A expressão em latim “Suum cuique tribuere”, geralmente traduzida como “dar a cada um o que é seu”, é usada há séculos para definir de forma simples o que é justiça. A frase condensa a ideia de tratar cada pessoa de acordo com o que lhe pertence por direito, seja em termos de bens, liberdade, responsabilidades ou reconhecimento, e continua presente em debates jurídicos e éticos em pleno século XXI.
Como o princípio “Suum cuique tribuere” responde à pergunta sobre justiça
Ao se falar em justiça, muitas teorias procuram responder à mesma questão central: quem tem direito a quê? Nesse contexto, o princípio de “dar a cada um o que é seu” funciona como um ponto de partida, pois orienta a busca por critérios considerados justos, sem defini-los por completo.
Ele não indica automaticamente como decidir o que é de cada um, mas serve como referência em códigos legais, políticas públicas, direitos humanos e discussões sobre distribuição de recursos. Assim, torna-se um eixo comum para debates sobre justiça em sociedades plurais.
Qual a origem e o sentido da expressão “Suum cuique tribuere”
A frase é frequentemente associada ao jurista romano Ulpiano, que descrevia os preceitos básicos do direito como: viver honestamente, não prejudicar ninguém e dar a cada um o que é seu. Nesse contexto, “Suum cuique tribuere” funcionava como critério geral de justiça, ligado à ordem social e ao respeito às normas vigentes.
Com o passar dos séculos, o sentido da fórmula foi sendo reinterpretado, aproximando-se de debates sobre propriedade privada e direitos fundamentais. Filósofos, tribunais e pensadores políticos discutem quem define esse “seu”: a lei, a moral, a tradição, a dignidade humana ou uma combinação desses elementos.

O que significa na prática dar a cada um o que é seu
Na prática, “Suum cuique tribuere” pode assumir significados distintos, especialmente no campo da justiça distributiva, que trata da repartição de recursos como saúde, educação e segurança. Surge então a dúvida se cada pessoa deve receber o mesmo, ou se deve receber segundo necessidades, méritos, esforços ou vulnerabilidades.
Para tornar essa ideia mais concreta, é possível observar alguns critérios frequentemente associados ao princípio de “dar a cada um o que é seu”, que ajudam a orientar decisões em políticas públicas e relações jurídicas:
- Igualdade formal: tratar todos de forma idêntica perante a lei;
- Equidade: considerar diferenças de situação para corrigir desigualdades;
- Mérito: reconhecer resultados ligados a esforço ou desempenho;
- Necessidade: priorizar quem se encontra em maior vulnerabilidade;
- Direitos adquiridos: respeitar expectativas legitimamente formadas ao longo do tempo.
Como o princípio “Suum cuique tribuere” influencia as leis atuais
No direito contemporâneo, a ideia de “dar a cada um o que é seu” aparece de forma explícita ou implícita em diversas áreas. Constituições modernas, como a brasileira, incluem princípios como dignidade da pessoa humana, igualdade e função social da propriedade, todos relacionados ao reconhecimento de direitos mínimos a cada indivíduo.
Decisões de tribunais superiores utilizam esse princípio para fundamentar ações afirmativas, proteção a minorias e reparação de injustiças históricas. No campo penal, a exigência de penas proporcionais ao ato praticado também expressa a ideia de que cada um deve receber uma resposta estatal adequada, sem excessos nem omissões.
De que forma o princípio orienta debates éticos modernos
Além das leis, a expressão latina segue como referência em debates éticos atuais sobre distribuição de vacinas, políticas de renda básica, previdência social e regulação de novas tecnologias. Nessas discussões, a pergunta central é o que cada grupo ou indivíduo tem direito de receber em termos de recursos, proteção e oportunidades.
Em emergências sanitárias, por exemplo, destaca-se o critério da necessidade, priorizando quem está na linha de frente ou corre mais risco, enquanto em remuneração por trabalho e reconhecimento acadêmico ganha relevância a noção de mérito. Em políticas de combate à pobreza, a ideia de mínimo existencial amplia o entendimento de “o que é seu” para além da propriedade material.
Esses dilemas éticos trazem diversos vídeos virais da rede, como o do Pedro Loos:
@opedroloos O PROBLEMA DO BONDE 🚊🔥 Talvez esse seja um dos problemas éticos mais famosos da filosofia e psicologia. O que você faria? Escreve aqui! 👇🏻 #filosofia #psicologia #etica #paradoxo #desafio #ciencia ♬ original sound – Pedro Loos
Por que a expressão continua relevante no século XXI
Em um cenário marcado por desigualdades, conflitos e avanços tecnológicos rápidos, a pergunta sobre o que cada pessoa tem direito de receber permanece central. A força de “Suum cuique tribuere” está na simplicidade da fórmula e na capacidade de se adaptar a contextos distintos, do direito romano às constituições modernas.
Ao colocar o foco no “que é seu”, o princípio obriga instituições, governantes e agentes públicos a justificar critérios de distribuição de bens, oportunidades e responsabilidades. Dessa forma, a antiga máxima latina segue como fio condutor para discussões sobre justiça, exigindo o tratamento de cada indivíduo com respeito às suas condições, direitos e garantias reconhecidas em lei.








