O plural das palavras terminadas em “é” costuma levantar dúvidas, principalmente quando se comparam exemplos como café / cafés e pé / pés. À primeira vista, poderia parecer lógico dizer “péses”, repetindo o modelo de “cafés”, mas a forma é considerada incorreta pela gramática normativa. A explicação não está apenas no uso cotidiano, e sim em regras específicas de formação do plural e de acentuação da língua portuguesa, descritas por gramáticas e materiais de referência, como os publicados pela Academia Brasileira de Letras (ABL) e pelo Brasil Escola.
Por que o plural de café mantém o “e” final
A palavra café termina em é tônico seguido de uma consoante muda (a letra “f”), e o “e” realmente faz parte da raiz gráfica. Nos exemplos apresentados por gramáticas da ABL e por materiais de apoio como o Brasil Escola, palavras oxítonas terminadas em “-é” formam o plural com o acréscimo de “s” simples, sem alteração da base: café → cafés. O acento agudo é mantido para indicar a tonicidade da última sílaba, que continua sendo “fé”.
Nesse grupo, cabem diversos substantivos oxítonos que seguem o mesmo padrão de plural e de acentuação, reforçando a regularidade do sistema. Em todos esses casos, a palavra já termina em vogal tônica, o plural é formado apenas com “s”, e o acento é preservado para manter a mesma pronúncia.
- chulé → chulés
- purê → purês
- robô → robôs (outro padrão de oxítona acentuada, com mesma lógica de tonicidade)
Para aprofundarmos o tema, trouxemos o tema do perfil @portugueselegal:
@portugueselegal Qual é o plural da palavra café? Certamente não é cafezes, ao contrário do que o Google vai dizer. #linguaportuguesa #educacao #tokdoenem #gramatica #aprendanotiktok #foryoupage #paravoce #fyyyyyyyyyyyyyyyy ♬ som original – Carol Jesper Português é legal
Por que o plural de pé é “pés” e não “péses”
O caso de pé é diferente porque remete a um padrão histórico e morfológico próprio, ligado inclusive à sua origem latina (“pes, pedis”). Embora “pé” também seja oxítona com “é” tônico, a formação de palavras derivadas mostra que o e final pode ser perdido ou modificado na composição e na flexão. Gramáticas de referência registram que, em certos vocábulos curtos, a língua tende a evitar sequências de sílabas que soariam artificiais, como “pés-es”.
Em vez de acrescentar “-es” preservando todas as letras, ocorre um processo de simplificação fonética, resultando em pés. Esse comportamento pode ser observado na família lexical da palavra, em que o radical sofre alternâncias regulares, confirmadas por dicionários e pela gramática normativa.
- pé → pézinho (perda do “e” pleno e adaptação na pronúncia: /pé-zin-ho/)
- pé → pedal, pedestre (na origem latina, “pes, pedis”, o radical “ped-” explica a alternância)
Como funciona a regra de acentuação e de perda do “e” final
A explicação para cafés e pés também passa pelas normas de acentuação gráfica das oxítonas. Segundo as regras resumidas pela ABL e por portais educacionais, as palavras oxítonas são acentuadas quando terminam em a(s), e(s), o(s), em, ens. Assim, tanto café quanto pé são oxítonas terminadas em “é”, recebendo acento agudo para marcar a tonicidade.
Ao formar o plural, a língua observa tanto a estrutura da sílaba tônica quanto a naturalidade da pronúncia. Em vocábulos mais longos, preserva-se o “e” tônico e acrescenta-se apenas “s”; já em palavras muito curtas, como “pé”, há tendência à simplificação, com perda do “e” que seria redundante na fala.

Como visualizar na prática a diferença entre “cafés” e “pés”
Para quem estuda ortografia, é útil observar a relação entre singular, plural e derivados, comparando famílias de palavras. Alguns exemplos simples ajudam a visualizar a regra na prática, sem recorrer a explicações excessivamente técnicas, mostrando como o português equilibra regularidade morfológica e ajustes fonéticos em certos vocábulos.
- café → cafés, cafezal, cafezinho
- pé → pés, pedestre, pedágio, pézinho
- chulé → chulés
- purê → purês
Quais são exemplos de plurais com “é” tônico
Nesse conjunto de palavras com “é” tônico, “cafés” representa o padrão regular da manutenção do “e” final no radical, enquanto “pés” ilustra a simplificação que ocorre em algumas palavras curtas. A comparação entre essas formas mostra que a língua segue padrões estáveis, mas admite pequenas variações estruturais para garantir fluidez na fala.
- café → cafés
- chulé → chulés
- purê → purês
- pé → pés
- maré → marés
- babé (nome próprio hipotético) → babés







