O uso de recipientes plásticos para aquecer alimentos no micro-ondas é uma prática comum em muitos lares, mas tem gerado questionamentos sobre possíveis riscos à saúde. A discussão ganhou destaque nos últimos anos, especialmente devido à preocupação com a liberação de microplásticos e substâncias químicas presentes nos plásticos. Entender o que acontece ao esquentar alimentos em recipientes plásticos pode ajudar a tomar decisões mais seguras no dia a dia.
Pesquisas recentes apontam que, ao serem submetidos ao calor, alguns tipos de plásticos podem liberar partículas microscópicas e compostos químicos, como o bisfenol A (BPA) e os ftalatos. Essas substâncias são conhecidas por seu potencial de interferir no sistema endócrino e podem ser absorvidas pelo organismo por meio dos alimentos. Por isso, o tema desperta interesse tanto de consumidores quanto de especialistas em saúde pública.
O que são microplásticos e por que eles preocupam?
Microplásticos são pequenas partículas de plástico, geralmente com menos de cinco milímetros de diâmetro. Eles estão presentes em diversos ambientes, incluindo água, solo e até mesmo no ar. A preocupação com os microplásticos aumentou após estudos identificarem sua presença em alimentos, bebidas e no corpo humano. Essas partículas podem ser ingeridas sem que se perceba, principalmente quando alimentos são aquecidos em recipientes plásticos inadequados.
Além dos microplásticos, compostos como BPA e ftalatos também podem migrar do plástico para o alimento durante o aquecimento. Esses aditivos são usados para dar características específicas aos plásticos, como resistência ou flexibilidade. No entanto, quando expostos ao calor, eles podem se desprender do material e contaminar o alimento, aumentando o risco de exposição a substâncias potencialmente prejudiciais.
É seguro esquentar comida no micro-ondas usando plástico?
A segurança de aquecer alimentos em recipientes plásticos depende do tipo de plástico utilizado. Nem todos os plásticos são projetados para suportar altas temperaturas. Recipientes que não possuem a indicação de uso seguro em micro-ondas podem liberar maiores quantidades de microplásticos e aditivos químicos. Por isso, órgãos reguladores recomendam que apenas plásticos certificados como próprios para micro-ondas sejam utilizados para esse fim.
Estudos publicados em 2023 mostraram que o aquecimento de plásticos no micro-ondas pode liberar bilhões de partículas microscópicas por centímetro quadrado do recipiente. Embora ainda não haja consenso sobre os efeitos de longo prazo da ingestão dessas partículas, especialistas sugerem que a exposição contínua pode estar relacionada a alterações no sistema imunológico, desequilíbrios hormonais e outros impactos à saúde.

Como reduzir a exposição a microplásticos ao aquecer alimentos?
Existem alternativas simples para minimizar o contato com microplásticos e aditivos químicos ao aquecer alimentos. Algumas práticas recomendadas incluem:
- Utilizar recipientes de vidro ou cerâmica para aquecer alimentos no micro-ondas, pois esses materiais não liberam partículas plásticas.
- Evitar reutilizar embalagens plásticas descartáveis, como potes de margarina ou embalagens de delivery, para aquecer alimentos.
- Verificar se o recipiente plástico possui selo de segurança para micro-ondas antes de utilizá-lo.
- Armazenar alimentos em recipientes de vidro sempre que possível, reduzindo o tempo de contato com o plástico.
Além dessas medidas, a escolha de garrafas de água de vidro ou aço inoxidável e a preferência por alimentos frescos em vez de processados também podem contribuir para a redução da exposição a microplásticos. Filtros de água específicos para retenção de partículas plásticas são outra opção para quem busca minimizar riscos.
Quais são os possíveis efeitos dos microplásticos na saúde?
Os efeitos dos microplásticos no organismo ainda estão sendo estudados, mas pesquisas já identificaram sua presença em diferentes tecidos humanos, como sangue, pulmões e até no cérebro. Há indícios de que a exposição contínua possa estar associada a inflamações, alterações hormonais e problemas no sistema imunológico. Um estudo recente apontou uma possível relação entre a presença de microplásticos no cérebro e o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar essa ligação.
Apesar de não ser possível eliminar completamente o contato com microplásticos, adotar hábitos mais seguros ao aquecer alimentos pode ajudar a reduzir a exposição. O tema segue em pauta na comunidade científica, e novas descobertas devem orientar futuras recomendações sobre o uso de plásticos em contato com alimentos.










