Sentir o cheiro de alguém em específico é uma das experiências mais curiosas e emocionantes que o corpo humano pode proporcionar. Muitas pessoas relatam sentir o perfume de uma pessoa querida mesmo quando ela não está por perto, o que desperta dúvidas e mistérios sobre o funcionamento da memória e das emoções. Mas afinal, o que está por trás dessa sensação tão poderosa e, às vezes, inexplicável?
O poder da memória olfativa
O olfato é um dos sentidos mais antigos e emocionalmente ligados ao cérebro. Quando sentimos um cheiro familiar, o cérebro ativa regiões responsáveis por lembranças e afetos, especialmente o hipocampo e a amígdala, áreas ligadas à memória e às emoções.
Esse processo explica por que um perfume pode transportar uma pessoa para o passado em questão de segundos. É o chamado “efeito Proust”, um fenômeno estudado por neurocientistas que mostra como aromas despertam lembranças de forma muito mais intensa que sons ou imagens.
Além disso, estudos da Universidade de Rockefeller, nos Estados Unidos, apontam que o ser humano é capaz de distinguir até um trilhão de cheiros diferentes, mesmo sem perceber conscientemente.

Por que sentimos o cheiro de alguém que não está por perto?
Muitos relatam sentir o cheiro de um familiar ou de um amor mesmo quando ele não está fisicamente presente. Isso pode ter explicações emocionais e até neurológicas. O cérebro associa cheiros a pessoas de forma tão forte que pode “reproduzir” o aroma por conta própria, especialmente em momentos de saudade ou emoção intensa.
Essa “alucinação olfativa” é benigna e comum. É um reflexo da maneira como o sistema nervoso lida com a ausência e com memórias marcantes. Quando há forte vínculo afetivo, o cérebro busca formas de manter a sensação de presença e segurança.
O papel da química entre pessoas
A ciência também revela haver um componente biológico envolvido. Cada ser humano possui um odor único, resultado de fatores genéticos, hormonais e alimentares. O corpo libera feromônios, substâncias químicas que influenciam a atração e a afinidade entre indivíduos.
Quando duas pessoas têm uma conexão intensa — seja amorosa, familiar ou de amizade profunda —, o cérebro grava aquele cheiro como parte da identidade emocional do outro. É por isso que sentir o cheiro de alguém pode gerar conforto, segurança e até desejo.
Quando o olfato se mistura à saudade?
A saudade tem cheiro. Essa frase é mais verdadeira do que parece. Em momentos de perda ou distância, o corpo pode “recriar” sensações associadas àquela pessoa. Pesquisas da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, mostraram que o odor de alguém querido ativa as mesmas regiões cerebrais ligadas ao prazer e ao alívio do estresse.
Essa é uma das razões pelas quais o cheiro de roupas, lençóis ou objetos de alguém especial pode causar bem-estar, ou emoção profunda. O cérebro literalmente revive o vínculo afetivo.
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Como lidar com essa sensação?
Sentir o cheiro de alguém ausente não é sinal de algo anormal. Pelo contrário, é uma resposta natural de um cérebro afetivo e sensível. Para lidar melhor com essa experiência:
- Aceite o sentimento sem julgamentos.
- Pratique respiração consciente quando o cheiro vier.
- Escreva ou reflita sobre o que aquele aroma desperta em você.
- Se for recorrente e causar tristeza, conversar com um terapeuta pode ajudar.
Curiosidades sobre o olfato humano
- O olfato está diretamente ligado ao apetite e à percepção de sabores.
- Mulheres tendem a ter um olfato mais apurado que homens, especialmente durante a ovulação.
- O cheiro corporal muda com o humor e a alimentação.
- Recém-nascidos reconhecem o cheiro da mãe antes mesmo de abrir os olhos.
Sentir o cheiro de alguém em específico é uma ponte emocional entre o presente e o passado, que une memória, biologia e afeto. Essa experiência mostra o quanto o corpo humano consegue traduzir sentimentos em sensações físicas e de manter viva a presença de quem amamos — mesmo quando está longe.










