Muita gente não imagina, mas o Brasil já baniu vários filmes famosos. Durante a ditadura militar, que durou de 1964 a 1985, a censura era pesada. Os militares decidiam o que o povo podia ou não assistir. Não era só sobre cenas de violência ou sexo. Muitas vezes, filmes eram proibidos por motivos políticos.
A história da censura no cinema brasileiro é bem mais complexa do que parece. Alguns filmes ficaram décadas sem poder ser exibidos no país. Outros tiveram cenas cortadas ou chegaram aqui só anos depois. É uma parte da nossa história que vale a pena conhecer.
Por que tantos filmes foram banidos no Brasil?
Durante a ditadura, qualquer coisa que pudesse questionar o governo era vista como perigosa. O Grande Ditador, de Charles Chaplin, foi proibido na Era Vargas por ser considerado “comunista e desmoralizador das Forças Armadas”. Parece absurdo hoje, mas era assim que funcionava.
Filmes nacionais também sofreram censura pesada. Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho, teve sua produção interrompida pelos militares. O documentário falava sobre João Pedro Teixeira, um líder camponês assassinado em 1962. Os censores consideraram o filme um “manifesto ao comunismo”.
Que filmes famosos foram proibidos por aqui?
Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, ficou banido por anos devido à violência extrema. O filme só chegou ao Brasil em versão censurada, com partes íntimas dos atores cobertas. O Último Tango em Paris também foi proibido por sete anos por causa do conteúdo sexual.
Até filmes de terror brasileiros sofreram com a censura. À Meia Noite Levarei Sua Alma, do Zé do Caixão, foi banido em alguns estados por “extrema violência”. O Bandido da Luz Vermelha teve cenas de sexo e nudez cortadas pelos militares.
Como a censura afetou o cinema nacional?

A censura criou um ambiente de medo entre os cineastas brasileiros. Muitos diretores praticavam autocensura, evitando temas polêmicos para não ter problemas. Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, sofreu restrições por sua forma cômica de tratar o regime militar.
O interessante é que a proibição acabou criando um mercado paralelo. Cópias de filmes banidos circulavam de forma clandestina. Era uma forma de resistência cultural que mostrava como o público brasileiro não aceitava passivamente as imposições do governo.
O que essa história nos ensina hoje?
A censura cinematográfica no Brasil durante a ditadura mostra como a arte pode ser vista como ameaça pelos autoritários. Filmes têm o poder de questionar, de fazer pensar, de mostrar realidades incômodas. Por isso mesmo são alvos de repressão.
Hoje, felizmente, vivemos em um país onde a liberdade de expressão é garantida pela Constituição. Mas conhecer essa história é importante para valorizar essa conquista. A arte deve ser livre para incomodar, questionar e provocar reflexões. É assim que a sociedade evolui e se mantém democrática.









