O zumbido, ou acúfeno, é uma percepção insonora produzida no próprio organismo, caracterizada por sons como zumbidos, silvos ou murmúrios, sem uma fonte externa. Embora não seja classificado como uma doença única, o zumbido costuma ser um sintoma ligado a diversas condições médicas, entre elas a perda de audição relacionada à idade, lesões no ouvido ou questões circulatórias e metabólicas.
O que é o zumbido e quais pessoas são mais afetadas
Um estudo publicado no JAMA Otolaryngology indica que o zumbido afeta de 15% a 20% da população, sendo mais prevalente entre adultos mais velhos. O distúrbio frequentemente surge em consequência de uma condição subjacente, com intensidade e frequência variáveis entre os afetados.
Mesmo sendo uma percepção individual, não notada por terceiros, o zumbido pode impactar significativamente o bem-estar e favorecer sintomas de ansiedade ou insônia, especialmente quando persistente. Em alguns casos, pode interferir também na concentração, no desempenho profissional e na qualidade de vida social do paciente.
A especialista Jéssica, no perfil @desneurando no TikTok, abordou o tema falando de pessoas neurodivergentes:
@desneurando 👂🏻Zumbido no ouvido do nada? Aquela sensação de “piiiiiiii” que parece brotar do além? Se você é neurodivergente — tem TDAH, é autista, altamente sensível ou lida com ansiedade crônica — isso pode ter uma explicação bem mais comum (e válida!) do que parece. 👉 Esse zumbido, chamado tinnitus, não vem sempre de um problema físico no ouvido. Muitas vezes, ele está ligado a como seu sistema nervoso e cérebro sensorialmente hiperativo estão funcionando. 💥 Pessoas neurodivergentes costumam ter: • Hipersensibilidade auditiva – sons que passam despercebidos para outros, chegam como uma avalanche. • Sistema nervoso simpático mais ativado – ou seja, o corpo está com o alerta ligado o tempo todo. • Baixo limiar de sobrecarga sensorial – quando tem estímulo demais (luz, som, informação), o cérebro literalmente dá tilt. E às vezes, esse tilt se manifesta em forma de zumbido. 🧠 Estudos mostram que o tinnitus pode ser intensificado por estresse, fadiga mental e ansiedade — e tudo isso é muito comum em cérebros neurodivergentes. Ou seja: não é “coisa da sua cabeça” no sentido de ser inventado. É sim, da sua cabeça — mas porque seu cérebro está tentando dar um alerta. Tipo: 🚨 “Ei, tô sobrecarregado. Vamos desacelerar?” 🧩 Em autistas e pessoas com TDAH, há também uma tendência maior a perceber ruídos internos que outras pessoas “bloqueiam” automaticamente. Isso tem a ver com a forma diferente como o cérebro processa e filtra estímulos. Então sim, o zumbido pode ser seu corpo dizendo: “Já deu por hoje.” E não, você não está sozinho(a). Muita gente sente isso e não sabe que tem nome, causa, e que pode ser sinal de cansaço sensorial acumulado. 📌 Se você também tem isso, comenta aqui. #neurodivergente #tea #tdah #superdotado #viraltiktok #trend #fypp ♬ som original – Jessica🧠Desneura
Quais fatores podem causar o zumbido no ouvido
O zumbido está ligado a numerosas causas e fatores de risco. Entre eles destacam-se a exposição regular a ruídos intensos, envelhecimento natural, uso de medicamentos ototóxicos e características de saúde como hipertensão ou doenças cardiovasculares. Uma revisão sistemática realizada por Ziai et al (2019), mostrou forte associação entre zumbido crônico e sintomas de depressão, ansiedade e impacto significativo na qualidade do sono.
A seguir, confira alguns dos principais fatores associados ao surgimento do zumbido:
- Exposição a sons altos: Como música alta em fones de ouvido ou ambientes industriais.
- Tabagismo e consumo de álcool: Aumentam o risco para alterações auditivas.
- Problemas de saúde: Obesidade, lesões na cabeça, anemia e doenças circulatórias.
- Processo de envelhecimento: Diminuição natural das fibras auditivas.
Como é realizado o diagnóstico do zumbido por profissionais de saúde
O diagnóstico do zumbido, em geral, é baseado no relato dos sintomas pelo paciente. Exames auditivos são realizados para avaliar a extensão da perda auditiva, enquanto exames de imagem e laboratoriais auxiliam a identificar causas secundárias.
Descrever os tipos de ruídos percebidos é uma etapa essencial. Isso pode direcionar os profissionais ao identificar a possível origem do sintoma:
- Chasquido: Contrações musculares ao redor do ouvido.
- Zumbido pulsante: Possíveis alterações vasculares.
- Timbres de baixo tom: Obstruções no canal auditivo ou doença de Ménière.
- Timbres de alto tom: Comuns após exposição a sons altos ou efeitos colaterais medicamentosos.

Quais são as formas de tratar e aliviar sintomas do zumbido
O manejo do zumbido é voltado principalmente ao tratamento das causas subjacentes quando estas são identificadas. Procedimentos como remoção de cera, controle cardiovascular e uso de aparelhos auditivos podem trazer alívio aos sintomas.
Abordagens complementares incluem máquinas de ruído branco, dispositivos de mascaramento e técnicas comportamentais. O suporte psicológico e modificação de hábitos ajudam na adaptação ao sintoma. Recentemente, terapias como a terapia de habituação ao zumbido (TRT) e programas de reabilitação auditiva vêm ganhando destaque por auxiliarem o paciente a lidar melhor com a percepção dos ruídos e reduzir seu impacto emocional. Além disso, manter uma alimentação saudável e evitar estimulantes também pode ajudar a controlar o quadro de zumbido.
Referências bibliográficas
- Bhatt, J. M., et al. (2021). Prevalence of Tinnitus in the United States. JAMA Otolaryngology–Head & Neck Surgery.
- Ziai, K., et al. (2019). Depression and anxiety in tinnitus patients. Journal of Affective Disorders.








