Quase todo mundo já segurou uma moeda e sentiu aquelas ranhuras na borda, mas raramente alguém para para pensar no motivo. O detalhe parece apenas estético ou parte do acabamento moderno, mas nasceu de um problema bem antigo. As ranhuras surgiram como uma solução engenhosa para combater fraudes quando dinheiro ainda era feito de metal precioso.
Quando as moedas valiam exatamente o peso do metal
Durante séculos, moedas eram feitas de ouro ou prata, e seu valor dependia diretamente da quantidade de metal que continham. Uma moeda mais pesada valia mais; uma mais leve, menos.
Isso criou um problema óbvio. Bastava retirar pequenas lascas da borda de várias moedas para acumular metal precioso sem levantar suspeita imediata. Visualmente, a moeda continuava parecendo inteira, mas já não tinha o peso correto.

A prática de “ralar” moedas e o prejuízo invisível
Golpistas passaram a raspar discretamente as bordas das moedas. O processo era lento, mas eficiente. Uma raspagem quase imperceptível em cada moeda rendia ouro ou prata suficientes para lucro ilícito.
O resultado era um dinheiro que circulava aparentemente normal, mas que, no conjunto, causava prejuízo ao sistema econômico. As moedas iam ficando cada vez mais leves, sem que fosse fácil perceber o motivo.
As ranhuras como solução contra fraudes
Foi aí que surgiram as ranhuras na borda, também chamadas de serrilha. Com elas, qualquer tentativa de raspar a moeda ficava imediatamente visível. Bastava olhar a borda para notar irregularidades.
Se a serrilha estivesse falhada ou lisa demais, era sinal de fraude. As ranhuras funcionavam como uma espécie de lacre físico, simples e eficiente, que ajudava a proteger o valor real da moeda.

Por que as ranhuras continuam existindo até hoje?
Mesmo com o fim das moedas de ouro e prata no uso cotidiano, o detalhe permaneceu. Hoje, as ranhuras ajudam na identificação tátil, facilitam o manuseio e mantêm uma tradição histórica no design do dinheiro.
Além disso, elas continuam sendo um lembrete silencioso de que o dinheiro sempre precisou de mecanismos de segurança, mesmo antes da tecnologia moderna, como fala Fercavs em seu TikTok:
Assim, aquelas pequenas linhas na borda das moedas carregam uma história de engenhosidade e desconfiança. Um detalhe discreto criado para impedir golpes que atravessou séculos e ainda circula, quieto, na palma da nossa mão.










