Em 2025, um evento cósmico de extrema relevância foi detectado por meio da colaboração internacional chamada LIGO-Virgo-KAGRA (LVK), dedicada a identificar fenômenos astrofísicos por meio das ondas gravitacionais. Nas proximidades da Via Láctea, cientistas observaram a fusão de dois buracos negros de massas expressivas, originando um buraco negro com aproximadamente 225 vezes a massa do Sol. O ocorrido não apenas quebrou recordes anteriores, mas também trouxe evidências valiosas sobre uma das categorias mais elusivas de buracos negros conhecidas pela comunidade científica.
Os buracos negros, conforme originalmente previsto pela teoria geral da relatividade de Albert Einstein, têm sua existência confirmada principalmente por meio das ondas gravitacionais que emitem durante eventos extremos, como colisões e fusões. Desde a primeira detecção dessas ondas em 2015, esse tipo de observação se tornou fundamental para entender a natureza dos buracos negros, bem como os processos que levam à sua formação e crescimento ao longo do tempo no universo.
O que torna a fusão de buracos negros relevante para a ciência?
O episódio detectado em novembro de 2023 envolveu dois buracos negros com massas estimadas em torno de 100 e 140 vezes a do Sol. Esse intervalo recebe atenção especial porque, de acordo com os modelos clássicos de evolução estelar, buracos negros com essas massas apresentam dificuldades de formação devido ao comportamento das estrelas massivas durante explosões de supernova. Grande parte do material dessas estrelas seria expulsa, impedindo a criação de um objeto tão massivo.
Esse intervalo específico, conhecido como “mass gap” ou lacuna de massas, desafia diretamente o conhecimento vigente sobre como buracos negros se originam. Os dados sugerem a possibilidade da existência de buracos negros de massa intermediária, uma classe rara que, até recentemente, apresentava poucos indícios observacionais sólidos. O registro desse novo evento impulsiona debates acerca dos mecanismos que podem levar à formação desses corpos celestes tão massivos.
Como as ondas gravitacionais ajudam na investigação de buracos negros?
A descoberta foi possível graças ao uso avançado de detectores de ondas gravitacionais, como os instalados pelo LIGO nos Estados Unidos, que contam com estruturas em formato de “L” e lasers capazes de captar oscilações minúsculas geradas por distorções do espaço-tempo. Essas ondas são evidências diretas de eventos cósmicos catastróficos, permitindo que pesquisadores acompanhem em detalhes o processo de fusão de buracos negros, mesmo que estejam a bilhões de anos-luz da Terra.
O sinal obtido, intitulado GW231123, revelou características complexas, devido à alta rotação dos buracos negros envolvidos. Isso introduz desafios adicionais na análise dos dados, pois modelos tradicionais de fusão binária precisam ser adaptados para considerar os efeitos de rotação intensa. Esse cenário aumenta a margem de incerteza na determinação das massas exatas e estimula o aprimoramento dos modelos teóricos utilizados pelos cientistas.

Quais são as principais categorias de buracos negros já conhecidas?
Atualmente, os especialistas dividem os buracos negros em duas categorias principais: os de massa estelar e os supermassivos. Os buracos negros de massa estelar se formam a partir do colapso de estrelas de grande porte, geralmente com poucas a algumas dezenas de massas solares. Já os supermassivos concentram quantidades imensas de matéria, podendo atingir até dezenas de bilhões de massas solares e geralmente estão localizados no centro das galáxias.
- Buracos negros de massa estelar: Comuns em remanescentes de supernovas, apresentam massas menores e formação mais bem compreendida.
- Buracos negros supermassivos: Situados em núcleos galácticos, seu crescimento está associado à acreção de matéria e fusões sucessivas.
- Buracos negros de massa intermediária: Embora menos documentados, acredita-se que possam se formar por fusões repetidas de buracos negros menores.
As evidências recentes sugerem que fusões sucessivas, como a observada em 2023, podem ser o canal principal para o nascimento de buracos negros intermediários. Esses eventos estão ajudando a preencher lacunas no entendimento sobre a progressão evolutiva dos buracos negros em diversas escalas.
Quais desafios permanecem para observar novos eventos?
Apesar dos avanços, a detecção de ondas gravitacionais ainda depende de instrumentos altamente sensíveis, cujas operações implicam custos significativos. Recentes discussões sobre financiamentos, especialmente no contexto norte-americano, levantam preocupações quanto à continuidade desses projetos. Fechamentos de detectores como o LIGO podem limitar drasticamente o registro de novas fusões, dificultando o estudo dessas colisões cósmicas excepcionais.
Desde 2015, cerca de 300 fusões de buracos negros já foram detectadas, delineando um panorama cada vez mais detalhado desses fenômenos. O aprimoramento constante dos modelos de análise e a manutenção de diferentes observatórios pelo mundo são essenciais para que as próximas gerações aprofundem o conhecimento acerca da origem, evolução e natureza dos buracos negros, especialmente aqueles situados na intrigante lacuna de massas.









