O hábito de não usar maquiagem deixou de ser visto apenas como desleixo ou descuido com a aparência. Em 2025, o tema aparece com frequência em pesquisas de psicologia, sociologia e estudos de gênero, que buscam entender o que está por trás dessa escolha.
O que a psicologia diz sobre quem não usa maquiagem
Pesquisas em psicologia social indicam que a decisão de não se maquiar costuma envolver uma combinação de fatores pessoais e culturais. Em alguns casos, a escolha está associada a maior conforto com a própria aparência e a uma sensação de coerência entre o que a pessoa é e o que mostra ao mundo.
Em outros contextos, essa decisão aparece como resposta direta à cobrança estética, especialmente em ambientes onde se espera que mulheres estejam sempre “produzidas”. Estudos também observam efeitos positivos em redução de ansiedade social quando a pessoa sente que pode se apresentar de forma mais natural, sem se preocupar tanto com julgamentos visuais (Weins et al., 2025)
Como é o perfil psicológico de quem dispensa cosméticos
Ao analisar relatos e entrevistas, estudiosos apontam que não existe um único perfil psicológico de quem dispensa cosméticos. Há pessoas tímidas e extrovertidas, seguras e inseguras, com estilos de vida muito diferentes, o que reforça que a escolha envolve mais contexto e significado do que traços de personalidade isolados (Nash et al., 2006).
O ponto em comum, porém, costuma ser um questionamento, ainda que discreto, sobre a necessidade de alterar o rosto diariamente para ser levado a sério ou considerado atraente. Em muitos casos, surge também uma busca por autenticidade e por uma relação menos conflituosa com a própria imagem.
Essa discussão se amplia para quem usa pouca maquiagem, como explica o psicólogo do perfil @dicasdotorele:
@dicasdotorele As mulheres que usam pouca maquiagem… . . . . . #curiosidades #dicas #psicologia #fatos #reels #viral ♬ Suspense, horror, piano and music box – takaya
Psicologia de quem não se maquia e a autoaceitação
A expressão psicologia de quem não se maquia aparece ligada, em muitos estudos, ao conceito de autoaceitação. Em termos simples, trata-se da capacidade de reconhecer traços, marcas, linhas de expressão e características individuais sem tentar escondê-los o tempo todo, permitindo uma convivência mais gentil com o próprio rosto.
Isso não significa rejeitar completamente qualquer cuidado estético, mas reduzir a dependência de cosméticos para se sentir apresentável. Alguns trabalhos também relacionam essa postura a maior autocompaixão, ou seja, a habilidade de ser menos crítico consigo mesmo diante de imperfeições reais ou percebidas.
Quais comportamentos marcam o rosto natural no dia a dia
Trabalhos inspirados em abordagens de imagem corporal apontam alguns pontos recorrentes entre pessoas que adotam o rosto natural no dia a dia. Esses comportamentos ajudam a entender como a escolha de não se maquiar se reflete na forma de se olhar, se comparar e se valorizar.
- Relação mais neutra com o espelho: a pessoa tende a avaliar menos cada detalhe e a focar menos em defeitos percebidos.
- Menor comparação constante: há menos necessidade de se medir pelos padrões vistos em redes sociais, propagandas ou celebridades.
- Maior ênfase em outras características: atributos como competência, senso de humor ou habilidades profissionais ganham mais peso na própria autoimagem.
Pesquisas também ressaltam que a autoaceitação não é um estado fixo. Em muitos relatos, o processo é gradual: alguns dias há mais conforto com o rosto sem maquiagem; em outros, ainda surge a vontade de cobrir olheiras ou manchas. Para a psicologia, o foco está menos em nunca usar cosméticos e mais em não se sentir obrigado a usá-los para ser visto como adequado.

Como a pressão estética e o gênero influenciam essa escolha
O tema da psicologia de quem não se maquia costuma ser estudado em diálogo com a pressão estética. Especialmente entre mulheres, a expectativa de aparecer sempre com pele uniforme, cílios alongados e lábios definidos é citada como fonte de cansaço mental e de sensação de vigilância constante sobre o corpo.
Nesse contexto, não se maquiar pode funcionar como forma de resistência silenciosa, sinalizando que a aparência não precisa seguir um roteiro rígido. Pesquisadores destacam ainda que, para algumas pessoas, essa escolha está ligada ao feminismo, a debates sobre objetificação e à recusa de aceitar que valor e competência estejam condicionados à aparência.
Quais significados podem existir ao recusar padrões de beleza
Pesquisadores destacam que o gesto de não se maquiar pode carregar diferentes significados subjetivos e sociais. Em muitos casos, ele funciona como uma mensagem que a pessoa envia a si mesma e ao mundo sobre o que considera realmente importante em sua identidade.
- Questionamento de normas sociais: a recusa a seguir um padrão tido como “obrigatório” funciona como crítica às regras que ligam valor pessoal à aparência.
- Busca por autenticidade: o rosto sem cosméticos é visto como mais alinhado com a própria identidade, especialmente por quem se sente desconfortável com a sensação de “máscara”.
- Reorganização de prioridades: tempo antes dedicado à produção visual passa a ser investido em sono, estudos, lazer ou atividades físicas.
Essa postura, porém, não impede que algumas pessoas alternem períodos com e sem maquiagem. A literatura acadêmica aponta que a fronteira entre “ser contra maquiagem” e “usar de forma pontual” é flexível, desde que a base da decisão seja a liberdade de escolha e o respeito à própria história.
Estilo de vida prático e cuidados com a pele influenciam essa decisão
Outra linha de estudos enfatiza fatores práticos: para muitos indivíduos, abrir mão da maquiagem diária está ligado à simplificação da rotina. Quem enfrenta deslocamentos longos, jornadas extensas de trabalho ou estudo e pouco tempo pela manhã tende a valorizar hábitos mais funcionais, como sair de casa com o rosto apenas limpo e hidratado.
A psicologia do comportamento mostra que pequenas decisões diárias, como pular a etapa de maquiagem, podem reduzir a sensação de carga mental. Menos passos na rotina significam menos coisas para lembrar, menos itens para repor e menos preocupações ao longo do dia, como retoques ou borrões, criando um cotidiano mais leve.
Quais são os impactos da maquiagem na pele e no bem-estar
Pesquisas em cuidado com a pele indicam que parte das pessoas que não se maquiam associa essa escolha à saúde dermatológica. Além disso, a forma como a maquiagem é usada ou abandonada pode influenciar tanto a autoestima quanto o sentimento de conforto com o próprio corpo.
- Histórico de alergias, irritações ou acne relacionada a determinados produtos.
- Preferência por uma rotina de skincare mais leve, centrada em limpeza, hidratação e proteção solar.
- Desejo de evitar remoções agressivas e limpezas profundas frequentes.
Referências bibliográficas
- WEINS, Hannah et al. Effectiveness of body exposure for the treatment of body image disturbance: A meta-analysis. Behaviour Research and Therapy, v. 194, 2025.
- NASH, Rebecca et al. Cosmetics: They Influence More Than Caucasian Female Facial Attractiveness. Journal of Applied Social Psychocology, v.36, n.2, 2006.









