No coração de Copenhague, capital da Dinamarca, existe uma “cidade dentro da cidade” chamada Freetown Christiania, onde a autonomia vai além da arquitetura alternativa e da arte de rua. Ali, os próprios moradores se reúnem anualmente para redefinir coletivamente as regras de convivência, criando um modelo único de autogestão comunitária e democracia direta.
Christiania é um experimento social vivo — e um dos poucos lugares no mundo onde as leis internas são discutidas e moldadas por consenso, não por autoridades externas.
Como funcionam as decisões em Christiania?
- A comunidade é dividida em áreas menores chamadas “bairros”, que se autogerem e representam seus interesses nas assembleias gerais
- Anualmente (ou sempre que necessário), os moradores se reúnem em grandes encontros para revisar, criar ou alterar regras internas
- As decisões são tomadas por consenso e não por maioria, o que exige escuta ativa, paciência e compromisso coletivo
- As regras tratam de temas como:
- Uso de espaços comuns
- Sustentabilidade e resíduos
- Segurança comunitária
- Relações com o governo dinamarquês
- Convivência entre moradores e visitantes
O foco não é impor, mas criar acordos baseados na confiança e no respeito mútuo.

Por que Christiania funciona assim?
A comunidade foi fundada em 1971 por um grupo de artistas, ativistas e sonhadores que ocuparam uma área militar abandonada com o objetivo de criar uma sociedade mais livre, igualitária e pacífica. O modelo de governança reflete:
- O ideal de autonomia cidadã plena
- A valorização da liberdade com responsabilidade coletiva
- A rejeição a estruturas hierárquicas e centralizadas
- O desejo de viver em uma cidade onde as regras fazem sentido para quem vive nelas
Christiania é uma resposta prática à pergunta: “E se nós pudéssemos decidir tudo juntos, do nosso jeito?”
Curiosidades sobre Christiania
- A comunidade abriga cerca de 900 moradores permanentes e recebe milhares de visitantes por ano
- Possui sua própria bandeira, moeda simbólica e estabelecimentos autogeridos
- É proibido fotografar em algumas áreas, por respeito à privacidade dos moradores
- A relação com o governo dinamarquês é complexa, mas legalmente reconhecida como comunidade semi-autônoma
- A cada revisão anual, os moradores discutem também questões filosóficas, ambientais e culturais
Christiania mostra que outra forma de viver em cidade é possível — quando as regras vêm do diálogo, não da imposição.










