A psicologia contemporânea analisa com atenção os gestos cotidianos e o modo como revelam traços de personalidade, intenções e formas de se relacionar com o ambiente. Entre esses comportamentos, ganha espaço o interesse pela conduta prosocial, isto é, atitudes de ajuda espontânea e desinteressada em relação a outras pessoas.
O que é comportamento prosocial na psicologia e como ele é definido
Na literatura psicológica, o comportamento prosocial é definido como qualquer ação voluntária destinada a beneficiar outra pessoa ou um grupo, sem a exigência explícita de recompensa. Essa definição está alinhada com a proposta de Eisenberg e Mussen (1989), que descrevem o comportamento prosocial como ações voluntárias voltadas a beneficiar outros, associadas a valores como solidariedade e responsabilidade coletiva.
Esse tipo de conduta envolve elementos como empatia, senso de responsabilidade social, autocontrole e consciência moral, indo além da boa educação ou do simples cumprimento de regras. Estudos em psicologia moral e neurociência social mostram que a empatia envolve tanto a tomada de perspectiva quanto julgamentos sobre o que é justo e cuidadoso, como discutem Decety e Cowell (2014), contribuindo diretamente para a motivação de ajudar em situações concretas.
Para ampliar o tema, trouxemos o vídeo da psicanalista Ana Luiza, publicado em seu perfil @ana.luizapsi, em que ela explica a visão da psicologia sobre o tema:
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Como o comportamento prosocial se manifesta em diferentes contextos do cotidiano
Em ambientes presenciais, o comportamento prosocial aparece em diferentes intensidades, desde atitudes breves até compromissos de longo prazo com causas coletivas. Em restaurantes e cafeterias, por exemplo, atitudes como organizar pratos, não deixar sujeira espalhada e facilitar a circulação dos atendentes expressam consideração pelo tempo e esforço das pessoas ao redor e ajudam a criar um clima de respeito.
Alguns exemplos práticos incluem ajudar a carregar objetos pesados, ceder o lugar em transportes públicos, orientar pessoas que parecem perdidas ou defender colegas de comentários desrespeitosos. Em ambientes online, isso se manifesta ao moderar discursos de ódio, compartilhar informações confiáveis, apoiar emocionalmente pessoas em sofrimento e participar de redes de apoio digitais em situações de crise ou vulnerabilidade.
Quais características o comportamento prosocial revela na prática
Estudos recentes sobre comportamento prosocial identificam traços recorrentes entre indivíduos que costumam agir de forma colaborativa e solidária em situações banais. Esses traços ajudam a entender por que certas pessoas oferecem ajuda com mais frequência e espontaneidade do que outras, mesmo sob pressão de tempo ou diante de desconhecidos e de diferenças culturais.
Na prática, essas características se tornam visíveis em pequenos detalhes, como a disposição em ouvir com atenção e a prontidão em adaptar o próprio comportamento para reduzir conflitos e tensões. Em longo prazo, indivíduos com perfil mais prosocial tendem a construir redes de apoio estáveis, manter relações mais cooperativas e contribuir para climas sociais mais inclusivos e orientados ao cuidado mútuo.
- Empatia cognitiva e emocional: capacidade de perceber o que o outro sente e imaginar-se em condições semelhantes, favorecendo a ajuda genuína.
- Consciência social: atenção às normas de convivência, às necessidades pouco visíveis e às desigualdades presentes no ambiente.
- Autonomia para agir: iniciativa para tomar decisões de ajuda sem depender de orientações diretas ou de reconhecimento público.
- Regulação emocional: habilidade de controlar impulsos egocêntricos e considerar o impacto das ações nas relações e no grupo.
Quais fatores influenciam o comportamento prosocial em diferentes contextos
A adoção de comportamentos prosociais resulta de uma combinação de elementos biológicos, sociais e culturais que se articulam ao longo do desenvolvimento. Aspectos de personalidade, experiências na infância, modelos familiares e normas de cada grupo social podem fortalecer ou inibir atitudes de ajuda no cotidiano, inclusive em ambientes altamente competitivos ou marcados por desigualdades.
Eisenberg e Mussen (1989) destacam o papel de práticas parentais acolhedoras, da oportunidade de observar modelos de comportamento e do encorajamento à empatia como fatores centrais na infância. Pesquisas em psicologia social e neurociência relacionam a prática de ações solidárias a bem-estar subjetivo, qualidade das relações e percepção de pertencimento, enquanto Decety e Cowell (2014) sugerem que a empatia precisa estar articulada a princípios como justiça e equidade para que o comportamento prosocial seja consistente.

Quais são as principais referências e aplicações sobre comportamento prosocial
Ao integrar achados clássicos, como os de Eisenberg e Mussen (1989), com estudos contemporâneos, a psicologia amplia a compreensão sobre como o comportamento prosocial se forma ao longo da vida. Essa integração permite pensar intervenções em educação, saúde mental, políticas públicas e cultura organizacional, voltadas a estimular cooperação, respeito e ajuda mútua em contextos plurais.
O comportamento prosocial surge como uma das chaves para compreender como indivíduos constroem vínculos estáveis e ambientes de convivência mais organizados e cooperativos.
Referências bibliográficas
- EISENBERG, Nancy; MUSSEN, Paul Henry. The Roots of Prosocial Behavior in Children. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
- DECETY, Jean; COWELL, Jason M. The complex relation between empathy and morality. Annual Review of Psychology, 2014.










