Por décadas, a geografia ensinada nas escolas ao redor do mundo tem se baseado na ideia de sete continentes distintos, separados por oceanos e placas tectônicas. No entanto, novas pesquisas da Universidade de Derby estão desafiando esse conhecimento fundamental. Um estudo publicado na Gondwana Research sugere que a divisão entre Europa e América do Norte pode ser menos clara do que os livros didáticos indicam.
No centro dessa teoria revisionista está a Islândia, uma ilha vulcânica tradicionalmente vista como resultado de uma pluma do manto profundo que separa duas placas tectônicas. No entanto, uma equipe de pesquisa liderada pelo geólogo Dr. Jordan Phethean argumenta que a própria existência da Islândia pode sinalizar não uma ruptura continental passada, mas uma que ainda está em andamento e longe de estar completa.
Qual é o papel da Islândia na tectônica de placas?
Modelos tradicionais afirmam que a Dorsal Mesoatlântica, que atravessa a Islândia, se formou durante a separação final das placas norte-americana e eurasiática há cerca de 52 milhões de anos. Contudo, Phethean e sua equipe propõem que essa fenda ainda não separou completamente as massas de terra que divide. Em vez disso, as placas parecem ainda estar se afastando, mantendo uma conexão geológica que desafia a noção de dois continentes separados.
Os achados da equipe se concentram em uma formação chamada Dorsal Groenlândia-Islândia-Faroe (GIFR), que, segundo o estudo, contém fragmentos geológicos de ambas as placas tectônicas. Essa evidência desafia a suposição de que a Islândia é uma ilha vulcânica isolada e, em vez disso, a enquadra como uma espécie de ponte, ligando crostas continentais que ainda não se separaram completamente.
Como Islândia se compara a outras regiões vulcânicas?
Para apoiar suas alegações, os pesquisadores comparam a Islândia à região de Afar, no leste da África, outra zona vulcânica localizada ao longo de uma grande fenda. As semelhanças na composição crustal e na atividade vulcânica sugerem que ambas as regiões podem estar passando por processos tectônicos semelhantes. Esse paralelo, argumentam, adiciona peso à ideia de que o Atlântico Norte não é uma história concluída de separação, mas sim um exemplo vivo de deriva continental em progresso.
Quais são as descobertas de microcontinentes ocultos?
O estudo se baseia em trabalhos anteriores da equipe de Phethean, incluindo a descoberta de um proto-microcontinente sob o Estreito de Davis, entre o Canadá e a Groenlândia. Aproximadamente do tamanho da Inglaterra, essa massa de terra enterrada está localizada perto da Ilha de Baffin e, assim como a Islândia, fornece mais evidências de que fragmentos continentais permanecem ocultos sob a crosta oceânica.
Esses eventos de formação de fendas e microcontinentes são fenômenos contínuos. Compreendê-los pode melhorar nossa capacidade de prever o futuro geológico da Terra e identificar regiões ricas em recursos que foram anteriormente negligenciadas.
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Quais são as implicações para o mapa global?
Se as conclusões da equipe forem confirmadas por meio de testes adicionais — atualmente em andamento através de análises geoquímicas de rochas islandesas e modelagem tectônica computacional — isso significaria repensar o mapa global padrão. Europa e América do Norte, antes consideradas continentes totalmente separados, podem ainda fazer parte da mesma estrutura tectônica.
Isso deixaria apenas seis continentes verdadeiros na Terra, e um paradigma geográfico muito mais dinâmico do que aparece nos atlas escolares. A pesquisa de Phethean e sua equipe pode, portanto, reescrever o que se sabe sobre a tectônica de placas e a geografia global.
