Escutar música alta é um hábito comum em diferentes faixas etárias e contextos, seja em casa, no transporte ou durante o trabalho. Embora existam alertas constantes sobre os riscos para a audição, a ciência tem mostrado que esse comportamento também está ligado a efeitos psicológicos específicos. A pesquisa que embasa o texto foi publicada pela Universidade James Cook, na Austrália, entitulada “Loudness Perceptions Influence Feelings of Interpersonal Closeness and Protect Against Detrimental Psychological Effects of Social Exclusion“.
Quais são os principais efeitos psicológicos de ouvir música alta
A música alta está associada a alterações no humor, na percepção de proximidade social e na forma como o cérebro processa emoções negativas. Estudos internacionais com milhares de participantes apontam que quem se sente solitário ou excluído costuma preferir volumes mais elevados em comparação a pessoas que relatam boa integração social.
Ou seja, o volume do som pode funcionar como uma estratégia espontânea para minimizar o impacto emocional da exclusão. Em muitos casos, isso se combina com outras práticas de bem-estar, como uso de músicas relaxantes ou motivacionais, ampliando a sensação de conforto psicológico no dia a dia.
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do especialista Rafael Gratta, em que ele explica esse e outros pontos de impacto direto da música:
@rafaelgrattap Música é das formas mais fáceis de você programar sua mente: seja pra harmonia ou pro caos. Seja seletivo e intencional, vivemos uma guerra de consciência. MFMA 🙏🏽 #saúdemental #neurociência #ansiedade ♬ som original – Rafael Gratta
Quais efeitos a música alta provoca na solidão e nas emoções
Entre os principais efeitos psicológicos observados estão diversas mudanças na forma como a pessoa percebe a si mesma e o ambiente. A seguir, estão alguns impactos que se repetem em diferentes pesquisas e relatos clínicos, mostrando como o som intenso atua como espécie de “proteção emocional”.
- Redução da sensação de solidão, ao criar a impressão de ambiente cheio ou movimentado.
- Alívio da “dor social”, expressão usada por pesquisadores para descrever o desconforto de se sentir rejeitado.
- Atenuação de emoções negativas, como irritação, tristeza e desânimo ligados à exclusão.
- Facilitação da distração, ajudando a tirar o foco de pensamentos repetitivos sobre problemas pessoais.
Música alta realmente ajuda a combater a solidão
A relação entre música alta e solidão não se limita ao prazer auditivo, pois envolve também processos de regulação emocional e sensação de companhia simbólica. Pesquisas apontam que, após experiências de rejeição ou exclusão, muitas pessoas passam a buscar sons mais intensos para aliviar o desconforto emocional imediato.
O volume elevado parece reduzir a sensação de distância em relação aos outros, como se o ambiente ficasse mais “cheio”, mesmo sem a presença física de ninguém. Esse efeito aparece não só com músicas, mas também com outros tipos de som, como TV ligada, rádio ou podcasts usados como “companhia sonora”, preenchendo o silêncio associado à percepção de estar só.
Como a música alta cria sensação de proximidade social
A preferência por música em alto volume não está relacionada apenas ao gosto pela batida ou à qualidade sonora. Em vários experimentos, áudios mais intensos fizeram os participantes relatarem maior sensação de proximidade física e social com outras pessoas, mesmo em tarefas realizadas sozinhas, sugerindo que o volume atua como um sinal simbólico de convivência.
Ao longo da vida, o cérebro associa som alto a festas, bares, shows, reuniões de família ou eventos esportivos, todos marcados por ruído intenso e interação de grupo. Com o tempo, essas experiências se transformam em “atalhos mentais”: quando o volume sobe, o cérebro recupera memórias e sensações de estar cercado por outras pessoas, mesmo que, na prática, a pessoa esteja sozinha em casa, no quarto ou no escritório.

Como usar a música alta a favor do bem-estar emocional
Os resultados de pesquisas sobre os efeitos psicológicos de escutar música alta podem ser úteis na criação de ambientes mais acolhedores em locais onde a solidão é frequente. Hospitais, residências para idosos, alojamentos estudantis e postos de trabalho isolados podem se beneficiar de um planejamento sonoro que considere trilhas musicais, ruídos ambientes e momentos de silêncio equilibrados, sempre dentro de limites seguros de volume.
Algumas formas de utilização prática incluem sugestões simples que ajudam a tornar a rotina emocionalmente mais leve, sem descuidar da saúde auditiva e da convivência com outras pessoas no mesmo espaço.
- Organizar playlists com músicas associadas a boas lembranças sociais, como encontros, viagens ou celebrações.
- Alternar momentos de música alta com períodos de volume moderado para evitar cansaço auditivo.
- Usar rádios, podcasts ou programas de TV como “fundo sonoro” em tarefas domésticas ou atividades solitárias.
- Ajustar o volume de acordo com o horário do dia, respeitando a rotina da casa ou do local de trabalho.









