Ao longo da história da filosofia, a relação entre pensamento e existência ocupou um lugar central nos debates sobre a mente humana. A expressão “Sum, ergo cogito”, proposta por alguns pensadores contemporâneos como inversão crítica do famoso enunciado de René Descartes, busca chamar atenção para um ponto específico: talvez a existência não dependa do pensamento, mas seja justamente a condição que o torna possível.
O que significa a frase “Sum, ergo cogito” na filosofia contemporânea
A expressão “Sum, ergo cogito” pode ser traduzida como “Existo, portanto penso”. O sentido central é indicar que a existência não é deduzida do ato de pensar, mas aparece como anterior a ele, funcionando como condição de possibilidade para qualquer forma de consciência.
Em termos simples, a consciência seria um fenômeno que se apoia em algo mais primário: o fato de haver um ser, um organismo, uma vida em curso. Autores ligados à filosofia da mente encarnada reforçam que sem corpo, ambiente e história, não haveria sequer o cenário em que o pensamento pudesse emergir.

Como “Sum, ergo cogito” desafia o raciocínio cartesiano clássico
Para compreender o desafio, é útil observar a estrutura do argumento de Descartes. Em sua formulação clássica, o filósofo parte da dúvida sobre tudo o que é sensível, cultural ou aprendido, até encontrar algo que não pode ser negado: o fato de que, ao duvidar, pensa; daí surge o “Cogito, ergo sum” como primeira certeza indubitável.
A crítica embutida em “Sum, ergo cogito” aponta que, mesmo nesse raciocínio, já está pressuposto um sujeito que existe para poder duvidar e pensar. Assim, o pensamento deixa de ser o ponto de partida absoluto e passa a ser visto como um entre vários modos de manifestação de uma existência mais ampla e encarnada.
- Em Descartes: a certeza começa no pensamento isolado e racional.
- Na inversão: a certeza começa na existência vivida e situada no mundo.
- Implicação central: a consciência é efeito ou expressão de algo que já está aí, antes do “eu penso”.
Como filósofos modernos questionaram o “Cogito, ergo sum”
Ao longo dos séculos XIX, XX e XXI, diversos pensadores revisitaram a relação entre consciência e existência, muitas vezes se aproximando da ideia de “Sum, ergo cogito” sem necessariamente usar essa fórmula. Em correntes como a fenomenologia, a filosofia existencial e a filosofia da mente, o sujeito cartesiano isolado foi substituído por uma visão mais encarnada, histórica e relacional do ser humano.
Nesse contexto, a fórmula “Sum, ergo cogito” ganha um papel pedagógico: ela sintetiza a ideia de que a filosofia não precisa começar com um sujeito pensante abstrato, mas com um ser situado, atravessado por experiências, limites e condições materiais. A crítica ao dualismo mente-corpo e a valorização da linguagem, da cultura e das emoções reforçam esse deslocamento.
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De que modo “Sum, ergo cogito” muda o entendimento de consciência e existência
A inversão da frase cartesiana sugere uma mudança de perspectiva sobre o que é a consciência. Em vez de enxergá-la como ponto de partida, muitos debates atuais a tratam como um fenômeno emergente, resultado de processos biológicos, neurais, psicológicos e sociais que dependem da existência de um organismo vivo em interação com o ambiente.
Essa mudança aproxima filosofia e ciências empíricas, mostrando que qualquer consciência — humana ou não — depende de uma base de ser, de um modo de presença no mundo. Assim, questões sobre inteligência artificial, subjetividade e cognição incorporada são reinterpretadas à luz da tensão entre “pensar” e “existir”, mantendo vivo o debate iniciado por Descartes em novas condições teóricas e tecnológicas.







