Tomar banho regularmente é uma prática de higiene pessoal essencial que vai além da limpeza do corpo, pois também influencia o bem-estar emocional. Esse hábito não só elimina impurezas e bactérias da pele, mas também promove relaxamento, alívio de tensões musculares e aquela sensação de frescor e renovação. Ainda assim, algumas pessoas podem evitar o banho por diversos motivos ligados ao aspecto psicológico, que podem variar conforme a idade e o contexto de vida.
Por que as crianças costumam recusar o banho
Entre as crianças, a recusa em tomar banho costuma ser parte de fases normais do desenvolvimento infantil. Durante a chamada “fase do não”, muitas utilizam a resistência às rotinas como forma de experimentar independência. Além disso, medos como o de escorregar ou de a água estar muito quente podem gerar experiências negativas durante o banho.
Para ajudar crianças a superarem essas barreiras, adultos podem tornar o momento do banho mais prazeroso e envolvente ao introduzir elementos lúdicos à rotina. Uma forma prática de fazer isso é utilizar brinquedos específicos e permitir certa autonomia durante o processo de limpeza. Estabelecer rotinas com músicas ou contar historinhas durante o banho também pode tornar a experiência mais acolhedora, ajudando a criança a associar o banho a momentos divertidos e seguros.
Diana Coe, no seu perfil @dianacoe.autismo traz a perspectiva dessa recusa em pessoas com autismo:
@dianacoe.autismo Autismo e a dificuldade de tomar banho por conta das hipersensibilidades sensoriais. (nem todo autista, ok? Até porque temos autistas hipossensiveis). #transtornodoespectroautista #autismo #shutdown #meltdown #hipersensibilidadsensorial #sobrecargasensorial #autismoadulto #diagnosticotardiodeautismo #odeiobanho ♬ Pieces (Solo Piano Version) – Danilo Stankovic
O que pode levar adolescentes e adultos a evitar o banho
Na adolescência e na vida adulta, a falta de motivação para tomar banho pode estar relacionada a questões mais complexas, incluindo problemas de saúde mental. Em adolescentes, o banho pode perder a prioridade para outras atividades vistas como mais relevantes ou interessantes.
Entre os adultos, condições como a depressão influenciam negativamente a disposição para realizar tarefas diárias, tornando atividades básicas, como tomar banho, desafiadoras e cansativas (Stewart et al., 2022). Nesses casos, é importante observar sinais persistentes para buscar apoio adequado. O isolamento social, alterações no sono e na alimentação também podem ser indícios, reforçando a necessidade de atenção integral à saúde mental.
Como o estresse e a ansiedade afetam a rotina de higiene
O estresse elevado e a exaustão emocional podem dificultar a manutenção de hábitos de higiene, incluindo o banho. Sentir-se sobrecarregado faz com que tarefas simples sejam percebidas como grandes esforços, especialmente quando há problemas emocionais envolvidos.
A seguir, veja alguns fatores do dia a dia que contribuem para a negligência da higiene durante períodos de estresse:
- Cansaço físico e mental excessivo
- Rotina intensa e falta de tempo
- Ansiedade frequente e sensação de esgotamento
- Dificuldades de organização no cotidiano

O que é ablutofobia e como ela pode impactar a vida
Em situações mais extremas, a ablutofobia, um medo intenso e irracional de banhos ou qualquer forma de limpeza corporal, pode se manifestar já na infância ou persistir na vida adulta. Essas pessoas elaboram estratégias variadas para evitar o banho, prejudicando a própria saúde, a convivência social e até mesmo a vida profissional.
Caso não seja identificada e tratada, a ablutofobia tende a causar isolamento e prejudicar a autoestima. Por isso, é fundamental buscar compreensão e apoio especializado para superar esse quadro. Em alguns casos, a fobia está relacionada a experiências traumáticas, exigindo tratamento terapêutico específico, como a terapia cognitivo-comportamental, para promover uma reabilitação gradual.
Como é possível enfrentar a dificuldade de tomar banho
Entender as razões por trás da evitação do banho é um primeiro passo para lidar com o problema de maneira eficaz. No caso das crianças, criar momentos agradáveis, com brincadeiras e tranquilidade, pode transformar a resistência em aceitação.
Para adolescentes e adultos, é essencial investigar a possibilidade de transtornos emocionais, como depressão ou ansiedade, e não hesitar em procurar orientação psicológica. Se houver suspeita de ablutofobia, a intervenção de um profissional qualificado é indispensável para recuperar a qualidade de vida. Em todos os casos, a empatia e o apoio dos familiares e amigos são essenciais para enfrentar essa dificuldade e incentivar a retomada de hábitos saudáveis.
Referências bibliográficas
- STEWART, V. et al. Practitioners’ experiences of deteriorating personal hygiene standards in people living with depression in Australia: A qualitative study. Health & Social Care in the Community, v. 30, n. 4, p. 1206-1214, 2022.









