O hábito de usar sempre o mesmo perfume costuma ir muito além de uma simples preferência por determinado cheiro, estando ligado à construção da identidade, à forma como a pessoa deseja ser percebida e à relação íntima entre aroma, memória e emoções. A fragrância escolhida diariamente passa a funcionar como um sinal discreto, porém constante, sobre quem aquela pessoa é ou pretende mostrar ser em diferentes contextos sociais, influenciando também comportamentos, rituais de cuidado pessoal e escolhas de estilo de vida.
Como o uso diário de perfume se relaciona com identidade e rotina
Na psicologia, o uso cotidiano de um perfume específico é observado como um comportamento carregado de sentido, que reforça tanto a imagem externa quanto a organização interna. A fragrância diária pode trazer sensação de segurança, reforçar a autoestima e servir como uma espécie de ritual de preparação para o dia, semelhante a escolher uma roupa ou arrumar o cabelo (Kandhasamy e Songmun, 2016).
Aplicar sempre o mesmo perfume torna-se um gesto de autocuidado e estruturação da rotina, marcando o início das atividades e projetando uma certa imagem ao mundo. Em alguns casos, esse ritual também ajuda a separar mentalmente momentos de trabalho, lazer e descanso, funcionando como um “marcador olfativo” das diferentes partes do dia.
Perfume e identidade emocional o que o aroma revela sobre a personalidade
A chamada assinatura olfativa descreve o perfume que acompanha alguém de forma recorrente e reconhecível. Esse cheiro característico, identificado por quem convive com a pessoa, sugere traços de personalidade, gostos, valores e até do estado emocional, indo além de simplesmente agradar o olfato.
A escolha de um perfume diário funciona como uma extensão da identidade, comunicando sobriedade, leveza, intensidade ou discrição sem necessidade de palavras. Para algumas pessoas, manter sempre o mesmo aroma representa constância e estabilidade, enquanto outras preferem alternar fragrâncias para explorar diferentes facetas, fases da vida, humores ou ambientes sociais.
Para aprofundar a relação entre o perfume e a personalidade, trouxemos o vídeo da psicóloga Neila Kessler:
@neilakessler O que você exala emocionalmente é sua marca. #psicologia #presença ♬ som original – Neíla Kessler
Como o perfume influencia memória humor e autoestima no dia a dia
A palavra-chave central nesse tema é perfume, em sua relação direta com o cérebro emocional. O olfato está ligado a áreas responsáveis por memória e sentimentos, explicando por que determinados cheiros transportam alguém para a infância, para um relacionamento passado ou para situações marcantes que ficam gravadas de forma intensa.
Quando um aroma é usado diariamente, ele se mistura a experiências repetidas, reforçando vínculos afetivos e impactando também o humor. Ao sentir um cheiro agradável e familiar, muitas pessoas relatam sensação de conforto e preparo para obrigações diárias, o que favorece a autoconfiança e reduz inseguranças sobre a própria presença física, como se a fragrância fosse um “escudo” simbólico.
- Reforço da autoestima: a pessoa se sente mais à vontade em ambientes sociais.
- Redução de ansiedade: o perfume atua como elemento previsível em meio à rotina.
- Evocação de lembranças: cheiros específicos reacendem memórias afetivas.
- Regulação do humor: notas florais ou cítricas podem ser associadas a sensação de leveza.
O que o uso diário de perfume revela sobre comportamento social
Na convivência, o primeiro contato nem sempre é visual ou verbal; muitas vezes o cheiro chega antes e compõe a primeira impressão. O perfume diário participa da forma como colegas de trabalho, amigos ou parceiros amorosos percebem alguém, indicando cuidado pessoal, profissionalismo ou simples organização na apresentação.
Psicologicamente, o uso constante de uma fragrância pode indicar tanto segurança quanto necessidade de proteção. Em alguns casos, a pessoa se sente mais preparada para interagir quando está com o perfume que considera ideal; em outros, o hábito nasce do receio de ser julgada pelo odor corporal, tornando o perfume um recurso para minimizar ansiedade social, muitas vezes baseado em elogios, críticas ou lembranças ligadas a certos cheiros.
- Primeiro, a pessoa entra em contato com um aroma que desperta sensação positiva ou memória marcante.
- Depois, passa a repetir o uso da fragrância em situações importantes, como encontros, entrevistas ou eventos.
- Com o tempo, o perfume se associa à própria imagem e torna-se parte da rotina diária.
- Por fim, o cheiro passa a funcionar como um sinal de identidade reconhecido pelo círculo social.
Como escolher um perfume que represente a própria história e estilo
A seleção de um perfume para uso quase diário envolve mais do que testes rápidos em loja, pois precisa dialogar com lembranças, contexto cultural, experiências afetivas e até o clima do lugar onde a pessoa vive. Perfumes mais leves costumam ser preferidos em regiões quentes, enquanto notas intensas ganham espaço em ambientes frios ou situações noturnas e formais.
Ao buscar uma possível assinatura pessoal, especialistas sugerem observar conforto ao sentir o próprio cheiro ao longo do dia, adequação ao ambiente em que se circula e coerência com a imagem que se deseja transmitir. Assim, o perfume diário deixa de ser apenas um acessório e se transforma em parte da narrativa de vida, reunindo identidade, memória emocional e presença social em um único aroma.
Referências bibliográficas
- Sowndhararajan K, Kim S. Influence of Fragrances on Human Psychophysiological Activity: With Special Reference to Human Electroencephalographic Response. Sci Pharm. 2016;84(4):724-751. Published 2016 Nov 29. doi:10.3390/scipharm84040724









