A frase latina “Esse est percipi” pode soar enigmática à primeira vista, mas sua ideia central é simples e provocadora: existir é ser percebido. Criada no século 18 pelo filósofo irlandês George Berkeley, ela voltou a ganhar força no debate contemporâneo por dialogar diretamente com a lógica do mundo digital e das redes sociais.
O que Berkeley quis dizer com “existir é ser percebido”?
Para Berkeley, nada existe de forma independente da mente. Objetos, pessoas e o próprio mundo só existem enquanto são percebidos por alguém.
Segundo seu pensamento idealista:
- não acessamos a “realidade em si”, apenas percepções;
- tudo o que conhecemos chega à mente pelos sentidos;
- sem percepção, não há existência concreta.
Isso não significa que as coisas desaparecem quando ninguém olha, mas que sua existência está sempre ligada a algum tipo de mente perceptora.

Idealismo: quando a mente vem antes da matéria
O pensamento de Berkeley faz parte do idealismo filosófico, corrente que afirma que a realidade é fundamentalmente mental, e não material.
Enquanto outras filosofias defendem que o mundo existe independentemente de quem o observa, Berkeley inverte a lógica: a percepção não é consequência da existência, ela é a condição para que algo exista.
Na visão dele, até a continuidade do mundo estaria garantida porque há sempre uma mente percebendo tudo: a divina.
Como a ideia se conecta ao mundo digital?
Na era das redes sociais, a frase “existir é ser percebido” ganhou um novo sentido prático. Hoje, muitas experiências parecem só ganhar valor quando são vistas, curtidas ou compartilhadas.
No cotidiano digital:
- fotos só “existem” quando postadas;
- opiniões ganham força quando recebem engajamento;
- pessoas sentem que desaparecem quando não são vistas.
O que Berkeley propôs como reflexão filosófica virou, para muitos, uma sensação concreta de visibilidade e validação.

Uma frase antiga para um dilema muito atual
“Esse est percipi” não é apenas uma curiosidade em latim. Ela ajuda a entender por que a percepção alheia se tornou tão central na vida moderna.
No século 18, a frase questionava a natureza da realidade. Em 2025, ela provoca outra pergunta: até que ponto nossa sensação de existir depende do olhar do outro? Zebrits explica o pensamento de Berkley em seu TikTok:
A força dessa ideia atravessa séculos justamente porque toca em algo essencial: a relação entre identidade, percepção e presença, seja no mundo físico, seja no digital.










