Em muitas conversas do dia a dia, o tema pessoas que não gostam de animais costuma gerar surpresa e até desconforto. Em uma sociedade em que cães e gatos são frequentemente tratados como membros da família, quem prefere manter distância desses seres vivos às vezes é visto com desconfiança.
Por que algumas pessoas não gostam de animais
Entre as possíveis explicações para o afastamento de animais de estimação, uma das mais apontadas por especialistas é a experiência negativa na infância ou adolescência. Um ataque de cão, um arranhão mais sério ou o simples susto diante de um animal agitado podem deixar uma lembrança duradoura e até contribuir para fobias específicas (Gullone e Robinson, 2005).
Outro elemento comum é a influência familiar e cultural. Crianças que cresceram ouvindo orientações como “não chegue perto” ou “os bichos são sujos” podem internalizar a ideia de que os animais representam risco ou algo indesejável. Além disso, há quem associe a presença de pets à bagunça, odores e pelos pela casa, o que entra em conflito com um estilo de vida mais organizado ou minimalista.
Quais fatores de saúde influenciam a relação com os animais
Questões de saúde física também pesam e muitas vezes são subestimadas por quem ama pets. Alergias respiratórias, dermatológicas ou crises de asma desencadeadas por pelos ou poeira relacionada a animais são motivos frequentes para evitar o contato próximo e prolongado.
Nesses casos, o distanciamento não está ligado a antipatia, mas sim à necessidade de preservar o bem-estar e evitar sintomas incômodos. Em alguns contextos, médicos chegam a recomendar que a pessoa não conviva diariamente com animais, o que reforça escolhas que, à primeira vista, podem parecer frieza, mas são decisões de saúde.

Pessoas que não gostam de animais são frias ou más
A associação entre pessoas que não gostam de animais e falta de caráter é considerada inadequada por especialistas. Ter ou não afinidade com animais é apenas um dos muitos aspectos da personalidade, e não um índice definitivo de empatia, generosidade ou capacidade de criar vínculos afetivos.
Alguém pode demonstrar grande sensibilidade em áreas como relações humanas, trabalho social ou cuidado com familiares e, ao mesmo tempo, não desejar conviver com um pet em casa. O que passa a ser motivo de preocupação é o surgimento de práticas de crueldade ou violência, quando o incômodo se transforma em agressões, maus-tratos ou negligência intencional.
Para aprofundar em um tema que é de extrema complexidade, trouxemos o vídeo do psicanalista Rafael Cardoso, que explica como essa relação pode ser feita:
@rafaelcardosopr Você sabia que muitos narcisistas têm dificuldade em formar vínculos genuínos com pets? Sim, isso mesmo! Os animais são seres puros, cheios de amor e compreensão. Mas, em vez de nutrir esse amor, alguns narcisistas veem pets apenas como instrumentos para obter aprovação social. 🐱💔 Muitas vezes, eles adotam ou compram animais para projetar uma imagem positiva ou até mesmo para manipular as emoções daqueles ao seu redor. 🐾✨ Mas, por trás das cortinas, a realidade pode ser bem diferente. Sem a capacidade de reconhecer e valorizar os sentimentos dos outros, incluindo os dos animais, narcisistas podem se tornar abusivos ou até violentos com os pets. 🚫💥 🔍 Sinais de alerta: Se alguém exibe seu pet constantemente em redes sociais, mas você nunca o vê interagindo de forma amorosa e paciente, ou percebe que o animal demonstra medo excessivo, é hora de ficar alerta. Os animais, assim como nós, merecem ser tratados com amor e respeito. 🌈 Os pets têm a incrível habilidade de trazer alegria, conforto e amor incondicional para nossas vidas. Eles confiam em nós para proteção e cuidado. Por isso, se você suspeita que um animal está em perigo, não hesite em buscar ajuda ou denunciar. 🚫❌ Lembre-se: Pets não têm voz, mas nós temos. Eles dependem de nós para garantir que sejam tratados com o amor e a gentileza que merecem. Não deixe que os narcisistas tirem proveito da inocência e lealdade desses seres incríveis. Proteja, ame e cuide! 🐕🦺❤️🐱 #ProtejaOsPets #AmorAnimal #DigaNãoAoAbuso #Narcisismo #PetsSãoFamília #narcisista #narcisistas #manipuladores #relacionamento #relacionamentos #amortoxico #amorabusivo #rafacardosopr #terapia #sessaodeterapia ♬ Debussy "Moonlight" Piano Solo(829473) – LEOPARD
Qual é a diferença entre desinteresse e crueldade com animais
Quando o incômodo ou a aversão se transformam em agressões, maus-tratos ou negligência intencional, o quadro ganha outra dimensão. Diversos estudos indicam que comportamentos de violência contra animais podem estar relacionados a dificuldades graves na estrutura emocional e na escala de valores de uma pessoa, exigindo atenção profissional.
Assim, a diferença entre alguém que simplesmente prefere não ter contato com bichos e alguém que os maltrata é significativa. No primeiro caso, trata-se de escolha pessoal, ligada a limites, estilo de vida ou experiências anteriores; no segundo, há um problema ético e, muitas vezes, jurídico, já que a legislação brasileira prevê punições para quem praticar atos de abuso ou maus-tratos contra animais.
Como lidar com quem não gosta de animais no dia a dia
Na convivência cotidiana, a presença de pessoas que não gostam de animais em famílias, grupos de amigos ou ambientes de trabalho levanta desafios práticos. Especialistas recomendam que a situação seja tratada com diálogo e respeito, evitando rótulos e buscando acordos que considerem tanto o afeto pelo pet quanto os limites de quem prefere distância.
Algumas atitudes simples ajudam a tornar essa convivência mais harmoniosa e respeitosa para todos os envolvidos, inclusive para o próprio animal:
- Respeitar quem tem medo ou alergia, evitando forçar contato com o animal.
- Combinar regras claras quando o pet circula em áreas comuns, como salas ou escritórios.
- Reconhecer diferentes formas de carinho, entendendo que gostar de animais não é obrigação.
Como lidar sendo tutor de pet?
Para tutores de pets, alguns cuidados ajudam a conciliar interesses e demonstram responsabilidade com o bem-estar alheio. Além de facilitar a convivência, essas atitudes também favorecem a saúde e o equilíbrio emocional do próprio animal.
- Manter o ambiente limpo, reduzindo odores e pelos em excesso.
- Treinar o animal para evitar pulos, mordidas de brincadeira ou latidos constantes.
- Informar visitas com antecedência sobre a presença do animal e oferecer alternativas, como manter o pet em outro cômodo se necessário.
Do ponto de vista psicológico, a orientação predominante é cultivar a empatia em ambos os lados. Quem ama animais pode reconhecer que nem todos compartilham da mesma preferência, enquanto quem prefere distância pode compreender o valor afetivo que um pet tem para seus tutores. Essa postura reduz conflitos e mostra que as diferenças de afinidade com animais são parte da diversidade humana, e não medida de caráter ou valor pessoal.
Referências bibliográficas
- GULLONE, E.; ROBINSON, K. The fear of pets: A study of children’s fear of animals. Behaviour Research and Therapy, v. 43, n. 1, p. 123–130, 2005.









