Na histórica Fez, uma das cidades mais antigas do Marrocos, caminhar pelas ruas pode parecer um desafio de lógica. E não é por acaso. O coração da cidade, conhecido como Medina de Fez el-Bali, foi propositalmente construído como um verdadeiro labirinto urbano — uma estratégia de defesa arquitetônica para confundir invasores e proteger os habitantes.
Com ruas estreitas, curvas aleatórias, becos sem saída e passagens secretas, o traçado da cidade é tão complexo que mesmo os moradores dizem se perder de vez em quando.
Por que Fez foi construída como um labirinto?
A medina de Fez foi fundada no século IX, em uma época marcada por constantes disputas tribais e tentativas de invasão. Para proteger a cidade:
- Os arquitetos criaram ruas que mudam de direção sem lógica aparente
- Muitas vias têm largura suficiente apenas para uma pessoa de cada vez
- Há becos que terminam em paredes, sem saídas, apenas como distração para inimigos
- Entradas disfarçadas e caminhos internos permitiam aos moradores se esconder ou escapar rapidamente
- A estrutura também dificultava o uso de cavalos e armas de cerco pelos inimigos
O resultado é um ambiente urbano labiríntico com mais de 9.000 ruas, muitas delas sem nomes ou sinalização.

Como é andar pela medina de Fez hoje?
Atualmente, o labirinto virou atração turística:
- Visitantes são encorajados a se perder — e eventualmente se encontrar — nas ruelas históricas
- Mapas e GPS raramente funcionam bem ali, então guias locais são altamente recomendados
- A cidade abriga soukhs (mercados), mesquitas, escolas e casas escondidas atrás de portas modestas
- A sensação é de entrar em outra era, onde o tempo anda em círculos como as ruas
Apesar do caos aparente, a cidade funciona com sua própria lógica interna e tem uma riqueza arquitetônica e cultural preservada há séculos.
Curiosidades sobre Fez e seu traçado labiríntico
- A medina é considerada a maior zona urbana sem carros do mundo
- Foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 1981
- A Universidade de Al Quaraouiyine, dentro da medina, é a mais antiga do mundo em funcionamento contínuo
- Algumas casas têm jardins internos e fontes escondidas, invisíveis da rua
- Durante séculos, a cidade usou porteiros noturnos nos becos, responsáveis por acender luzes e manter a segurança
Fez mostra que a arquitetura pode ser uma forma de resistência — e que o labirinto, além de confundir, também protege, guarda e conta histórias que se escondem entre curvas, sombras e surpresas a cada esquina.










