A frase “Qui tacet, consentire videtur“, traduzida como “quem cala, consente”, tem uma origem profunda no Direito Canônico e influenciou diversas áreas do conhecimento jurídico e social. Sua aplicação e interpretação ao longo do tempo revelam nuances e desafios envolvendo o significado do silêncio como forma de consentimento.
Como a expressão “qui tacet, consentire videtur” é interpretada no direito contemporâneo?
No direito atual, a máxima não é aplicada de maneira absoluta. Os tribunais exigem que haja elementos claros, como conhecimento dos fatos e oportunidade real de manifestação, para se considerar o silêncio como aceitação.
Juristas reforçam a importância de analisar o contexto, o nível de compreensão da pessoa envolvida e a existência de obrigações específicas de resposta. Dessa forma, o silêncio raramente é considerado, por si só, como manifestação de consentimento.
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O que determina que o silêncio pode ser considerado aceitação?
A determinação depende de uma análise caso a caso, levando em conta diversos fatores. Antes de presumir o consentimento, é necessário verificar se o indivíduo estava plenamente informado e tinha tempo hábil para se pronunciar.
Veja a seguir alguns dos principais critérios para considerar o silêncio como aceitação tácita:
- Conhecimento prévio da situação ou proposta formalizada
- Chance real e adequada de responder ou discordar
- Ausência de oposição quando manifestar discordância era social ou legalmente esperado
- Histórico de condutas similares reconhecidas como aceitação tácita
De que forma o silêncio é utilizado em decisões políticas e diplomáticas?
Além do direito, o princípio do silêncio como consentimento é prático em ambientes diplomáticos, como na União Europeia e na OTAN. Nessas instituições, o chamado “procedimento de silêncio” agiliza decisões coletivas a partir do não pronunciamento dos membros.
O uso desse mecanismo reduz entraves burocráticos, desde que todos tenham prazo e condições claras para se manifestar. Assim, o silêncio adquire força normativa em negociações de relevância internacional.

O silêncio é aceitação em todas as situações ou depende de contexto?
A interpretação do silêncio varia, pois nem sempre representa concordância real. Fatores como desconhecimento dos fatos, hesitação estratégica ou desinteresse podem explicar a ausência de manifestação.
Portanto, o contexto, a intenção e as circunstâncias determinam se o silêncio realmente equivale a consentimento, evitando conclusões precipitadas ou julgamentos injustos.









