“Babygirl” chegou ao Prime Video e virou uma das principais atrações da plataforma, conquistando espectadores com sua narrativa audaciosa e provocante. O thriller erótico da A24 traz Nicole Kidman em um de seus papéis mais arriscados da carreira, mostrando uma executiva de sucesso que se vê completamente transformada por um relacionamento inesperado. A direção ficou por conta de Halina Reijn, conhecida por “Morte Morte Morte” e “Instinto”.
A história gira em torno de Romy (Nicole Kidman), uma CEO de uma empresa de tecnologia em Nova York, casada com Jacob (Antonio Banderas), um diretor de teatro. Tudo muda quando ela conhece Samuel (Harris Dickinson), um jovem estagiário que desperta nela desejos há muito tempo reprimidos. O que começa como uma atração perigosa logo se transforma em uma relação que ameaça destruir tudo o que ela construiu.
O que torna a performance de Nicole Kidman tão especial?
Nicole Kidman entregou uma atuação corajosa e totalmente diferente do que estamos acostumados a ver dela. Aos 57 anos, a atriz se permitiu explorar a vulnerabilidade e os conflitos internos de uma mulher bem-sucedida que descobre aspectos ocultos de sua personalidade. Sua interpretação é marcada por uma mistura de força e fragilidade que torna Romy uma personagem complexa e humana.
A atriz chegou a declarar que este é o projeto mais ousado de toda sua carreira. Nicole não apenas enfrentou cenas íntimas desafiadoras, mas mergulhou fundo na psicologia de uma mulher que vive uma crise de identidade sexual e emocional. O resultado é uma performance que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza e uma indicação ao Globo de Ouro.
Como Halina Reijn reinventou o gênero thriller erótico?
Halina Reijn trouxe uma perspectiva feminina única para um gênero tradicionalmente dominado por homens. A diretora holandesa construiu uma narrativa que vai além do erotismo superficial, focando nos aspectos psicológicos e nas dinâmicas de poder entre os personagens. Sua abordagem é clínica e inteligente, evitando cair em estereótipos ou sensacionalismo barato.
A direção de Reijn contrasta de forma brilhante os ambientes corporativos frios e controlados com os espaços íntimos onde os personagens se despem não apenas fisicamente, mas emocionalmente. A câmera é extremamente próxima dos rostos, especialmente de Nicole Kidman, criando uma intimidade quase claustrofóbica que mergulha o espectador na mente da protagonista.
Por que Babygirl está causando tanto impacto na cultura?
“Babygirl” chegou em um momento em que Hollywood tem evitado filmes com conteúdo sexual explícito, priorizando produções mais “seguras” para atingir classificações menores. O filme representa um retorno corajoso ao thriller erótico que marcou os anos 80 e 90, mas com uma abordagem contemporânea e consciente das questões de gênero e poder.
O longa faz parte de uma tendência interessante de 2024, que viu vários filmes explorando relacionamentos entre mulheres mais velhas e homens mais jovens. Títulos como “A Ideia de Você” com Anne Hathaway e “Planeta Solitário” com Laura Dern também abordaram essa dinâmica, mostrando que há um interesse crescente em narrativas que quebram tabus sobre sexualidade feminina madura.
Qual o verdadeiro significado por trás da história?
Apesar de toda a carga sexual, “Babygirl” é fundamentalmente uma história sobre poder e autoconhecimento. Romy não é apenas uma mulher traindo o marido, ela é alguém descobrindo aspectos de si mesma que foram reprimidos por décadas. A relação com Samuel funciona como um catalisador para questões mais profundas sobre identidade, controle e liberdade pessoal.
Um detalhe curioso é que a trilha sonora inclui “Never Tear Us Apart” do INXS, uma música que a A24 teve dificuldade para conseguir os direitos. Quando Halina Reijn comentou o problema com Nicole Kidman, a atriz conseguiu resolver a situação em apenas alguns dias, mostrando seu comprometimento total com o projeto. O filme também marca uma volta dos thrillers eróticos para o cinema mainstream, um gênero que estava praticamente extintos desde os anos 2000.
