O interesse pelos efeitos da música na saúde do cérebro ganhou força nos últimos anos, especialmente entre pessoas acima de 70 anos preocupadas com o risco de demência. Estudos recentes indicam que tanto ouvir quanto tocar música podem estar associados a uma probabilidade menor de desenvolver esse tipo de condição.
Ouvir música pode reduzir o risco de demência
A expressão música e demência vem sendo usada com frequência em pesquisas que investigam fatores de proteção para o cérebro. Em um grande estudo com idosos, aqueles que ouviam música na maior parte dos dias apresentaram risco significativamente menor de desenvolver demência em comparação com quem escutava raramente ou quase nunca, além de menor incidência de comprometimento cognitivo leve.
Ouvir música parece funcionar como um “treino global” para o cérebro, ativando áreas ligadas à audição, memória, emoções e movimento. Em muitos casos, escutar música vem acompanhado de atividades sociais, como dançar em grupo, ir a shows ou compartilhar playlists, fatores também associados à proteção contra o declínio cognitivo e ao aumento do bem-estar emocional.
Para explorar o tema, trouxemos o vídeo do Dr. Julio Luchmann, que mostra o poder da música para o seu cérebro:
@julioluchmann #musica #música #saude #julioluchmann ♬ som original – Júlio luchmann
Como criar o hábito de ouvir música no dia a dia
Do ponto de vista prático, criar o hábito de ouvir música de forma regular pode ser uma estratégia de baixa complexidade para idosos que buscam cuidar da saúde mental. Isso pode incluir momentos fixos do dia, como colocar canções ao acordar, durante a caminhada ou antes de dormir, escolhendo estilos que tragam prazer e relaxamento.
Para familiares e cuidadores, usar a música em ambientes domésticos ou institucionais também pode facilitar interações, estimular lembranças e tornar a rotina mais organizada. Em contextos de cuidado, playlists personalizadas com músicas significativas da juventude do idoso podem favorecer recordações afetivas e reduzir agitação em quadros de demência já instalada.
Qual é o papel de tocar instrumentos e cantar na saúde do cérebro
Quando se fala em música e demência, tocar um instrumento ou cantar tende a estar associado a benefícios ainda mais amplos. Pesquisas recentes observaram que pessoas idosas que tocam regularmente — incluindo a prática de canto — apresentam risco menor de desenvolver demência em comparação com quem não se envolve com atividades musicais ativas, além de melhor memória episódica.
Tocar música exige uma combinação complexa de habilidades, como coordenação motora fina, atenção ao ritmo e adaptação constante ao som produzido. Esse processo engaja diversas áreas cerebrais em sincronia, o que pode fortalecer conexões neurais, estimular a neuroplasticidade e favorecer a sensação de autonomia e prazer na velhice.
- Cantar em grupo: estimula a respiração, a memória de letras e a interação social.
- Instrumentos de corda ou teclado: exigem coordenação entre mãos, visão e audição.
- Percussão: trabalha ritmo, atenção e resposta motora.
Os dados sugerem que a combinação de ouvir e tocar música de forma constante pode estar ligada a uma redução ainda maior do risco de demência e de comprometimento cognitivo leve. Por isso, muitos programas de envelhecimento ativo passaram a incluir oficinas musicais regulares, como corais, grupos de violão e rodas de percussão, para o público idoso.

Que outros hábitos ajudam a proteger o cérebro além da música
Embora a relação entre música e demência chame atenção, especialistas ressaltam que a proteção do cérebro costuma envolver um conjunto de hábitos. Estudos apontam que ter um senso de propósito na vida e manter-se mentalmente engajado está associado a menor risco de desenvolver demência, assim como a prática regular de exercícios físicos moderados a vigorosos, como mostrou o estudo do Jornal Americano de Psiquiatria Geriátrica.
Algumas estratégias frequentemente citadas em pesquisas sobre envelhecimento cerebral saudável incluem ações simples do cotidiano, que podem ser combinadas com a música para potencializar resultados. Essas práticas ajudam a preservar funções como atenção, memória, planejamento e flexibilidade cognitiva.
- Atividade física: caminhadas, dança, ciclismo leve ou hidroginástica ajudam na circulação sanguínea e na saúde geral do cérebro.
- Interação social: manter contato com amigos, familiares e grupos comunitários reduz o isolamento, fator associado a maior risco de declínio cognitivo.
- Estímulo mental: leitura, jogos de lógica, aprendizado de novas habilidades e cursos fortalecem funções como atenção e memória.
- Rotina estruturada: até atividades domésticas, quando feitas com regularidade, podem contribuir para a organização mental e a sensação de propósito.
Nesse contexto, a música pode atuar como um eixo central que conecta várias dessas frentes: uma aula de dança com música envolve atividade física, convívio social e estímulo cognitivo; um ensaio de coral associa memória, respiração e interação com o grupo. Assim, a presença da música no dia a dia de pessoas idosas tende a ser vista, em 2025, como um recurso complementar valioso para apoiar a saúde do cérebro ao longo do envelhecimento.








