Durante um resfriado ou uma gripe, muitas pessoas percebem que a voz muda, fica mais rouca, anasalada ou fraca. Essa alteração está diretamente ligada à resposta do organismo à infecção, principalmente à inflamação das cordas vocais e ao acúmulo de muco ao longo das vias aéreas, tornando a fala mais cansativa e menos eficiente, como explicou a pesquisa da Cleveland Clinic.
Por que a inflamação das cordas vocais muda a voz
As cordas vocais, também chamadas de pregas vocais, são duas faixas de tecido que se abrem para a passagem de ar e se aproximam para produzir som. Quando um vírus ou bactéria atinge a região da garganta, ocorre inflamação das cordas vocais, que incham, ficam mais espessas e menos flexíveis, alterando o padrão natural de vibração.
Com o edema, as pregas passam a vibrar de maneira diferente, produzindo um som mais grave, áspero ou rouco, às vezes com voz “soprada”. Falar exige mais esforço e pode causar dor ou desconforto, e até o sussurro prolongado sobrecarrega a musculatura da laringe, piorando a fadiga vocal e prolongando a alteração da voz.
Para aprofundarmos no tema, trouxemos o vídeo da Otorrinolaringologista Pauline Michelin:
@paulineotorrino Por que a voz muda quando seu nariz está trancado #nariztrancado #narizentupido #aprendanotiktok #congestionnasal #congestaonasal #obstrucaonasal #gripe #rinite #sinusite #resfriado #voz #vozanasalada ♬ som original – Pauline Michelin | Otorrino
Como o acúmulo de muco interfere na voz gripada
Na gripe, o organismo aumenta a produção de muco para capturar vírus, bactérias e partículas irritantes. Esse muco pode se acumular no nariz, seios da face, garganta e região próxima às pregas vocais, alterando a passagem de ar e a ressonância do som, o que muda timbre e clareza vocal.
Quando o muco se concentra no nariz e seios paranasais, a voz fica mais anasalada, como se a pessoa estivesse “falando pelo nariz entupido”. Já o muco na faringe e laringe cria uma camada espessa que interfere na vibração das cordas vocais, levando a som mais opaco, irregular e a pigarros frequentes, que aumentam ainda mais a irritação local.
Como a gripe afeta toda a engrenagem da produção da voz
A voz diferente na gripe resulta da combinação de inflamação, secreção, respiração alterada e esforço muscular extra. A produção vocal envolve o ar que sai dos pulmões, a vibração das cordas vocais e a ressonância nas cavidades da cabeça e do pescoço, e a gripe interfere em todas essas etapas ao mesmo tempo.
Quando esses elementos estão comprometidos, surgem vários sinais típicos de disfunção vocal durante a infecção. Entre as alterações mais comuns, observam-se:
- Rouquidão ou aspereza na voz.
- Redução do alcance vocal, principalmente para notas agudas.
- Cansaço ao falar por períodos curtos.
- Sensação constante de “bolo” ou secreção na garganta.

Como cuidar da voz durante a gripe de forma prática
Embora a mudança na voz gripada seja, em geral, temporária, alguns cuidados favorecem a recuperação das cordas vocais e reduzem o desconforto. O primeiro é o repouso vocal relativo, ou seja, falar menos, em tom moderado, evitando gritos, sussurros prolongados e ambientes barulhentos que exijam esforço extra para se fazer ouvir.
A hidratação adequada é essencial: ingerir água ao longo do dia deixa o muco menos espesso, facilitando sua eliminação. Além disso, é importante ajustar o ambiente e a rotina para proteger a laringe:
- Usar umidificadores ou bacias de água em ambientes muito secos.
- Evitar pigarrear com frequência e substituir por pequenos goles de água.
- Não fumar nem permanecer em locais com fumaça ou poeira intensa.
- Evitar bebidas muito geladas ou muito quentes em excesso e não forçar a voz quando ela está falhando.
Quando a alteração de voz na gripe merece maior atenção
Em gripes comuns, a voz costuma retornar ao padrão habitual após alguns dias, conforme a inflamação e o acúmulo de muco diminuem. Porém, quando a rouquidão persiste por mais de duas a três semanas, mesmo após melhora dos demais sintomas, é recomendável procurar um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo para avaliação detalhada.
Essa investigação ajuda a descartar outros quadros que afetam as cordas vocais, como nódulos, pólipos, refluxo gastroesofágico ou uso inadequado da voz no dia a dia. Em alguns casos, pode ser necessária reeducação vocal ou tratamento específico para preservar a saúde da laringe e evitar que uma alteração inicialmente passageira se torne um problema crônico.








