Em muitos contextos do dia a dia, determinadas palavras em português causam estranhamento visual ou sonoro, mesmo quando estão grafadas de forma correta. Termos como recorde, cônjuge e rubrica geram dúvidas frequentes, sobretudo porque o uso popular muitas vezes se distancia da pronúncia recomendada por referências como a Academia Brasileira de Letras (ABL) e o Portal da Língua Portuguesa, mostrando como o hábito pode se afastar da norma culta.
Por que a palavra recorde parece errada para tanta gente
A palavra recorde, muito usada em esportes e economia, costuma ser pronunciada como “recórde”, por analogia ao inglês record. No entanto, a pronúncia preferencial indicada por dicionários de prestígio é “récorde”, com tonicidade na primeira sílaba, em consonância com o padrão de substantivos paroxítonos em português.
O estranhamento vem da influência de outras línguas e da circulação intensa da forma estrangeira na mídia. Assim, a versão adaptada ao português pode soar “errada”, embora seja justamente a forma legitimada por gramáticas e pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP); em contextos formais, recomenda-se priorizar récorde.

Cônjuge e rubrica estão certas assim mesmo na norma culta
No caso de cônjuge, a dúvida surge tanto na escrita quanto na pronúncia, já que muitos estranham o acento circunflexo e o som de “j”. Segundo a ABL, a forma correta é cônjuge, com três sílabas (côn-ju-ge) e acento na primeira, preservando traços da origem latina conjux, conjugis.
Já rubrica costuma dividir opiniões, pois muitos dizem “rubríca”, com ênfase na penúltima sílaba. Contudo, os dicionários de referência registram como pronúncia preferencial “rúbrica” (rú-bri-ca), ligada ao latim rubrica e à ideia de “vermelho”, o que explica a tonicidade inicial recomendada pela norma padrão.
Como saber qual pronúncia seguir em casos duvidosos
Quando uma palavra parece “esquisita”, a consulta a fontes de prestígio, como a ABL, o Portal da Língua Portuguesa e gramáticas reconhecidas, esclarece tanto a grafia quanto a pronúncia. Em situações formais, como textos acadêmicos e jurídicos, é indicado seguir a forma registrada nessas obras, evitando improvisos baseados apenas na fala cotidiana.
Uma estratégia prática é recorrer a dicionários que oferecem pronúncia sonora, permitindo ouvir a palavra em contexto. Ferramentas digitais com áudios gravados por locutores ajudam a fixar a forma recomendada e a perceber diferenças sutis entre a fala coloquial e a pronúncia orientada pelas principais instituições linguísticas.
Quais são exemplos de palavras estranhas mas corretas
Além de recorde, cônjuge e rubrica, existem outros vocábulos que frequentemente causam dúvida, embora estejam corretos segundo a ABL e o Portal da Língua Portuguesa. Nesses casos, o “estranho” costuma ser justamente o que está alinhado com a norma culta e com o uso formal recomendado.
Algumas dessas palavras aparecem acompanhadas de registro sonoro em dicionários eletrônicos, funcionando como um verdadeiro dicionário sonoro. A lista a seguir reúne exemplos recorrentes de termos que podem soar “errados”, mas estão plenamente corretos:
- Recorde – pronúncia preferencial: récorde
- Cônjuge – pronúncia: côn-ju-ge
- Rubrica – pronúncia preferencial: rúbrica
- Gratuito – registros aceitam gra-tu-í-to e gra-tui-to
- Órfã – forma feminina de “órfão”, mantendo a tonicidade inicial
- Beneficente – com som de “ce” suave, não “benEficente”
- Amígdala – distinta de “amêndoa”, embora relacionadas etimologicamente
Para aprofundar no tema, trouxemos o vídeo do Professor Paulinho Kuririn:
@profpaulinhokuririn ♬ som original – ProfPaulinhoKuririn
Quando o uso pode conviver com a norma culta
Em vários casos, a tradição de uso acaba registrada ao lado da forma preferencial, e a própria ABL admite variantes de pronúncia quando há forte vitalidade na fala cotidiana. Isso não significa que todas as variações sejam aceitas, mas mostra que a língua acompanha a prática social, atualizando o registro sem abandonar o padrão.
Para quem busca escrever e falar em conformidade com a norma culta, algumas ações ajudam a reduzir o estranhamento inicial e a consolidar hábitos mais seguros. Seguir um pequeno roteiro de consulta e prática facilita a adoção de formas como “récorde”, “cônjuge” e “rúbrica” em contextos formais:
- Consultar o VOLP e dicionários com registro de pronúncia.
- Ouvir a forma sonora em dicionários digitais sempre que houver dúvida.
- Comparar o uso cotidiano com o que aparece em gramáticas e portais oficiais.
- Adotar, em contextos formais, a variante indicada como preferencial pelas instituições de referência.









