O mais novo filme da Disney chegou aos cinemas brasileiros no dia 20 de março e virou assunto em toda parte. Branca de Neve não é apenas mais uma adaptação. É um verdadeiro fenômeno que está gerando discussões acaloradas entre fãs, críticos e até pessoas que nem assistiram ao filme. A produção com Rachel Zegler e Gal Gadot conseguiu fazer algo que poucos filmes fazem hoje em dia: criar uma conversa nacional.
A Disney está tentando um caminho diferente para promover este lançamento. Ao invés dos eventos glamorosos de sempre, optou por uma estratégia mais discreta. Sem tapetes vermelhos cheios de entrevistas ou grandes festas de lançamento. A razão é simples: as polêmicas em torno do filme foram tantas que o estúdio preferiu manter o foco na obra, não no barulho ao redor dela. É uma decisão inédita para uma produção dessa magnitude.
Por que a escolha da protagonista causou tanta polêmica?
Rachel Zegler, a jovem atriz de 23 anos que conquistou um Globo de Ouro por Amor, Sublime Amor, virou o centro de um debate nacional. Sua ascendência colombiana gerou discussões intensas sobre representatividade. Uns aplaudem a escolha como um passo importante para diversidade no cinema. Outros criticam, dizendo que a Disney está seguindo uma “agenda woke” que força mudanças desnecessárias.
Mas o que realmente esquentou a polêmica foram as falas da própria Rachel sobre o filme original de 1937. Ela disse que certas partes da animação clássica estavam ultrapassadas, especialmente a história de amor com o príncipe. “Ele literalmente persegue a Branca de Neve. Estranho, estranho”, declarou em entrevista. Muitos fãs da versão original não gostaram nada dessas críticas e começaram a ver a atriz como desrespeitosa com a obra que eles tanto amam.
Como as redes sociais viraram um campo de batalha?
As redes sociais de Rachel Zegler se tornaram um verdadeiro problema para a Disney. A atriz postou “Libertem a Palestina” no X (antigo Twitter), gerando uma onda de reações. Depois, fez comentários duros contra Donald Trump e seus apoiadores, escrevendo que eles “nunca deveriam encontrar paz”. A Disney ficou tão preocupada que contratou um especialista em redes sociais para monitorar os posts da atriz.
A situação ficou ainda mais tensa porque Gal Gadot, que interpreta a Rainha Má, é israelense e se posicionou publicamente a favor de Israel no conflito. Isso criou uma atmosfera estranha durante as filmagens e eventos promocionais. As duas atrizes quase não apareceram juntas em entrevistas, algo muito raro em produções desse porte. Gadot até recebeu ameaças de morte e precisou de segurança extra da Disney para proteger ela e suas quatro filhas.
O que aconteceu com os sete anões?
Uma das polêmicas mais curiosas envolveu os famosos sete anões. Peter Dinklage, ator conhecido por Game of Thrones, criticou publicamente a Disney. Ele achou problemático mostrar sete pessoas com nanismo vivendo isoladas numa caverna, considerando isso um estereótipo negativo. “Vocês estão modernizando a história, mas ainda fazem esses anões vivendo numa caverna? Não faz sentido”, declarou.
A Disney ouviu as críticas e tomou uma decisão drástica: desistiu de contratar atores com nanismo e criou os anões através de computação gráfica. O resultado foi uma nova onda de críticas. Alguns acharam a solução inteligente e inclusiva. Outros consideraram uma covardia, argumentando que a Disney perdeu uma oportunidade de dar trabalho para atores com nanismo em papéis de destaque. No final, não conseguiram agradar ninguém completamente.
Como o filme está se saindo nos cinemas?

Os números não mentem: Branca de Neve está sendo considerado um dos maiores fracassos recentes da Disney. O filme arrecadou apenas 69 milhões de dólares nos Estados Unidos e 145 milhões mundialmente. Pode parecer muito dinheiro, mas considerando que custou 270 milhões para produzir, é um prejuízo gigantesco. No IMDB, um dos sites mais respeitados de avaliação de filmes, a nota é devastadora: 1,6 de 10, com 89% do público dando nota mínima.
Críticos especializados tiveram uma visão mais equilibrada. Muitos elogiaram a atuação de Rachel Zegler e os aspectos visuais do filme. “Branca de Neve não é um filme mal-humorado, graças à brilhante atuação de Rachel Zegler“, escreveu um crítico no Rotten Tomatoes. Outros destacaram que, apesar das polêmicas, o filme consegue recontar a história clássica de forma respeitosa e moderna.
O que isso significa para o futuro das adaptações?
O caso Branca de Neve virou um estudo de como as redes sociais e polarização política podem impactar uma produção cinematográfica. A Disney aprendeu na prática que nem sempre é possível separar a arte do artista. Rachel Zegler se tornou simultaneamente um símbolo de resistência para uns e um problema para outros. Ela recebeu apoio de celebridades como Pedro Pascal, que a chamou de ícone, mas também virou alvo de ataques constantes.
Para a Disney, este episódio mostra a dificuldade de navegar pelos tempos atuais. O estúdio quer modernizar suas histórias clássicas e ser mais inclusivo, mas está descobrindo que qualquer mudança gera reações extremas. Branca de Neve pode ter falhado nas bilheterias, mas definitivamente conseguiu uma coisa: fazer todo mundo falar sobre cinema, representatividade e o poder das redes sociais de moldar a percepção pública de uma obra de arte.










