Em diferentes contextos sociais, o hábito de pedir desculpas aparece como uma forma rápida de evitar conflitos e preservar a convivência. Em muitas situações, a pessoa se antecipa e se desculpa mesmo quando não cometeu nenhum erro claro, o que revela padrões emocionais mais profundos ligados à insegurança, ao medo de desagradar e à dificuldade de reconhecer seu próprio valor, segundo pesquisas como “Relationships between psychoevolutionary fear of evaluation, cognitive distortions, and social anxiety symptoms: A preliminary structural equation model“.
Por que algumas pessoas pedem desculpas o tempo todo
A psicologia aponta que o pedido de desculpas em excesso costuma estar relacionado à insegurança emocional, ao medo de rejeição e a experiências anteriores em que a paz do ambiente era mais importante do que as próprias necessidades. Pessoas que cresceram em lares muito críticos ou pouco abertos ao diálogo tendem a se culpar por tensões que não provocaram, usando o perdão como uma espécie de “senha” para ser aceitas.
Esse padrão também se liga à baixa autoestima. Quando alguém acredita que causa incômodo apenas por existir ou por ocupar espaço, sente-se na obrigação de se justificar o tempo todo. Pedir desculpas por situações triviais reforça a ideia interna de que sua presença é sempre um problema, transformando um gesto de empatia em um mecanismo de autoanulação e de autossabotagem emocional.
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do estudante de psicologia Vini:
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Pedido de perdão é mecanismo de proteção ou autoanulação
A palavra-chave nesse tema é perdão, entendida aqui como o ato de pedir desculpas em excesso no dia a dia. Em muitos casos, o perdão funciona como um escudo psicológico: ao se apresentar de forma constantemente submissa e “arrependida”, a pessoa tenta reduzir qualquer possibilidade de crítica ou confronto, imaginando que o outro terá menos motivos para se irritar.
Por outro lado, esse comportamento traz efeitos colaterais importantes, como o aumento da ansiedade e da sensação de culpa permanente. Estudos em psicologia social mostram que indivíduos muito autocríticos costumam assumir a culpa por fatos fora de seu controle, o que aumenta o risco de sofrimento emocional, de relações desequilibradas e de desgaste da saúde mental no longo prazo.
- Perda de voz: a pessoa fala menos sobre o que pensa para não “incomodar”.
- Relações desequilibradas: tende a aceitar mais demandas do que consegue cumprir.
- Autoimagem fragilizada: passa a se enxergar como alguém constantemente em falta.
Como a cultura e a educação influenciam o hábito de pedir desculpas
O perdão exagerado não surge apenas de características individuais; ele também é alimentado pelo contexto cultural. Em sociedades que valorizam a cortesia acima da franqueza, o pedido de desculpas funciona como um código de boa convivência, ensinando desde cedo a evitar temas polêmicos, a não levantar a voz e a “não dar trabalho” para ninguém, como se discordar fosse sempre falta de respeito.
Em países e regiões onde a harmonia do grupo é priorizada, expressões de arrependimento são usadas para suavizar qualquer divergência, mesmo quando há apenas troca de opinião. Nesse cenário, o perdão vira uma ferramenta de manutenção da paz social, mas também pode silenciar necessidades genuínas, impedindo que crianças, adolescentes e adultos aprendam a dizer “não” e a colocar limites claros nas relações.
- Crianças são estimuladas a “não responder” para evitar conflitos com adultos.
- Adolescentes aprendem a não contrariar amigos ou professores para não se isolar.
- Adultos reproduzem o padrão, pedindo desculpas antes mesmo de dizer o que pensam.

Como usar o perdão de forma saudável no dia a dia
Especialistas em comportamento sugerem que o primeiro passo é diferenciar situações em que realmente houve erro daquelas em que apenas existe receio de desagradar. Em vez de um “me desculpa por atrasar um pouco”, pode ser mais adequado um “obrigado pela paciência”, deslocando o foco da culpa para o reconhecimento da atitude do outro, sem diminuir quem fala nem reforçar uma imagem de constante falha.
Outro ponto importante é o desenvolvimento da assertividade, habilidade que permite expressar opiniões e sentimentos sem agressividade e sem submissão. Observar quando a palavra “desculpa” surge sem necessidade, substituí-la por expressões de gratidão e praticar limites claros ajuda a preservar a harmonia sem sacrificar a própria identidade, devolvendo ao ato de se desculpar seu papel original de reparar danos e fortalecer vínculos.










