Em dias de calor intenso, é comum algumas pessoas relatarem tontura, fraqueza e sensação de que tudo está girando. Essa resposta do corpo não aparece por acaso: ela está diretamente ligada à forma como o organismo tenta se adaptar às altas temperaturas para manter a temperatura interna estável, processo que envolve o sistema circulatório, a pressão arterial, a perda de líquidos e, em casos extremos, até riscos de desidratação severa e exaustão pelo calor.
Por que o calor pode causar tontura no dia a dia
A principal palavra-chave para entender esse fenômeno é a vasodilatação. Em ambientes quentes, os vasos sanguíneos, sobretudo os da pele, se dilatam para facilitar a liberação de calor, fazendo com que uma parte maior do sangue circule na superfície do corpo e ajude na troca de calor com o meio externo, como explica a pesquisa “Cardiovascular function in the heat-stressed human”.
Esse aumento do calibre dos vasos tem efeito direto na pressão arterial. Com os vasos mais largos, a pressão do sangue nas paredes vasculares tende a diminuir, o que em algumas pessoas é bem tolerado, mas em outras pode causar tontura, visão embaçada, fraqueza ou até desmaio, principalmente ao ficar muito tempo em pé ou levantar-se rapidamente.
Para aprofundarmos no tema, trouxemos o vídeo do Dr. Julio Luchmann:
@julioluchmann Link da loja na minha bio #calor #tontura #magnesio #sal ♬ som original – Júlio luchmann
Como a vasodilatação e a perda de líquidos favorecem a queda de pressão
Além da vasodilatação, o calor estimula uma sudorese intensa. Ao suar, o corpo perde água e sais minerais importantes, como sódio e potássio, e se essa perda não é compensada com hidratação adequada, o volume de sangue em circulação diminui, reduzindo ainda mais a pressão arterial e o fluxo de sangue ao cérebro.
Essa combinação de vasodilatação periférica e menor volume sanguíneo favorece quadros típicos de hipotensão relacionada ao calor. Algumas condições podem tornar esse quadro mais frequente, como uso de medicamentos, doenças cardiovasculares prévias e idade avançada, que dificultam a adaptação circulatória.
Quais fatores aumentam o risco de tontura e mal-estar no calor
Alguns grupos de pessoas e determinadas situações tornam o organismo mais vulnerável ao estresse térmico e à queda de pressão em dias quentes. Nesses casos, a atenção deve ser redobrada para evitar evolução para exaustão pelo calor ou até um golpe de calor, que é uma emergência médica.
- Uso de medicamentos que baixam a pressão, como anti-hipertensivos e diuréticos;
- Doenças cardiovasculares prévias e histórico de desmaios;
- Idade avançada, quando a adaptação circulatória costuma ser mais lenta;
- Jejum prolongado ou alimentação insuficiente durante o calor;
- Consumo de bebidas alcoólicas, que favorecem desidratação;
- Ambientes muito quentes, fechados e sem ventilação, que exigem maior esforço do organismo.
Quais cuidados ajudam a evitar mal-estar em dias quentes
A prevenção da tontura causada pelo calor passa por atitudes simples, mantidas ao longo do dia, especialmente em períodos de ondas de calor e altas temperaturas prolongadas. O objetivo é ajudar o corpo a lidar melhor com a vasodilatação e reduzir a queda de pressão e de líquidos, protegendo o sistema cardiovascular.
Algumas estratégias práticas podem reduzir bastante o risco de tontura, desmaios e outros sintomas relacionados ao calor intenso. Entre as medidas mais recomendadas, destacam-se a hidratação regular, o controle da exposição ao sol e o cuidado com roupas, postura e alimentação em climas muito quentes.
Quais atitudes práticas ajudam a prevenir tonturas no calor
Esses cuidados são úteis tanto para quem já tem pressão baixa ou doenças crônicas quanto para pessoas saudáveis que desejam atravessar dias muito quentes com maior segurança. Eles ajudam a manter a pressão estável e a reduzir o impacto da vasodilatação e da perda de líquidos no organismo.
- Hidratar-se com regularidade
Beber água ao longo do dia, mesmo sem sede, ajuda a manter o volume de sangue adequado e compensa as perdas pelo suor. Em situações de calor extremo ou atividade física, podem ser úteis bebidas com eletrólitos para repor sais minerais. - Evitar exposição prolongada ao sol forte
Permanecer em locais sombreados, frescos e ventilados reduz a necessidade de vasodilatação intensa. Horários de maior calor, geralmente entre 10h e 16h, pedem atenção redobrada e, se possível, redução de esforço físico. - Usar roupas leves e arejadas
Tecidos finos, claros e que permitam a transpiração facilitam a troca de calor com o ambiente e diminuem o esforço do organismo para resfriar o corpo, ajudando a prevenir hipertermia. - Levantar-se de forma gradual
Ao passar deitado ou sentado para a posição em pé, o ideal é fazer isso devagar, dando tempo para o corpo ajustar a pressão. Esse cuidado é especialmente importante para quem já tem histórico de hipotensão postural. - Fracionar a alimentação
Refeições muito pesadas podem deixar o sistema circulatório mais “ocupado” com o trato digestivo. Comer em porções menores e em intervalos regulares ajuda a manter estabilidade da pressão e da glicemia. - Evitar álcool em excesso
O álcool contribui para desidratação e pode potencializar a queda de pressão em dias quentes, aumentando a chance de tontura, náuseas e mal-estar geral. - Descansar em ambientes frescos
Em caso de tontura, o recomendado é sentar ou deitar, preferencialmente com as pernas ligeiramente elevadas, em local ventilado, até que os sintomas diminuam. Se houver desmaio, confusão mental ou febre alta, é importante buscar avaliação médica.
Em pessoas com doenças crônicas, como problemas cardíacos, pressão baixa frequente ou uso contínuo de medicamentos, o acompanhamento médico é importante para ajustar condutas durante períodos de calor intenso. Observar sinais como tontura, batimentos acelerados, náuseas ou desmaios ajuda a identificar quando pode ser necessária avaliação profissional mais rápida.
