A escritora norueguesa Eli Kari Gjengedal compartilhou um relato sincero e bem-humorado sobre suas tentativas frustradas de dominar a meditação. Em seu depoimento, ela revela que testou a prática em todos os lugares imagináveis, mas sua mente inquieta simplesmente não coopera.
O que dizem sobre a meditação
A meditação é constantemente apresentada como uma das técnicas mais eficazes para alcançar um estado profundo de relaxamento. Segundo especialistas, ela permite que a mente descanse verdadeiramente, interrompendo o fluxo incessante de pensamentos do dia a dia. A única coisa que supera a meditação nesse aspecto é o sono — ou aquela soneca rápida que permite reiniciar completamente o cérebro.
Gjengedal explica o desafio: “Dizem que para meditar você precisa encontrar a calma antes de sentar na posição de lótus e deixar os pensamentos se aquietarem. É como uma arte que você precisa praticar.” Mas ela admite que, apesar de todos os esforços, simplesmente não consegue. “É praticamente impossível sair de uma rotina agitada e entrar instantaneamente em um estado meditativo. Seria como pular da cama e sair correndo em velocidade máxima — completamente impossível”, compara a escritora.
Tentativas em todos os lugares possíveis
A autora relata que tentou meditar inúmeras vezes, seguindo todas as recomendações que encontrou. “E acredite, eu realmente tentei!”, enfatiza Gjengedal. Sua busca pela paz interior a levou a experimentar em diversos ambientes e situações.
Ela testou a meditação em diferentes contextos:
- Na sala de estar, tentando criar um ambiente tranquilo
- Na cama, antes de dormir e ao acordar
- Acompanhada de outras pessoas em grupos de meditação
- Completamente sozinha, em busca de silêncio total
A escritora norueguesa chegou a extremos em sua busca. “Fui para a floresta todos os dias durante mais de duas semanas. Sempre encontrava o mesmo tronco de árvore, respirava o aroma de musgo e tentava ouvir o murmúrio do rio e o canto dos pássaros”, relata Gjengedal. “A ideia era deixar meus pensamentos fluírem como a água corrente ou voarem alto como pássaros em direção ao sol”, descreve com frustração evidente.

Quando a mente não para de pensar
A realidade, porém, é bem diferente do ideal proposto pelos mestres da meditação. “Após apenas alguns segundos, meu cérebro já está funcionando a todo vapor”, revela a escritora. Sua mente é invadida por uma enxurrada de pensamentos cotidianos:
- O que vamos comer no jantar?
- Quem preciso ligar depois?
- Será que desliguei o ferro de passar?
- O que vou vestir no próximo encontro do clube do vinho?
- Esqueci minhas chaves em algum lugar?
- Onde foi parar aquela banda que eu costumava ouvir?
“Não faltam pensamentos para ocupar minha mente, mesmo quando tento desesperadamente silenciá-los”, admite Gjengedal com sinceridade.
O diagnóstico de uma alma inquieta
Após tantas tentativas sem sucesso, a escritora chegou às suas próprias conclusões. “Nunca consegui meditar uma única vez, mesmo tendo tentado seguindo todas as regras e técnicas recomendadas”, confessa Gjengedal. “Se você é uma alma inquieta que tem dificuldade em manter o foco, não é tão fácil assim direcionar seus pensamentos para longe dos padrões habituais.”
Ela se identifica como um espírito agitado por natureza, que costuma ser distraído e tem dificuldade para lembrar das coisas. “E a situação piora quando você entra na menopausa e experimenta aquela névoa mental e a inquietude interior. Tudo isso cria obstáculos significativos para uma vida de meditação bem-sucedida”, explica a autora, contextualizando honestamente suas dificuldades.
O sonho tropical que nunca se realizará
Gjengedal reflete sobre como sua natureza inquieta sabota qualquer fantasia de paz meditativa. “Imagine sentar-se ao pôr do sol nas Maldivas, usando roupas leves e esvoaçantes, apenas meditando em paz”, diz ela. “Seria terrível para uma alma inquieta buscar tranquilidade em uma ilha onde absolutamente nada acontece! Me conheço bem o suficiente agora para saber que isso nunca funcionaria para mim”, afirma a escritora com autodepreciação bem-humorada.
A aceitação e a mensagem final
O momento de autoconhecimento de Gjengedal veio através de outra tentativa frustrada. “Lembro-me de quando tentei sentar e ler o Antigo Testamento antes da confirmação. Não consegui passar do livro de Gênesis”, relata. “Foi naquele momento que percebi que nunca seria boa em meditação ou em pesquisa acadêmica. Mas felizmente, existem outras coisas nas quais sou competente”, reconhece a escritora.
Sua mensagem final é de aceitação e compreensão para outras pessoas que também lutam com a meditação. “Não se desespere se você também tem dificuldade para relaxar. Em vez disso, deixe seus pensamentos voarem livremente para onde quiserem em sua cabeça. Isso é mais do que suficiente”, aconselha Gjengedal, trazendo uma perspectiva reconfortante sobre a impossibilidade de controlar completamente a própria mente e a importância de aceitar quem somos.









