A expressão tabula rasa é usada até hoje para explicar a ideia de que ninguém nasce pronto. Segundo esse conceito filosófico, ao vir ao mundo somos como uma “folha em branco”, e tudo o que nos tornamos ao longo da vida é resultado das experiências, da educação e do ambiente. Em 2025, essa visão continua no centro das discussões sobre comportamento humano.
Qual o significado original de tabula rasa?
Tabula rasa vem do latim e significa literalmente “tábua raspada” ou “superfície apagada”. A expressão era usada para descrever placas de escrita reutilizáveis na Antiguidade, que eram limpas antes de receber um novo texto.
Na filosofia, a ideia passou a representar a mente humana no nascimento: vazia de conteúdos, pronta para ser preenchida pelas vivências ao longo da vida.
A expressão era usada para descrever placas de escrita reutilizáveis na Antiguidade, que eram limpas antes de receber um novo texto – Créditos: depositphotos.com / gilas
Quem defendeu a ideia de que nascemos como uma folha em branco?
O conceito ficou especialmente associado ao filósofo inglês John Locke. Para ele, ninguém nasce com ideias prontas, valores morais ou conhecimentos inatos. Tudo seria aprendido com o tempo, por meio dos sentidos, da convivência social e da educação.
Essa visão deu grande importância à experiência, ao aprendizado e ao ambiente na formação da personalidade e do pensamento humano, abaixo, Prof.Pedro Riccioppo fala sobre em seu TikTok:
Em meio ao turbilhão político e social de sua época, John Locke emergiu como um farol de pensamento iluminista, desvendando os intricados enigmas da governança e dos direitos individuais. Sua concepção dos direitos naturais do homem como vida, liberdade e propriedade privada não apenas desafiou as convenções de seu tempo, mas moldou o curso da filosofia política moderna. Para Locke, os direitos naturais não são concessões arbitradas por governantes, mas sim prerrogativas inalienáveis que emanam da própria condição humana. São esses direitos que fundamentam o contrato social, um pacto tácito entre os indivíduos e o Estado, no qual estes últimos abdicam de certa liberdade em troca da proteção e garantia desses direitos básicos. Essa ideia reverbera em sua célebre obra ‘Segundo Tratado sobre o Governo Civil’, onde ele descreve o Estado como um instrumento legitimado pela vontade popular para salvaguardar tais direitos. No entanto, Locke não via o contrato social como uma amarra eterna e inquestionável. Em vez disso, ele reconhecia o direito de sublevação, a prerrogativa do povo de se revoltar contra um governo que falhasse em cumprir seu dever de proteger os direitos naturais. Esse conceito revolucionário ecoou através dos séculos, inspirando movimentos de libertação e revoluções democráticas em todo o mundo. A profundidade da filosofia política de Locke reside não apenas em sua análise das relações entre o Estado e o indivíduo, mas também em sua visão visionária de uma sociedade justa e equitativa. Ele nos lembra que, em última análise, o poder político deriva do consentimento dos governados e que a verdadeira autoridade é aquela que respeita e defende os direitos inalienáveis de todos os seres humanos. Assim, ao refletirmos sobre o legado de Locke, somos instados não apenas a compreender, mas também a agir em prol de uma sociedade fundamentada na liberdade, na igualdade e na justiça para todos.
Com o avanço da ciência, a ideia de tabula rasa passou a ser questionada. Hoje, o debate gira em torno de até que ponto somos moldados pelo ambiente e até que ponto características biológicas influenciam quem somos.
Em 2025, a maioria dos especialistas concorda que não somos totalmente uma folha em branco nem totalmente determinados pela genética. O que somos resulta da interação entre herança biológica e experiências de vida.
Hoje, o debate gira em torno de até que ponto somos moldados pelo ambiente e até que ponto características biológicas influenciam quem somos – Créditos: depositphotos.com / VadimVasenin
Como a ideia de tabula rasa aparece na vida atual?
Mesmo com críticas, o conceito continua influente. Ele aparece em discussões sobre educação, criação de filhos, desigualdade social e desenvolvimento emocional. A noção de que o ambiente pode transformar trajetórias ajuda a explicar por que oportunidades e experiências fazem tanta diferença.
Tabula rasa, hoje, funciona menos como uma verdade absoluta e mais como um convite à reflexão: entender que nossas escolhas, vivências e relações têm papel central na construção de quem nos tornamos.