No universo da astronomia, a busca por planetas fora do Sistema Solar revela como a tecnologia e o conhecimento científico avançaram ao longo dos anos. O sistema Kepler-139 se tornou destaque em 2025 após cientistas confirmarem a presença de um planeta oculto, identificado a partir de observações indiretas e análise detalhada das órbitas dos demais corpos celestes ao redor da mesma estrela.
No coração dessa descoberta está o exoplaneta batizado Kepler-139f, cuja massa é aproximadamente o dobro da de Netuno e 35 vezes maior que a da Terra. Apesar de seu tamanho expressivo, ele permaneceu desconhecido por muito tempo devido à sua órbita inclinada, que impossibilitava a observação direta pelos métodos comuns utilizados pela missão espacial Kepler.
Como o método de trânsito revelou mundos distantes?
Tradicionalmente, o método de trânsito é uma das técnicas mais utilizadas para identificar exoplanetas. Ele consiste em monitorar a luz emitida por uma estrela e observar pequenas quedas de brilho quando um planeta passa à frente dela, visto da Terra. Essa diminuição é um forte indicativo de que há um corpo celeste orbitando a estrela, o que permite aos cientistas calcular tamanho e período orbital do planeta.
No entanto, planetas que não passam diretamente entre a estrela e o observador podem escapar dessa detecção. Foi o caso do Kepler-139f, que seguiu oculto mesmo após o registro de três super-Terras e um gigante gasoso naquele sistema estelar. Isso demonstra a limitação do método de trânsito quando o alinhamento dos corpos não é favorável à observação da Terra.
Como foi possível detectar Kepler-139f sem observá-lo diretamente?
A localização de Kepler-139f só foi possível por meio da combinação de métodos indiretos, aproveitando as influências gravitacionais de planetas já conhecidos no sistema. Entre essas ferramentas estão:
- Medição de velocidade radial (RV): avalia o movimento da estrela causado pelo puxão gravitacional de todos os planetas em sua órbita, o que permite inferir a massa e até a existência de mundos não visíveis por trânsito.
- Variação no tempo de trânsito (TTV): baseia-se em pequenas alterações observadas nos horários em que os planetas conhecidos atravessam a estrela, indícios de que outros corpos – como Kepler-139f – também exercem influência gravitacional sobre os demais.
Essa abordagem multidisciplinar resultou no ajuste dos cálculos sobre a densidade e as características dos outros planetas já catalogados, fortalecendo a hipótese e posterior confirmação de mais um planeta naquele sistema.

Por que encontrar exoplanetas como Kepler-139f é relevante para a ciência?
Identificar planetas ocultos, especialmente gigantes gasosos situados na região externa do sistema, é fundamental para compreender como funcionam a formação e a evolução planetária ao redor de diferentes estrelas. O estudo detalhado de Kepler-139f, aliado à reavaliação de dados sobre os demais integrantes do sistema, contribui diretamente para o refinamento das teorias atuais sobre a composição e estrutura de exoplanetas.
Além disso, essas descobertas demonstram que os avanços tecnológicos e metodológicos da astronomia no século XXI têm ampliado o alcance dos telescópios tanto nas observações diretas quanto indiretas. A previsão da missão europeia PLATO, programada para 2026, deve potencializar a identificação de novos planetas por meio do aperfeiçoamento das medições e da análise de mais sistemas estelares distantes.
O que esperar de futuras missões na pesquisa de exoplanetas?
Com o aprimoramento dos instrumentos de observação e a integração de métodos como o trânsito, velocidade radial e TTV, as próximas décadas prometem ampliar expressivamente o catálogo de exoplanetas conhecidos. Missões como o PLATO vão dedicar atenção especial às regiões externas dos sistemas planetários, onde mundos como Kepler-139f podem ainda permanecer escondidos.
Esse avanço tornará cada vez mais raro que grandes planetas escapem ao olhar da ciência, enriquecendo o conhecimento sobre a diversidade de planetas e sobre a dinâmica dos sistemas planetários longe do Sol. Assim, a descoberta de novos exoplanetas fortalece o entendimento sobre o lugar da Terra no universo e oferece pistas sobre a existência de condições para a vida em outros cantos do cosmos.







