Jamais vu é um fenômeno psicológico intrigante que se apresenta como o oposto do déjà vu. Enquanto o déjà vu é a sensação de que já vivenciamos um momento antes, o jamais vu ocorre quando algo familiar de repente parece estranho, como se estivesse sendo experimentado pela primeira vez. Este fenômeno pode ser percebido em situações cotidianas, como caminhar por um local conhecido e, de repente, sentir-se perdido, ou repetir uma palavra comum até que ela pareça sem sentido.
O gatilho mais comum para o jamais vu é a repetição. Quando o cérebro é sobrecarregado pela familiaridade, ele pode “curto-circuitar”, fazendo com que o comum se torne bizarro. Isso pode acontecer ao realizar a mesma tarefa repetidamente ou ao olhar para algo por muito tempo. No entanto, às vezes, o jamais vu pode ocorrer sem qualquer aviso prévio.
Quais são as causas do Jamais Vu?
Pesquisadores como o professor de psicologia Dr. Akira O’Connor, da Universidade de St Andrews, na Escócia, têm investigado as origens desse sentimento desconcertante. Em um estudo, O’Connor e seus colegas descobriram que o jamais vu é um sinal de que algo se tornou automático demais, forçando a pessoa a “despertar” da repetição. Essa sensação de irrealidade atua como uma verificação da realidade, permitindo que os sistemas cognitivos permaneçam flexíveis e capazes de redirecionar a atenção conforme necessário.
Em experimentos conduzidos por O’Connor e o professor de neuropsicologia cognitiva Dr. Christopher Moulin, da Université Grenoble Alpes, na França, participantes foram convidados a escrever repetidamente a mesma palavra. A maioria dos participantes relatou sentir jamais vu após cerca de um minuto de escrita, especialmente com palavras familiares. Isso sugere que o jamais vu pode ser uma resposta natural do cérebro para evitar que fiquemos presos em tarefas repetitivas por muito tempo.

Como o Jamais Vu é estudado?
Em um dos experimentos realizados, 94 estudantes universitários foram instruídos a escrever repetidamente palavras comuns e incomuns. Os participantes foram incentivados a parar se começassem a se sentir estranhos, entediados ou se suas mãos começassem a doer. Aproximadamente 70% dos participantes interromperam a escrita devido ao jamais vu, que geralmente surgia após cerca de 33 repetições.
Um segundo experimento focou na repetição da palavra “the”, considerada uma das mais comuns. Desta vez, 55% dos participantes relataram jamais vu após apenas 27 repetições. Os participantes descreveram suas experiências como se as palavras perdessem o significado, como se tivessem perdido o controle da mão ou como se a palavra não fosse realmente uma palavra.
Quais são as implicações do Jamais Vu?
Embora o jamais vu seja um fenômeno intrigante, ainda há muito que os especialistas não compreendem completamente, incluindo o mecanismo neurológico exato que o impulsiona e sua possível associação com distúrbios cerebrais como epilepsia e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). No entanto, é reconfortante saber que essa sensação estranha de desconhecimento é, na verdade, o cérebro realizando uma verificação da realidade.
Os estudos sobre jamais vu, como os publicados na revista Memory em fevereiro de 2020, ajudam a lançar luz sobre como nosso cérebro lida com a repetição e a familiaridade. Eles também destacam a importância de manter a flexibilidade cognitiva, permitindo que a mente se ajuste e responda a novas situações, evitando que se perca em tarefas repetitivas e automáticas.










