A cinebiografia “Homem com H” virou uma verdadeira febre nacional, atraindo mais de 600 mil espectadores e arrecadando impressionantes R$ 13 milhões em pouco mais de um mês desde sua estreia nos cinemas. O filme, que conta a vida do icônico Ney Matogrosso, ocupou posições de destaque no ranking brasileiro, chegando à terceira colocação em seu fim de semana de estreia com R$ 3,6 milhões arrecadados e mais de 160 mil pessoas nas salas de cinema.
Dirigido por Esmir Filho e protagonizado por Jesuíta Barbosa, a produção também ganhou força após estrear na Netflix em 17 de junho, rapidamente se tornando o filme mais assistido da plataforma em apenas quatro dias. Com um orçamento robusto de R$ 18 milhões, “Homem com H” representa um marco no cinema nacional contemporâneo, mostrando que histórias brasileiras autênticas têm força para conquistar multidões.
O Que Torna a Performance de Jesuíta Barbosa Tão Especial?
A grande surpresa de “Homem com H” está na transformação impressionante de Jesuíta Barbosa, que literalmente se metamorfoseou em Ney Matogrosso. O ator passou meses em preparação intensa para capturar não apenas a aparência física do cantor, mas principalmente sua essência artística e presença de palco magnética. Críticos especializados destacaram que Jesuíta não imita Ney, ele simplesmente se torna o artista na tela.
O próprio Ney Matogrosso elogiou publicamente a interpretação, participando de diversas entrevistas ao lado do ator e brincando com as semelhanças entre eles. Esta parceria criativa entre o biografado e seu intérprete garantiu uma autenticidade rara em cinebiografias, onde cada gesto, cada olhar e cada movimento no palco carrega a verdade artística que marcou gerações de brasileiros.
Quais Segredos dos Secos & Molhados o Filme Revela?
Uma das partes mais cativantes de “Homem com H” é justamente a retratação da meteórica ascensão e queda dos Secos & Molhados, banda que revolucionou a música brasileira nos anos 1970. O filme mostra como o grupo, formado por Ney Matogrosso, João Ricardo e Gérson Conrad, vendeu mais de 1 milhão de cópias de seu primeiro álbum em menos de um ano, um feito extraordinário para a época.
O longa também explora os bastidores turbulentos que levaram ao fim precoce da banda em 1974, incluindo desentendimentos sobre dinheiro, mudança de empresário e conflitos criativos. Uma curiosidade fascinante revelada é que inicialmente a gravadora encomendou apenas 1,5 mil cópias do primeiro disco, que se esgotaram em uma semana, forçando a empresa a derreter outros álbuns encalhados para produzir mais vinil devido à escassez do material no mercado.
Como “Homem com H” Retrata a Resistência Cultural Durante a Ditadura?
Um dos aspectos mais impactantes do filme é a forma corajosa como “Homem com H” aborda a relação entre arte e resistência durante a ditadura militar brasileira. O longa mostra como Ney Matogrosso e os Secos & Molhados desafiaram a censura e os padrões conservadores da época com suas performances ousadas, maquiagem extravagante e letras subversivas disfarçadas em poemas clássicos.
O filme recria momentos históricos marcantes, como o famoso show no Maracanãzinho em 1974, onde Ney confrontou diretamente a polícia militar que agredia o público, gritando para os guardas “deixa os caras ficarem aí”. Este episódio simboliza perfeitamente como o artista usou sua arte como forma de resistência política e social, transformando cada apresentação em um ato de coragem e liberdade em pleno período mais repressivo da ditadura brasileira.










