A forma como uma pessoa caminha pode funcionar como um verdadeiro sinal de alerta sobre o estado geral de saúde. Detalhes que, à primeira vista, parecem pouco importantes — como a postura, o equilíbrio e o posicionamento dos pés, podem indicar desde simples alterações musculares até condições neurológicas ou cardiovasculares mais complexas.
O que a caminhada revela sobre a saúde geral
A chamada marcha humana engloba vários elementos: velocidade, ritmo, comprimento do passo, balanço dos braços, movimentação da bacia e posição da cabeça. Estudos sobre caminhada e saúde indicam que pessoas que mantêm uma velocidade de marcha mais elevada, dentro de limites adequados, tendem a apresentar maior autonomia funcional e melhor prognóstico de vida, especialmente na terceira idade (Studenski et al., 2011).
Já uma caminhada lenta, arrastada ou muito assimétrica pode sinalizar perda de força, dores crónicas ou alterações neurológicas. Em muitos casos, pequenas mudanças na forma de andar aparecem antes de outros sintomas, permitindo uma intervenção precoce com fisioterapia, exercícios específicos e ajustes de estilo de vida.
Como alterações na marcha podem indicar doenças
Alterações discretas na forma de andar podem surgir antes de queixas claras de dor ou fraqueza. Um pé que arrasta levemente, um desequilíbrio sutil ao fazer curvas ou uma dificuldade inesperada para manter o ritmo podem estar ligados a problemas musculares, articulares, nos nervos periféricos ou até no cérebro, sobretudo em idosos (Hausdorff, 2005).
Profissionais como fisioterapeutas, médicos e podólogos observam a forma de caminhar como parte da avaliação clínica. Em alguns casos, incapacidade de andar em linha reta, necessidade de apoio constante em paredes ou móveis e tropeços frequentes sugerem alterações no equilíbrio, problemas vestibulares ou consequências de um acidente vascular cerebral, exigindo investigação especializada.
Para aprofundar sobre o tema, trouxemos o vídeo abaixo do canal BBC News Brasil, que já conta com mais de 90 mil visualizações, e aborda o tema sobre a velocidade na corrida:
Quais doenças podem aparecer na forma de caminhar
Entre as condições que podem se manifestar na caminhada, costumam ser analisadas não só as queixas de dor, mas também a coordenação, o padrão dos passos e a resistência ao esforço. Esses sinais servem como pistas iniciais para orientar exames e consultas com o especialista adequado.
- Doenças neurológicas: dificuldade de coordenação, passos curtos, rigidez ou tremores podem indicar alterações no cérebro ou na medula.
- Problemas articulares: dor nos joelhos, quadris ou tornozelos leva, muitas vezes, a um descompasso no passo para aliviar o desconforto.
- Alterações musculares: fraqueza em determinados grupos musculares pode gerar marcha bamboleante ou instável.
- Questões cardiovasculares: cansaço rápido, falta de ar e dor nas pernas ao caminhar podem sinalizar insuficiência circulatória.
Para detalhar o tema, trouxemos o vídeo do Dr. Alexandre Mato, que explica como a caminhada pode revelar muito sobre sua saúde:
@dr.alexandreamato 🚶♂💭 Já parou pra pensar nos sinais que seu corpo dá durante uma caminhada? Descubra como avaliar seus sintomas e melhorar sua saúde! Assista ao vídeo completo no nosso canal do YouTube e neste link: https://bio.amato.io/y273 #SaúdeEmPrimeiroLugar #CaminhadaConsciente #CuideDeVocê ♬ som original – dr.alexandreamato
Como testar a própria caminhada em casa de forma simples
Alguns métodos simples podem ajudar a avaliar a qualidade da caminhada no dia a dia. Eles não substituem uma consulta, mas funcionam como ferramentas de autoobservação. Uma estratégia é caminhar em frente a um espelho grande, em linha reta, prestando atenção à postura, ao alinhamento dos ombros e ao movimento das ancas, notando se o corpo permanece estável.
Outra possibilidade é gravar um vídeo curto com o telemóvel, caminhando em terreno plano e com boa iluminação. Mais tarde, é possível analisar se os pés tocam o chão de forma semelhante, se há um padrão regular de impulso, se um ombro está mais elevado e se a cabeça se mantém alinhada. Os sapatos também fornecem pistas importantes por meio do desgaste da sola.
Quando procurar ajuda especializada para alterações na marcha
Alguns sinais ligados à forma de caminhar merecem atenção imediata, pois podem indicar risco de quedas ou doenças mais graves. Entre eles estão quedas repetidas em pouco tempo, desequilíbrio súbito, dificuldade nova para iniciar o passo, dores intensas ao andar e sensação de que as pernas “não respondem” como antes.
Em situações mais simples, a correção da marcha pode incluir uso de calçado adequado, palmilhas específicas, fortalecimento muscular e treino de equilíbrio em fisioterapia. Em quadros complexos, pode ser necessário acompanhamento neurológico, ortopédico ou cardiológico. Manter atenção às mudanças no jeito de andar funciona como um recurso prático para detetar precocemente alterações de saúde e facilitar intervenções em tempo oportuno.
Referências bibliográficas
- STUDENSKI, S. et al. Gait speed and survival in older adults. Journal of the American Medical Association (JAMA), v. 305, n. 1, p. 50–58, 2011.
- HAUSDORFF, J. M. Gait variability: Methods, modeling and meaning. Journal of NeuroEngineering and Rehabilitation, v. 2, n. 19, 2005.
