Pesquisas recentes têm apontado para uma relação significativa entre o ambiente em que a atividade física é realizada e o desempenho cognitivo de crianças. Um estudo divulgado em 2025 revelou que exercícios praticados ao ar livre proporcionam ganhos mais expressivos em atenção, memória e velocidade de raciocínio do que atividades realizadas em ambientes fechados. Esse achado reforça a importância de considerar não apenas o tipo de exercício, mas também o local onde ele acontece.
O interesse em compreender como a natureza pode potencializar os efeitos do exercício físico sobre o cérebro infantil tem crescido nos últimos anos. Enquanto já se sabia que tanto a prática esportiva quanto o contato com ambientes naturais favorecem a saúde mental e cognitiva, a combinação desses fatores ainda era pouco explorada. O estudo buscou justamente preencher essa lacuna, analisando de forma controlada o impacto do ambiente externo e interno sobre funções cognitivas de jovens estudantes.
Como o ambiente influencia o desempenho cognitivo de crianças?
O experimento foi conduzido com 45 alunos de 11 a 13 anos, que participaram de sessões idênticas de atividade física, alternando entre ambientes internos e externos. Os exercícios, baseados em rotinas de basquete, foram cuidadosamente padronizados para garantir que a única variável relevante fosse o local. Antes e após cada sessão, além de 45 minutos depois, os participantes realizaram testes computadorizados para avaliar memória de trabalho, atenção e controle inibitório.
Os resultados mostraram que, após as atividades ao ar livre, as crianças apresentaram melhorias mais acentuadas em tarefas que exigiam rapidez de resposta e precisão. Por exemplo, no teste de Stroop, utilizado para medir o controle inibitório, o tempo de reação diminuiu consideravelmente mais após a prática externa. Além disso, a precisão em tarefas de atenção se manteve estável ao ar livre, enquanto houve queda em ambientes fechados.
Quais fatores explicam os benefícios do exercício ao ar livre?
Os benefícios observados não podem ser atribuídos apenas ao esforço físico, já que os participantes percorreram distâncias menores e realizaram menos sprints ao ar livre, embora tenham apresentado frequência cardíaca média mais elevada. Isso sugere que o ambiente natural pode estimular uma intensidade de esforço diferente, mesmo sem aumento perceptível de fadiga ou desconforto.
- Teoria da Restauração da Atenção: Ambientes naturais promovem uma recuperação mental ao envolver o cérebro de maneira leve e não exigente.
- Redução do estresse: O contato com a natureza pode diminuir níveis de estresse, favorecendo o funcionamento cognitivo.
- Estímulos sensoriais variados: Elementos naturais oferecem estímulos que podem enriquecer a experiência e engajar diferentes áreas cerebrais.
Apesar dessas hipóteses, o estudo não identificou diferenças significativas no humor ou no nível de satisfação entre as sessões, indicando que o bem-estar emocional, por si só, não explica totalmente os ganhos cognitivos observados.
Por que considerar o ambiente ao planejar atividades físicas para crianças?
O ambiente em que a atividade física ocorre pode ser um elemento-chave para maximizar os benefícios para o desenvolvimento cerebral de crianças e adolescentes. Escolas e famílias que optam por promover exercícios ao ar livre, especialmente em áreas verdes, podem estar contribuindo para uma melhora mais ampla das funções cognitivas, além dos ganhos tradicionais associados ao esporte.
- Proporcionar variedade de ambientes pode estimular diferentes aspectos do desenvolvimento infantil.
- Atividades externas favorecem a socialização e o contato com a natureza.
- O planejamento de exercícios ao ar livre pode ser adaptado a diferentes faixas etárias e contextos escolares.
Vale ressaltar que o estudo foi realizado em escolas com acesso a áreas verdes, o que pode não refletir a realidade de ambientes urbanos densos. Pesquisas futuras podem explorar como diferentes tipos de espaços externos, como praças, parques ou quadras urbanas, influenciam esses resultados. Além disso, avaliar adolescentes sob maior pressão acadêmica pode trazer novos insights sobre a relação entre natureza, exercício e cognição.
Ao considerar o local das atividades físicas, educadores e responsáveis podem ampliar o potencial de desenvolvimento cognitivo das crianças, aproveitando não apenas os benefícios do movimento, mas também os efeitos positivos do contato com o ambiente natural.
