Desde a introdução da energia nuclear na década de 1950, mais de 400 reatores em 31 países geraram cerca de 430.000 toneladas métricas de combustível nuclear usado. A busca por uma solução permanente para o descarte desses resíduos ainda está em andamento. A Agência Internacional de Energia Atômica estima que aproximadamente 30% desse combustível foi reprocessado, mas o restante permanece em sistemas de armazenamento temporário, aguardando um destino final.
Com o setor nuclear em potencial renascimento, impulsionado pela busca por fontes de energia mais limpas e pela demanda crescente de energia do setor tecnológico, a pressão por soluções de descarte de resíduos nucleares é cada vez maior. A solução ideal seria armazenar o combustível usado em instalações subterrâneas que possam contê-lo com segurança por milênios.
Quais são os desafios para o armazenamento subterrâneo de resíduos nucleares?
O combustível nuclear usado representa uma ameaça significativa à saúde humana por pelo menos 10.000 anos e permanece radioativo por milhões de anos. As instalações subterrâneas precisam ser construídas do zero, e embora vários projetos estejam em desenvolvimento, nenhum foi concluído até agora. A Finlândia lidera essa corrida com o projeto Onkalo, que está sendo construído para armazenar resíduos de seus cinco reatores nucleares.

O armazenamento envolve a colocação de varetas de combustível usadas dentro de cápsulas de cobre, que são inseridas em cavidades escavadas nas paredes de granito do repositório subterrâneo. Todo o sistema é então selado com bentonita, uma argila que isola os contêineres e atua como amortecedor contra pequenos movimentos na rocha.
Como outros países estão lidando com o descarte de resíduos nucleares?
Além da Finlândia, outros países estão seguindo seu exemplo. A Suécia está se preparando para iniciar a construção de seu próprio repositório, projetado para conter até 12.000 toneladas métricas de combustível nuclear sueco. O Canadá também planeja construir uma instalação de armazenamento, com um local já selecionado na cidade de Ignace, Ontário.
França e Suíça estão avançando em seus projetos, superando obstáculos burocráticos. Na França, o projeto Cigéo pode começar o trabalho de campo em 2027, enquanto a Suíça escolheu um local ao norte de Zurique, rico em argila opalina compacta, ideal para conter materiais radioativos a longo prazo.
Quais são as preocupações e desafios futuros?
Apesar dos avanços, existem preocupações sobre a corrosão dos contêineres de cobre, que poderiam liberar elementos radioativos na água subterrânea. Pesquisadores, como Jinshan Pan, da KTH Royal Institute of Technology, destacam a necessidade de mais estudos sobre a química das superfícies de cobre em condições de repositório.
Além disso, a aceitação pública e a obtenção de permissões são desafios significativos. Na Itália, por exemplo, 51 locais potenciais estão sendo considerados para um repositório, mas o processo de seleção ainda está em andamento. Enquanto isso, os resíduos nucleares permanecem armazenados em instalações temporárias.
O futuro do armazenamento de resíduos nucleares
O desenvolvimento de repositórios geológicos profundos é crucial para a gestão segura de resíduos nucleares. Embora a Finlândia esteja na vanguarda, outros países estão fazendo progressos significativos. A colaboração internacional e o compartilhamento de conhecimento serão essenciais para superar os desafios técnicos e sociais associados ao armazenamento de resíduos nucleares.
Com o tempo, espera-se que essas iniciativas levem a soluções seguras e sustentáveis para o descarte de resíduos nucleares, garantindo a proteção do meio ambiente e da saúde pública por gerações futuras.










