAFTAs (empatando com The Brutalist), Globo de Ouro de Melhor Roteiro e SAG Award de melhor elenco. No Oscar 2025, o filme recebeu oito indicações e já conquistou a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado. Esses reconhecimentos mostram como a indústria cinematográfica tem valorizado filmes que combinam entretenimento inteligente com temas profundos.
Com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes e nota 79 no Metacritic, Conclave tem sido descrito como “uma dádiva de Deus para o público que anseia por entretenimento inteligente”. O sucesso do filme prova que existe espaço no cinema para produções que desafiam o público intelectualmente, sem abrir mão do suspense e da qualidade técnica. Conclave estabelece um novo padrão para filmes que abordam temas religiosos e políticos de forma sofisticada.
Curiosidades
- Edward Berger e o compositor Volker Bertelmann já trabalharam juntos cinco vezes, desenvolvendo uma parceria criativa única no cinema atual.
- Após eventos recentes no Vaticano, Conclave teve um aumento de 283% nas visualizações em plataformas de streaming.
- O filme incorpora polirritmos na trilha sonora para refletir as facções conflitantes entre os cardeais, uma técnica musical raramente usada no cinema.
- Edward Berger demonstrou interesse em trabalhar com Fernanda Torres após elogiar sua performance em Ainda Estou Aqui.
Conclave conseguiu transformar um processo aparentemente solene em um thriller político envolvente, provando que boas histórias podem vir de qualquer lugar. Edward Berger criou uma obra que funciona tanto como entretenimento quanto como reflexão sobre poder, fé e ambição humana.










