O thriller francês “Mestres do Assalto” chegou ao Prime Video em 27 de março de 2025 como uma aposta ambiciosa do cinema europeu no mercado de streaming. Dirigido por Kamel Guemra, conhecido por “Marselha em Perigo“, o filme prometia unir crítica social com adrenalina pura, mas acabou gerando reações contrastantes entre especialistas e espectadores. Enquanto alguns elogiam sua abordagem moderna sobre desigualdade social, outros criticam a execução confusa e a mistura desordenada de gêneros.
A narrativa acompanha Nora, Zoe, Steve e Prestance, quatro funcionários de um hotel de luxo que mantêm uma identidade secreta noturna como assaltantes de carros de alta classe. O roteiro, coassinado por Guemra e Morade Aïssaoui, tenta equilibrar momentos de ação intensa com reflexões sobre a realidade dos trabalhadores invisíveis da sociedade francesa contemporânea. Com duração de 100 minutos, o longa busca posicionar-se como uma crítica ao capitalismo através da lente do cinema de ação comercial.
Por que o elenco francês chamou a atenção internacional?
O casting de “Mestres do Assalto” representa um marco na internacionalização do cinema francês contemporâneo. Zoé Marchal, conhecida por “Novos Ricos“, lidera o grupo como Nora, trazendo intensidade dramática para uma personagem movida por vingança pessoal. Franck Gastambide interpreta Elias, o mercenário contratado para caçar o grupo, entregando uma performance descrita pela crítica como “friamente arrepiante” e representando “o capitalismo em sua forma mais crua”.
O elenco ainda conta com Bosh, rapper e ator de “Validé“, no papel de Steve, e Alassane Diong, de “Herói de Sangue“, como Prestance. Esta combinação de talentos emergentes com artistas estabelecidos reflete uma tendência crescente do cinema francês em abraçar diversidade cultural e geracional. A presença de Mylène Jampanoï, veterana de “Mártires“, adiciona credibilidade ao projeto, enquanto nomes como Colin Bates e Hafid F. Benamar demonstram a ambição internacional da produção.

O que torna a direção de Kamel Guemra controversa?
A abordagem estilística de Guemra divide opiniões por sua tentativa de fundir múltiplos gêneros cinematográficos. O diretor constrói uma narrativa que transita entre thriller de assalto, filme de vingança e elementos de horror, sem estabelecer uma identidade visual consistente. A fotografia de Ludovic Zuili oscila entre momentos tecnicamente competentes e escolhas estéticas genéricas, criando uma experiência visual inconsistente que prejudica o impacto emocional das sequências mais intensas.
Críticos especializados apontam que Guemra demonstra conhecimento técnico em cenas de perseguição e combate, mas falha ao tentar emular produções como “Parasita” ou “Round 6” sem possuir a estrutura dramática necessária para sustentar uma crítica social profunda. A montagem irregular sabota tentativas de criar ritmo narrativo coeso, resultando em um produto que impressiona pontualmente, mas decepciona como experiência cinematográfica completa. Esta abordagem fragmentada reflete um problema comum no cinema de gênero contemporâneo que prioriza referências estéticas sobre coerência narrativa.
Qual o verdadeiro impacto da mensagem social do filme?
“Mestres do Assalto” utiliza a premissa de trabalhadores que roubam clientes ricos como alegoria sobre desigualdade social, mas sua execução levanta questões sobre a efetividade dessa abordagem. O filme evita deliberadamente confrontar dilemas éticos complexos, optando por diluir críticas sociais em sequências de ação convencionais. Os protagonistas não estabelecem um código moral claro que os diferencie de criminosos comuns, enfraquecendo a mensagem anticapitalista que a produção tenta transmitir.
A representação da elite hoteleira como vilões dispostos a contratar mercenários para resolver problemas revela mais sobre cinismo estrutural do que qualquer diálogo explícito sobre justiça social. Entretanto, essa superficialidade temática limita o potencial transformador da obra, tornando-a mais um produto de entretenimento que utiliza questões sociais como pano de fundo do que uma reflexão genuína sobre desigualdade. O filme funciona melhor quando abraça sua natureza de thriller comercial, mas perde força ao tentar se posicionar como crítica social profunda, evidenciando as dificuldades de equilibrar mensagem política com apelo comercial no cinema mainstream contemporâneo.










